Na noite desta segunda-feira (25.3) o público pôde conferir, no Museu da Imagem e do Som (MIS), um longa-metragem que aborda com muita sensibilidade um tema pesado, que é o desemprego na terceira idade. “Pela Janela”, da diretora Caroline Leone, foi selecionado pela curadoria do Cineclube Marginália, e trouxe a premiada atriz Magali Biff como a protagonista Rosália. Com uma atuação minimalista e sutil, Magali Biff consegue, na pele da operária de 65 anos, Rosália, transmitir toda a tristeza ao perder o emprego ao qual dedicou sua vida, uma fábrica de reatores na periferia de São Paulo. “Este filme marca o retorno do operário ao cinema brasileiro. Trata o tema do desemprego na terceira idade com uma abordagem muito sutil, muito delicada. É muito impressionante a atuação da Magali pelo minimalismo nos gestos, expressões, é tudo muito sutil. Ela consegue transmitir a tristeza através do pouco, sem sensacionalismo”, diz Patrick Adam, mestrando em Ciências Sociais na UFMS e um dos colaboradores do Cineclube.
Patrick explica que o longa tem um discurso político muito poderoso, do Brasil de 2019 e da Argentina também de 2019. “A gente pensa em Reforma da Previdência, como essas fronteiras acabam sendo eliminadas entre os dois países porque a precariedade que existe hoje aqui é a mesma que existe lá”.
O casal Felipe Zottos, formado em Filosofia na UFMS e motorista de aplicativo, e Maria Eduarda Rodrigues, formada em Ciências Sociais na UFMS, gostaram muito do filme porque ele “dialoga com a modernidade”. “É um filme bem forte, me fez pensar em várias coisas, despertou várias emoções, medo do desconhecido. Gosto dessa estética mais sombria, com poucos diálogos”, diz Felipe. O casal é amigo dos colaboradores do Cineclube e disse que não assistia a filmes brasileiros já faz um tempo. “Aqui o MIS fica numa área central, é fácil de vir, e é gratuito”, diz.
DMesmo cansado, o professor de português Daniel Amorin fez questão de comparecer. “Trabalhei o dia todo, estou cansado, mas estou aqui, porque o filme de hoje é bom. Eu vim porque eu sinto falta de um cinema, tem muitas salas de cinema em Campo Grande mas todas elas passam a mesma coisa. O filme que eu quero ver não está no cinema. Gosto de filmes com o ritmo mais lento, que eu tenho tempo para ver as cenas, é mais gostoso de ver”.
O Cineclube Marginália é remanescente do antigo Cinema de Horror, vinculado ao curso de Letras da UFMS. Mudou seu nome para Cineclube Guarani em 2016 e, depois de votação entre seus membros, utiliza a denominação Marginália. Formado por ativistas de movimentos sociais campo-grandenses, artistas e estudantes universitários, o Cineclube Marginália tem por objetivo descentralizar o acesso à arte e à informação e levar sessões gratuitas de filmes e debates ao MIS.
“A gente recebeu o convite para exibir aqui no Museu, achamos importante o Cineclube participar aqui, porque é uma forma de democratização desses filmes, de trazê-los ao público”, diz Marcos Rony, estudante de Artes Visuais da UFMS e um dos colaboradores do projeto.
Depois da exibição, foi realizado um bate-papo intimista entre os colaboradores do Cineclube Marginália, Patrick Adam, Marcos Rony e Paulo Augusto (Artes Cênicas/UEMS). As exibições do Cineclube acontecem uma vez por mês, sempre na última segunda-feira do mês. A entrada é franca.
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