Comitê para integrar ações de segurança nas escolas é proposto em Audiência

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A necessidade de unir ações para garantir mais segurança nas escolas foi um dos pontos destacados em Audiência Pública na Câmara Municipal na manhã desta sexta-feira. No debate, proposto pelo vereador Fritz, da Comissão Permanente de Juventude da Casa de Leis, também foram feitos encaminhamentos de propostas para melhorar infraestrutura nos colégios, implantação do videomonitoramento, além da criação de comitê para promover novas reuniões de trabalho e articular os projetos das secretarias de educação e área da segurança. 

Representantes das secretarias municipal e estadual de Educação, sindicatos dos professores, administrativos da educação, Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social,  Sindicato dos Guardas Municipais e também da Segurança Patrimonial participaram do debate nesta manhã, apresentando seus projetos, trabalhos e reivindicações.   

O vereador Fritz ressaltou a importância dessa integração nas ações. “Temos cada ator fazendo seu papel no que toca a segurança, mas ficou claro que não conversamos. Temos ações distintas, focos diferentes. Acredito que esse grande nó vamos desatar com essa audiência”, disse. 

Essa lista de encaminhamentos contempla a necessidade de articulação entre serviços de Segurança Patrimonial e Guarda Municipal, além de reforçar a participação desses profissionais nas atividades escolares. A melhoria da iluminação pública, altura dos muros, manutenção de portas e janelas, limpeza de terrenos no entorno das escolas e aumento das rondas escolares também foram ressaltadas. Com a criação de comitê, por meio de comissões da Câmara, o debate sobre essas necessidades será ampliado.  

Tanto o representante do sindicato dos Guardas Municipais como dos Seguranças Patrimoniais enfatizaram a importância de trabalho conjunto. “É preciso um protocolo entre as forças de segurança para ter eficácia no trabalho”, disse Hudson Bonfim, que falou em nome dos guardas. “Precisamos ampliar ainda a cooperação e parceria com os próprios servidores da escola para juntos, com as informações, termos subsídio para combater a violência”, reforçou Geraldo Celestino, dos seguranças patrimoniais. 

Mais sugestões 

O vereador Odilon de Oliveira avalia a necessidade de um mapeamento nas escolas sobre os casos de violência, além de destacar a importância do videomonitoramento. “Como relator da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), vamos analisar como empenhar recursos para videomonitoramento e auxiliar a Guarda. Agora, tratam-se apenas das diretrizes, mas passamos por elas para, posteriormente, analisarmos o orçamento”, disse. 

O presidente do Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação (ACP), Lucilio Nobre, também apresentou sugestões. “A formação continuada é importante, pois todo aparato da educação tem que saber cuidar e a melhor forma de agir. Em casos de indisciplina, pais são avisados, tem equipe multidisciplinar da Secretaria quando aluno está com problema, que encaminha para o tratamento. A escola não ensina violência. Acredito que não tem heróis, mas temos que juntar forças”, afirmou. Ele sugeriu que o Município passe a ter Grêmio estudantil e Conselho Escolar, segmento com pais, alunos, administrativos e professores.

A vereadora Enfermeira Cida Amaral reforçou o papel dos Grêmios Estudantis “onde aluno se vê parte e busca melhorias para a escola. Precisamos pensar em estratégias”, disse. Ela lembrou ainda que é preciso agir como uma rede “em que a família é o grande elo”. 

Família e escola

O vereador Dr. Cury comentou sobre a importância de resgate de valores nas famílias, citando sua experiência de 43 anos como médico especializado no atendimento de crianças e adolescentes. “Hoje vemos outro tipo de família, diferente daquela de anos atrás, mais desorganizada, desestruturada e sem responsabilidade. A responsabilidade da educação, ética e disciplina tem sido passada para a escola”, afirmou. Ele ressaltou ainda a importância de reforçar a autoridade do professor em sala de aula. “Acho que precisamos de novas políticas e nova responsabilização, com os pais chamados e, eventualmente, punidos. Se isso não vier de dentro de casa, não tem como equacionarmos”, afirmou.

Representando a Polícia Militar, o tenente-coronel Luiz Antônio também reforçou que a segurança não atua de forma isolada. Lembrou algumas ações relacionadas a trabalhos de prevenção dos alunos, por meio de projetos desenvolvidos pela PM. “Temos que prevenir para que eventos como Realengo e Suzano não aconteçam no nosso Estado, mas também precisamos estar preparados. Por isso, estamos criando protocolos de resposta imediata, pegando experiências de outros estados e países, inclusive analisando dados estatísticos de estudos feitos pelo FBI”, disse.

A técnica da Superintendência de Gestão e Normas da Secretaria Municipal de Educação, Mônica Cristina Silvano, falou do trabalho amplo que vem sendo feito para educação, prevenção e diálogo com as famílias. A Semed já conta com a integração e apoio da Guarda nos casos de violência detectados e também atuam falando sobre a responsabilização. “Temos vários núcleos na Secretaria, com programas para combater a violência, núcleo de valorização da vida para combate ao suicídio e automutilação. Buscamos responder de forma imediata para prevenir violência, desde as Emeis”, disse. 

Na Secretaria Estadual de Educação foram elaborados manuais de orientação nas escolas, para a melhor forma de detectar e auxiliar aluno com problemas com o bullying, casos de autolesão, para dar suporte e fazer encaminhamentos. “A educação é trabalhada na promoção e prevenção, com rodas de conversa. É importante diretores conhecerem delegados, conselho tutelar. Nosso papel é educativo e não punitivo. É preciso acreditar no jovem, entender o que está acontecendo”, afirmou Paola Nogueira Lopes, gestora da Coordenadoria de Psicologia Educacional da Secretaria de Educação de Mato Grosso do Sul.

Estrutura 

Em Campo Grande, são 95 escolas municipais e 102 Emeis (Escolas Municipais de Educação Infantil), antigo Ceinfs. Hoje atuam na Capital 1.146 guardas, mas ano passado eram 1.480. Hoje, metade desse efetivo está nos postos de saúde ou nas unidades educacionais. Diante da defasagem, o prefeito Marquinhos Trad já autorizou realização de concurso para preenchimento de 350 vagas.   

Os dados foram apresentados pelo secretário especial de Segurança e Defesa Social, Valério Azambuja. Ele mostrou os trabalhos desenvolvidos, tanto em projetos para prevenção ao uso de drogas e combate ao bullying. Citou ainda o  Projeto Escola Segura, que já tem lei autorizativa da Câmara para implantação de videomonitoramento. “Precisamos de recursos. Hoje, priorizamos horários de entrada e saída, pois quando tem equipe ali o traficante não vai cometer crime”, afirmou. O monitoramento por câmeras já estão sendo feito em duas escolas, mas há necessidade de R$ 5 milhões para esse investimento completo. Valério Azambuja elencou itens que podem melhorar a segurança, a exemplo da iluminação pública no entorno. “A segurança vai além da viatura ou de ter dez guardas na escola. Ela passa por várias ações complementares”, ressaltou.

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