Artesanatos feitos em presídio são comercializados na Exporã

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A arte aliada à dignidade do trabalho como um meio de atingir a tão sonhada reinserção social de detentos. Com essa proposta, artesanatos confeccionados na Unidade Penal “Ricardo Brandão” estão expostos para comercialização na 45ª Exporã, que acontece até domingo (24.3), no Parque de Exposições “Alcindo Pereira”, em Ponta Porã. A iniciativa é uma parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e a Fundação Municipal de Esporte e Cultura (Funcesp).

A exposição das peças faz parte do projeto “Dignizar”, que visa demonstrar à comunidade da região trabalhos desenvolvidos por internos nas oficinas dentro do presídio masculino de regime fechado da cidade.  A ação tem como foco a ressocialização do custodiado, por meio da sua valorização, educação e formação profissional, além da ocupação laboral.

Servidores penitenciário são voluntários na ação.

De acordo com o diretor da unidade penal, Carlos Eduardo Lhopi Jardim, essa é a primeira vez que os produtos são apresentados ao público em geral e a experiência servirá como um projeto piloto para que os artesanatos também sejam expostos em outras feiras. “A ideia é que seja um trabalho permanente de exposição, que possa envolver outros eventos e espaços da cidade”, explica. ”Assim, além de dar visibilidade ao trabalho, as peças poderão ser comercializadas, garantindo retorno financeiro aos artesãos. É importante que sociedade conheça e, se possível, adquira estes artesanatos”, complementa.

O estande está localizado no primeiro pavilhão, próximo ao parque de diversões, sob a responsabilidade de servidores penitenciários voluntários. “É resultado de todo um trabalho em equipe, desde o agente de segurança que cuida para que as oficinas laborais aconteçam à equipe de serviço psicossocial e do administrativo, estão todos os envolvidos”, agradece o dirigente, citando que até a arte e o nome do projeto foram desenvolvidos por um enfermeiro que presta serviço na unidade.

O artesanato é uma das várias frentes de trabalho desenvolvidas, que contribuem para a disciplina dos internos, ao mesmo tempo em que possibilita novas perspectivas para quando estiverem em liberdade, reduzindo os índices de reincidência criminal e refletindo em benefícios para toda a sociedade. Atualmente, são 14 oficinas, entre olaria, marcenaria, fábrica de vassouras, costura, etc, que oferecem ocupação laboral a 168 reeducandos.

“Nosso foco é possibilitar ocupação produtiva aos nossos custodiados, como exemplo disso, são os internos que estão trabalhando na reestruturação da fachada da nossa unidade, atuaram na construção de novas celas, também trabalham na reforma da delegacia e está programado para realizarem obras no batalhão da Polícia Militar da cidade”, informa Jardim. “O presídio não é um local para apenas cumprimento de pena de restrição da liberdade, é também um espaço em que trabalhamos a transformação dessas pessoas, e, com isso, interrompemos esse ciclo da violência e do crime”.

Ao todo, 106 peças, como esculturas, móveis em madeira e artesanato em crochê, estão sendo expostos para venda no stand do estabelecimento prisional, fruto do trabalho de 33 reeducandos envolvidos no projeto Dignizar.

Para o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, a  realização do projeto “Dignizar” e a participação na Exporã e demonstram a “responsabilidade e o amor ao trabalho exercido pela direção e equipe de agentes penitenciários da UPRB”.