A Prefeitura de Campo Grande lançou nesta terça-feira (5) a campanha “Meu Bairro Limpo – Todos em Ação contra a Dengue”. A ação intersetorial tem previsão de percorrer as sete regiões urbanas e distritos do município, ao longo dos próximos meses, em um esforço conjunto para combater o mosquito Aedes aegypti, que além da dengue, é transmissor da zika e chikungunya.
A prefeita Adriane Lopes enfatizou a importância da união de esforços na prevenção e combate à dengue, diante do possível aumento no número de casos e internações provocados pela doença. Ela lembra que, apesar de Campo Grande apresentar índices inferiores a outras capitais e municípios do país que já decretaram situação de emergência em razão do elevado número de notificações, é preciso reforçar o alerta e redobrar os cuidados.
“Estamos imbuídos em mais esse desafio de evitar que a nossa cidade sofra com essa doença. E para isso, determinamos que todas as secretarias estejam envolvidas neste trabalho. É o momento de união de esforços em prol de um bem comum que é a saúde da população. E iremos atuar de maneira conjunta no combate desta doença. Por isso conclamo a toda a população que estejamos juntos, todos em ação contra a dengue”, destaca.
A primeira etapa será realizada na Região Urbana do Anhanduizinho, onde os trabalhos estarão concentrados pelos próximos 10 dias. Além das visitas domiciliares e inspeção de terrenos, estão sendo disponibilizados dois pontos de descarte para que os moradores possam fazer o despejo de materiais inservíveis, que serão posteriormente recolhidos. A ação conta também com apoio de drones, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur), que são utilizados para mapear terrenos e possíveis focos em locais de difícil acesso.
A secretária municipal de Saúde, Rosana Leite de Melo, explica que a região foi escolhida para receber a primeira etapa por apresentar um número elevado de bairros com alta incidência de dengue, no entanto, todas as regiões serão contempladas.
“É um trabalho preventivo que tem por objetivo contribuir na redução dos casos nesta região, mas nós pretendemos atender todas as demais localidades do nosso município seguindo o cronograma previamente estabelecido. As equipes da Sesau estarão todas mobilizadas, juntamente com as demais secretarias e instituições parceiras, para garantir que a gente possa vencer mais essa batalha contra o mosquito. Mas é importante lembrar que a participação da população é fundamental. Mais de 75% dos focos ainda são encontrados dentro das residências. Desta forma, cada um precisa ter consciência e fazer a sua parte”, diz.
Conforme o coordenador da Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais (CCEV), Vagner Ricardo Santos, nos pontos de descarte os moradores poderão deixar materiais de grande volume, como móveis inutilizados, carcaça de eletrodomésticos e eletrônicos, pneus e outros objetos que possam acumular água. Não é permitido o descarte de entulhos, restos de materiais de construção e podas de árvores.
“O objetivo é oportunizar que o morador faça o descarte adequado destes tipos de materiais, que muitas vezes está armazenado no fundo do quintal sendo passível de acumular água e servir de criadouro para o mosquito”, disse o coordenador do CCEV. O recolhimento dos materiais conta com o apoio da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep).
Locais:
Rua Tumbergia, entre as ruas Prímula e Gerbera – Aero Rancho
Rua Francisco Águiar Pimenta, entre as ruas Júlia Pereira de Souza e Waldemar Writh – Jardim Monumento
Moradora do Bairro Alves Pereira, a merendeira Márcia Machado Flores, 48 anos, diz que já pegou dengue por duas vezes e que, hoje, sabe a importância de fazer a sua parte para evitar a proliferação do mosquito. “Em casa, depois que eu peguei dengue, nunca mais deixei de cuidar do quintal. Mas a gente sabe que todo mundo tem que colaborar. Se o vizinho também não cuidar, não adianta nada. Por isso todo mundo precisa colaborar. Não adianta também só a Prefeitura ir nas casas. É preciso consciência”, disse.
Ações permanentes
Desde novembro do ano passado, as equipes da Sesau vêm intensificando as medidas de prevenção e controle do vetor da dengue, previstas no Plano de Contingência Municipal, que estabelece metas para conter uma possível epidemia de arboviroses, além de estabelecer diretrizes quanto à assistência e organização de fluxo. As diretrizes foram publicadas no último mês, prevendo estratégias a serem executadas até 2025 para evitar o aumento no número de casos.
A Sesau também tem reforçado as ações educativas e de mobilização social nas sete regiões urbanas, distritos e assentamentos (Zona Rural) de Campo Grande, para orientar a população sobre as medidas para a prevenção às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Tais iniciativas também são reforçadas na Atenção Primária, por meio das unidades básicas e de saúde da família, e nas escolas em período letivo.
Casos
Do dia 1º de janeiro a 28 de fevereiro deste ano, foram notificados 2.310 casos de dengue em Campo Grande. Até o momento, não houve a notificação de nenhum caso de zika e apenas duas notificações por chikungunya. Em todo o ano passado a Capital registrou 17.033 notificações de dengue e seis óbitos provocados pela doença. Foram notificados, de janeiro a dezembro de 2.023, 92 casos de zika e 176 de chikungunya.
A Capital fechou o segundo semestre do ano passado apresentando redução significativa nos casos de dengue, se comparado com o período anterior. O pico da doença foi registrado em abril, com mais de 3 mil casos notificados. A partir de junho, houve redução expressiva com estabilização nos meses seguintes.
O Levantamento Rápido de Infestação do Aedes aegypti (LIRAa), realizado em janeiro deste ano, detectou três bairros com risco de infestação do mosquito, outros 42 estão em situação de alerta e em 28 a situação é considerada satisfatória. O levantamento completo está disponível para download no link: https://www.campogrande.ms.gov.br/sesau/sec-downloads/liraa-janeiro-2024/.
Em Mato Grosso do Sul, quatro cidades aparecem com alta incidência dos casos prováveis da doença, segundo boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Campo Grande é a cidade que apresenta o menor índice entre os 79 municípios de Mato Grosso do Sul. No país, municípios como Rio de Janeiro (RJ), por exemplo, já enfrentam números alarmantes da doença.