O público presente ao circuito do samba é inferior aos anos anteriores à pandemia do coronavírus, porém as escolas de samba demonstram que o carnaval de Corumbá voltou às ruas em grande estilo e brilho. A força da folia pantaneira, com o envolvimento das comunidades e carnavalescos, ficou patente no primeiro dia de desfile das escolas de samba, na sexta-feira (22), com um show de ritmos, samba no pé e muita alegria e vibração.
“Foram 26 meses de saudade e estamos retornando com um grande espetáculo, graças ao empenho das agremiações e do apoio do Governo do Estado e da prefeitura na liberação de recursos”, celebrou Victor Rafael de Almeida, presidente a Liesco (Liga Independente das Escolas de Samba de Corumbá). “Sabíamos que seria um desafio, mas todos se vacinaram, ajudando a combater a pandemia, e aqui estamos com o melhor carnaval do Centro-Oeste.”
Os corumbaenses e turistas chegaram cedo à Avenida General Rondon, a passarela do samba, onde foram instaladas as arquibancadas, áreas privativas e os camarotes, para assistir ao primeiro dia do desfile. Centenas de pessoas se concentraram também na Praça Generoso Ponce, buscando um espaço entre as estruturas para acompanhar a passagem das escolas. Em todo o circuito do samba o policiamento foi ostensivo e não foi registrada nenhuma ocorrência grave.
Entre amores e odisseia
Neste sábado, segundo e último do desfile, saem na avenida mais cinco escolas, pela ordem: Marquês de Sapucaí, Major Gama, A Pesada (campeã de 2020), Vila Mamona e Imperatriz Corumbaense. A Pesada busca o tricampeonato com o samba-enredo “Em uma história de amor, nem tudo que reluz é ouro” – uma adaptação de quatro histórias de amores trágicos (Lampião e Maria Bonita, Helena de Tróia, Romeu e Julieta e o próprio Planeta Terra, numa referência aos desastres ambientais).
Se amar me faz sofrer, eu sofro de amor/Se o amor faz doer, eu sinto essa dor/A minha paixão, já está revelada…/Te amo… Pesada”, diz a letra do enredo de autoria do carnavalesco Paulo César, da União da Ilha, entidade do Rio de Janeiro parceira da escola corumbaense. A bicampeã sairá com 1000 componentes, distribuídos em 17 alas, quatro carros alegóricos e bateria dom 100 ritmistas, tendo à frente a rainha Izaura Colombo.
Também concorrendo ao título, a Unidos da Vila Mamona, fundada em 1981, defenderá o enredo “No voo da Águia, a Vila exalta 40 anos de repletas emoções, em uma odisseia de seu colorido jubileu de rubi”, contando sua história em quatro atos e reprisando temas de outros carnavais, com exaltação à natureza, à África e seus deuses e às tribos indígenas do Pantanal . A escola terá três carros alegóricos, dois casais de mestre-sala e porta-bandeira e dez alas.
O primeiro dia do desfile apontou duas escolas na disputa pelo campeonato: Mocidade Independente da Nova Corumbá e Império do Morro. A primeira, entrou na avenida celebrando a esperança através do povo das matas, numa saudação poética a Ossain, o orixá da cura por meio s ervas sagradas. A Império exaltou a luta, glória e o empoderamento das mulheres, com o enredo: “Sou mulher, meu lugar é na Império, cantar meu samba é o que mais quer”.
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