No caminho tradicional da vida o “certo” é fazer ensino médio e começar uma faculdade, jovens com 17 anos iniciando em um curso que será sua profissão para o resto da vida e muitas vezes escolhem por ser “o que todo mundo faz” ou “meus pais queriam’, mas atualmente os acadêmicos estão deixando a idade de lado e indo em busca de realizações.
Com 25 anos, Mariana Bouchabki é advogada e acadêmica de psicologia e aos 33 anos Marlise Winckler de Oliveira é desenhista projetista e responsável técnica em uma clínica de exames toxicológicos em comum, ambas iniciaram duas graduações. A mais nova ainda está cursando a segunda e Marlise formou-se recentemente.
Marlise relata que para fugir do Direito, que o pai indicou, foi fazer faculdade de moda. Com 19 concluiu sua primeira graduação e aos 29 iniciou a segunda. “Nessa época eu já trabalhava como desenhista técnico para georreferenciamento no escritório do meu pai. Poderia ter feito agronomia e Eng. Ambiental, poderia, mas não gostei. Preferia o computador para desenhar e entregar o projeto e só. Desde pequena eu nunca soube o que queria fazer, na escola quando perguntavam eu falava alguma coisa que tinha escutado minha irmã falar, morria de vergonha, passei um bom tempo e ainda passo achando que nasci sem dom, se é que dom existe”, destaca.
Mariana começou Direito por amor, como dizem, mas a diferença na realidade da vida acadêmica e no mercado de trabalho fez ela repensar. “Há uma ideia romântica e idealizada de como era a profissão, muitas expectativas de como seria a vida prática, sem um pingo de noção da realidade de como era realmente a atuação e o mercado de trabalho”.
Sem conseguir se dedicar apenas aos novos cursos, ambas trabalharam durante a segunda graduação, mas não foi um empecilho para concluir. “Como eu trabalhei durante a faculdade inteira, a única experiência que tive foi no laboratório da faculdade e para arrumar emprego na área laboratorial precisa de no mínimo 6 meses de experiência na maioria das vezes. Minha sorte foi que sai com duas habilitações Estética e Patologia Clínica”, ressalta Marlise.
“Nesse tempo em que comecei a trabalhar como advogada, procurei buscar a minha independência total, então hoje moro sozinha, pago minhas contas, e também a faculdade. Infelizmente não posso me dedicar somente ao segundo curso, então tento conciliar as duas coisas da melhor forma possível. Não é nada fácil, mas tá dando certo!”, comemora Mariana.
Mariana deve concluir a faculdade de psicologia com 30 anos, Marlise terminou a de biomedicina ano passado, ambas ainda jovens para o mercado de trabalho e buscando se realocar em suas pretenções.
“Ouvi uma vez ‘pra quem tá perdido, qualquer caminho serve’ e eu não quero qualquer caminho então estou buscando o meu e um conselho pra quem tá perdido é: tentar, uma hora dá, só não fica parado, procura. Eu tinha zero confiança em mim, e descobri que as pessoas confiam muito mais em mim do que eu mesma, então alguma coisa dê certo eu tô fazendo”, disse Marlise.