Com o envio de 39.762 bovinos às indústrias frigoríficas por pecuaristas pantaneiros de Mato Grosso do Sul, o abate de animais classificados como orgânicos e sustentáveis bateu recorde em 2021. O volume é 12 vezes superior ao obtido em 2019, quando 3.111 animais foram abatidos, e representa o triplo em relação a 2020. Os dados são da ABPO (Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável) e apontam para uma maior adesão dos produtores rurais ao Programa Carne Sustentável do Pantanal, do Governo de MS, que diminui o ICMS para aqueles que optam por este modelo de produção no bioma. O aumento tem relação direta com o Programa Carne Sustentável do Pantanal, que garante incentivos financeiros aos produtores que investem na pecuária com sustentabilidade.
O superintendente da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Rogério Beretta, confirma que o avanço dos abates tem relação direta com o Programa Carne Sustentável do Pantanal. “Os produtores têm entendido e aderido ao programa do Governo do Estado, que oferece desconto de ICMS de 50% à produção sustentável e 67% aos orgânicos. Em 2021, a iniciativa representou cerca de R$ 120 a mais por cabeça no bolso do produtor. Essa é uma das ações que contribuem para atingirmos o status de carbono neutro nos próximos 8 anos.”, avaliou.
“Os números representam o crescente interesse do produtor pantaneiro em qualificar o seu produto e comunicar isso ao consumidor. Estamos falando de um maior volume de proteína certificada no mercado, com ênfase nas questões ambientais e sociais do Pantanal” explica o presidente da ABPO, Eduardo Cruzetta.
Para o diretor executivo do Instituto Taquari Vivo, Renato Roscoe, que apoia a estratégia de produção sustentável da ABPO, o avanço da pecuária sustentável no Pantanal representa uma oportunidade para a conservação do bioma. “Os pantaneiros desenvolveram por quase 300 anos um sistema de produção em equilíbrio com a exuberante biodiversidade do Pantanal. Valorizar esses sistemas tradicionais significa criar meios para produzir e conservar ao mesmo tempo”, afirma Roscoe. “O programa também inova ao estimular as boas práticas e a conservação ambiental nos planaltos adjacentes ao Pantanal. É sempre importante lembrar que os planaltos estão conectados com a planície e são essenciais para o ciclo hidrológico da planície alagável.”
Segundo o presidente da ABPO, é preciso valorizar pecuaristas que têm aderido ao sistema sustentável de produção em diversos biomas, a exemplo do que acontece no Pantanal de Mato Grosso do Sul. “Qualquer iniciativa que tenha por finalidade uma criação sustentável e traga dignidade aos profissionais envolvidos, dinamismo à pecuária e colabore para as questões econômicas locais merece ser valorizado e visto com outros olhos. Este é um caminho sem volta”, pontua Cruzetta. “Os maiores ganhos quanto às iniciativas sustentáveis no campo ainda estão por vir”, completa o presidente ao lembrar dos nichos de mercado internacionais e dos Pagamentos por Serviços Ambientais, praticados de forma tímida atualmente no Brasil.
Criado para contribuir com a preservação do Pantanal e melhorar a viabilidade econômica e socioambiental dos pantaneiros, o Instituto Taquari Vivo promove a articulação de iniciativas e alianças que conciliam preservação e produção no Pantanal e nos planaltos do seu entorno. Prioriza a restauração ambiental e melhoria dos sistemas pecuários, valorização de serviços ambientais e dos produtos pantaneiros. A organização tem como foco principal a Bacia do rio Taquari, mas também vem apoiando iniciativas de produção de carne sustentável no Pantanal, projetos para obtenção de créditos de carbono e de prevenção e combate a incêndios.