Sarau Remi faz alegria de comunidade indígena para celebrar Dia das Crianças

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Memorial da Cultura Indígena Enir Terena se transformou em um verdadeiro playground a céu aberto 

No sarau do Projeto Remi (Reconstrução de Memória e Identidade) a música deixou de ser protagonista para dar voz à solidariedade e a união dentro da aldeia urbana Marçal de Souza. Os idealizadores do projeto, os seis artistas da banda Projeto Kzulo, deixaram o microfone e os instrumentos musicais em segundo plano para arregaçar as mangas em inúmeras atividades que fizeram a alegria da garotada no Dia das Crianças, celebrado nesta última terça-feira (12), nas dependências do Memorial Indígena Cacique Enir Terena.

Os irmãos e músicos da banda, Kalelo e Lucas Rabelo, por exemplo, foram uns dos que tomaram a iniciativa de organizar o cachorro-quente para os pequenos, com direito àquele tempero inconfundível, materno, que abraça pelo paladar. “Nossa mãe se prontificou a nos ajudar com o molho e aceitamos. Ela manda super bem em tudo o que faz e prova disso a gente viu aqui, no tamanho da fila e na criançada que não parava de chegar”, disse Rabelo.

Enquanto a degustação rolava solta entre um menu caprichado (cachorro-quente, pipoca e algodão doce, refrigerante e sorvete), o verde do gramado abriu passagem para brinquedos (pula-pula e tobogã inflável), fazendo do espaço um verdadeiro playground a céu aberto.

“Foram quatro fins de semana de diversas atividades aqui, com aulas de teatro, música, dança e pintura indígena. Cuido desse espaço, e durante a semana a criançada vinha me perguntar se no próximo sábado ia ter mais atividades do Remi. Então, ver todo mundo reunido, hoje, é uma satisfação. Espero que tenha mais e mais atividades assim”, avalia Maria Auxiliadora Bezerra, gestora do Memorial Indígena.

E as famílias que chegavam para celebrar o Dia da Criança puderam, inclusive, conferir um pouco dos resultados das oficinas que o projeto Remi ofereceu durante os quatro fins de semana na aldeia urbana. 

Enquanto algumas pessoas aproveitavam o grafite, que estava sendo feito em um dos muros próximo ao Memorial, para fazer os costumeiros selfies, outros grupos assistiam as apresentações artísticas de crianças que participam dos cursos de dança e de arte Terena.

A exemplo da pequena Lavínia Salazar, de 9 anos, que se apresentou com o grupo de meninas da comunidade. “Na oficina de arte terena, a gente aprendeu com a professora Bianca, que também é da comunidade, a pintar e fazer roupas assim”, falou ela enquanto apontava para as iconografias Terenas pintadas no tecido da sua saia e blusa.

Outro que adorou tudo o que viu foi o Isac Venegas. “Eu cortei o cabelo do jeito que eu queria. Foi legal ter um barbeiro só para a gente [criança]”, afirmou o garoto, de 10 anos, meio tímido que, ainda, se lembrou das aulas de teatro. “Nunca fui em um teatro, mas gostei das aulas, das brincadeiras”.

Quem também aprovou as práticas foi o cacique da Marçal de Souza, Josias Ramires. “Meus filhos também participaram das oficinas e apesar da timidez, percebi pequenas mudanças no jeito de se expressar com a gente. De um modo geral, todas as disciplinas do projeto Remi, música, dança, teatro, arte urbana [grafite], arte indígena, fotografia, vieram para atender nossa comunidade”, frisou.

E como toda grande festa de celebração não pode faltar boa música, o som ficou a cargo, claro, da própria banda Projeto Kzulo que reuniu toda a equipe do projeto Remi para fazer do palco, montado, o cenário ideal para embalar a alegria da criançada e família.  Na playlist, canções autorais e outras tantas populares já conhecidas pela plateia.

“A gente encerra essa etapa do Remi com muita satisfação. Acreditamos que conseguimos cumprir o nosso papel que era descentralizar a arte e promovê-la junto a uma comunidade de Campo Grande. Agora, seguiremos com nossas atividades na região das Moreninhas, porque a proposta do Remi é isso, dialogar com a comunidade, e trabalhar aquilo que dá nome ao projeto que é a questão de memória e identidade, entender como e o quê essa juventude entende dessas duas questões, fazendo uso das linguagens artísticas”, enfatiza o outro músico da banda Projeto Kzulo e professor da Faculdade de Educação da UFMS, Alejandro Lasso.


O Projeto Remi conta com recursos do FMIC (Fundo Municipal de Investimentos Culturais), da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), promovido pela Prefeitura de Campo Grande. E quem quiser acompanhar o andamento das atividades do projeto Remi devem acessar o site (www.projetoremi.com) ou seguir o perfil no Instagram (@projetoremi).

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