Alunos da REME são selecionados para final de seletiva do Balé Bolshoi do Brasil e seguem para Joinville

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O projeto de dança desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação (Semed) e aplicado nas escolas da Rede Municipal de Ensino (Reme) em Campo Grande, rendeu para os alunos Emanuel Nascimento e Giovana Benites da Silva, da escola municipal Elizabel Gomes Salles, a oportunidade de participar de uma seletiva do Balé Bolshoi do Brasil. A seletiva vai ocorrer a partir desta sexta-feira(19) e prossegue até domingo (21), em Joinville, Santa Catarina.

Em agosto, a equipe do Bolshoi esteve na Capital para realizar um evento, ministrando workshop em vários estilos de dança e, na ocasião, realizaram uma pré-seleção com a intenção de dar oportunidade a crianças e adolescentes, de participar de uma seletiva para ocupar vaga na escola que o Balé Bolshoi mantém no Brasil.

A seletiva em Campo Grande deu a chance às crianças de conhecer professores de renome no cenário nacional e internacional do Bolshoi. O evento teve a presença da professora de dança clássica Bruna Lorrenzzetti, do bailarino Pedro Henrique Sanches e de Vitória Negherbon, todos integrantes da Escola Bolshoi no Brasil.

O projeto de balé que contribuiu para que os alunos fossem selecionados é desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação (Semed) e coordenado pela equipe da divisão de Esporte, Arte e Cultura (Deac). Desenvolvido em 40 escolas municipais, conta com 1.577 alunos e 33 professores que ensinam as modalidades de balé, jazz, danças urbanas, dança contemporânea, dança regional e sapateado. Só na modalidade do balé são 19 escolas, 12 professoras e 783 alunos participando.

Descoberta dos talentos

O sucesso das crianças na primeira etapa de seleção é fruto do trabalho feito pela professora de Educação Física, Thais Marques, que ministra aula todas as tardes na escola Elizabel. A professora comenta que o objetivo do projeto não é o alto rendimento e, a inscrição no Bolshoi, com a seletiva gerou expectativas, por conta da aprovação. “Todos os dias temos treino e eles não querem ir embora. A seleção foi um marco na vida deles. É uma mudança na história deles com toda a certeza”, disse Thais.

A aluna Giovana pratica há dois anos e Emanuel, há um ano. A professora Thais falou que o treino das crianças é feito quatro horas por semana. Os treinos são separados de acordo com a idade dos alunos. “O significado disso tudo é fazer valer a pena, porque se eu me propus a trabalhar com eles, principalmente na dança, eu acho que meu papel é promover, e, a partir do momento que a sementinha é plantada temos que tentar fazer o impossível para que essas crianças consigam os frutos que a gente plantou”, disse.

Dedicação

Sobre o destaque dos alunos, a professora disse que a dedicação foi o fator relevante para que as crianças atingissem o nível maior. Thais mencionou que os dois já apresentavam grande flexibilidade. Outra descoberta que chamou a atenção foi no ano passado, momento em que Thais fez um padedê, que no balé define um dueto em que os bailarinos executam os passos juntos.

“Percebi grande diferença quando montei o dueto. São perfeitos. Descobri que era o meu casal do balé. Emanuel foi meu primeiro aluno homem. Os dois, se deixarmos, moram na escola, de tanto que gostam. Eles querem ficar respirando balé o tempo todo. Isso é dedicação”.

Apoio da família

A manicure Candelária Nascimento, mãe do aluno Emanuel, conta que o filho já nasceu com esse talento. A dança foi sempre pra ele em primeiro lugar e por isso apoio ele. Isso é o sonho dele e a professora ajuda muito, se não fosse por ela nada ia evoluir. A professora me disse que meu filho nasceu para brilhar”, conta                                                                 feliz.

A mãe que trabalha o dia todo como manicure para sustentar a família aposta no sonho de realização de seu filho, que é se tornar um bailarino de carreira. “Emanuel, já desde muito pequeno ouvia músicas e dançava”, complementa. A mãe comentou ainda que o filho tem outros talentos como cantar ou se produzir artisticamente.

A família de Giovana não é muito diferente, os avôs da aluna ficam o tempo todo ao lado dela para que ela se dedique no balé e nos estudos. A avó Damiana Benitez, de 59 anos, não poupa elogios para a netinha.

“Ela é linda, talentosa Acho muito bom, ela adora e a gente incentiva muito, eu principalmente. Levamos ela nos eventos. A família toda está apoiando muito. Isso é tudo para minha netinha. Os pais dela oferecem total apoio a ela”, afirma.

Combate ao preconceito

A prática de balé por homens ainda tem raízes do preconceito, e, neste sentido a mãe de Emanuel contou que o filho às vezes é discriminado. Para superar a situação, a presença da família é fundamental. Sua mãe sempre está por perto para aconselhar e dar aquela força moral. “Falo pra ele – é o que você gosta? Você gosta de balé? Gosta de dançar? Esqueça e erga a cabeça, lute pelo seu objetivo, pelos seus sonhos”, pontuou.

O ato do bullying (termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos), muitas vezes é praticado em recinto escolar por alunos, mas na Escola Municipal Elizabel, o trabalho de enfrentamento a esta situação começa desde cedo.

A diretora Neuza Fernandes Gil, para evitar esse tipo de postura, procura combater as atitudes discriminatórias por meio de muita orientação com os alunos.

“Na escola todos respeitam. Orientamos nossos alunos e explicamos, por exemplo, que assim como uma menina pode jogar futebol, os meninos também podem fazer balé. Fiquei muito feliz com os dois alunos, desejo muito sucesso pra eles”, destacou a diretora da escola, Neuza Fernandes.

Apoio e patrocínio

Outros incentivos influenciaram para que os alunos pudessem se destacar junto à equipe de seleção do Bolshoi. Os professores bailarinos, Adalto Garcia e Iara Costa, amigos de Thais, promotores do workshop, ajudaram apoiando.

Os alunos ganharam dos promotores, dois cursos, que custaram em média R$ 150 reais cada um. Além dos cursos, os apoiadores custearam também a inscrição das crianças para a seletiva do Bolshoi.

Adalto contou que observou o porte físico e que seria possível transformá-los nos moldes que o Bolshoi procura. Ele conta que ajudou os alunos porque tem um compromisso de vida, em agradecimento a um milagre que aconteceu, e, tenta a todo custo dar oportunidade a crianças que buscam mudar o próprio destino.

“Em 2013, demos oportunidade a Louise, moradora de uma área invadida, que morava em barraco de lona e hoje ela está no quinto ano do balé Bolshoi. Acredito que mudamos não só o destino dela, mas de toda a sua família. É isso que estamos fazendo com essas crianças, estamos ajudando a mudar a vida delas”.

Pedagogia

Com este projeto a Semed busca na área pedagógica escolar, elevar, por meio desta modalidade artística, o desenvolvimento dos alunos. A intenção é fortificar a função de trabalhar a psicomotricidade, a flexibilidade, o convívio social e a interação.

Na aprendizagem, a professora Thais garante que a dança melhora a atenção dos estudantes e faz com que tenham um raciocínio mais elaborado das situações. Durante o desenvolvimento do projeto a professora vai até a sala de aula pra saber como estão os alunos e também conversa com as famílias, pra saber como estão as crianças.

“A dança é uma forma de expressão que pode ser considerada uma das mais completas. Através dela, podemos atingir diversas esferas, abordando tanto os aspectos físicos, quanto os psicológicos. Os estudantes ganham disciplina da mente e do espírito, assim como do corpo”, explica Gisele Martins, responsável pela dança.

3 COMENTÁRIOS

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