Investimento em ciência e tecnologia permite uso do gás de cozinha como fonte de energia em MS

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O investimento em pesquisa, ciência, tecnologia e inovação realizado pelas instituições de Ensino Superior do Estado, com o apoio do Governo do Estado, é fundamental para alavancar o desenvolvimento econômico e promover o bem-estar social da população sul-mato-grossense. Esse foi o destaque feito pelo secretário Jaime Verruck, da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) em evento realizado na noite de segunda-feira (25) na UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul).

O titular da Semagro participou da inauguração do sistema de geração de energia secundária, a partir do gás de cozinha, que vai alimentar as novas áreas de higienização dos profissionais de saúde e outros setores específicos do Hospital Universitário, por meio de parceria firmada entre a Copagaz e a UFMS. “Essa é uma ação inédita e que contou com a anuência excepcional da ANP. O GLP, que vem da Bolívia para o nosso Estado, será fornecido como fonte de energia secundária para geradores e outros equipamentos. Isso só é possível graças ao trabalho de pesquisadores e do investimento em ciência, tecnologia e inovação”, afirmou.

Outro destaque feito pelo secretário Jaime Verruck foi a normalização da importação do GLP boliviano para Mato Grosso do Sul e o leque de possibilidades aberto pela iniciativa da UFMS e Copagaz. “As importações do GLP foram normalizadas e retomadas e isso tem um impacto relevante para o Estado. Além disso, essa ação da UFMS abre um leque de possibilidades do uso do GLP em outros setores, em especial no agronegócio, como a avicultura e suinocultura”, finalizou.

GLP vai gerar energia para setores de higienização do HU

De acordo com a UFMS, a pandemia provocada pelo coronavírus trouxe ao Hospital Universitário a necessidade de aumentar suas instalações voltadas para a assepsia dos funcionários. Para atender a essa demanda, a Copagaz vai fornecer quatro contêineres equipados com duchas de água quente e áreas secas para higienização dos profissionais, os quais serão alimentados com energia gerada por GLP. Além disso, o produto será usado como backup de energia para determinados equipamentos médicos e abastecer uma máquina para limpeza da área externa das instalações de estrutura de suporte. O HU é filiado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

“Ao aceitar nosso convite para integrar esta parceria, além de apoio solidário e humanitário, a Copagaz faz com que o conjunto das ações resultem em um grande laboratório de práticas de investigação científica”, afirma o reitor Marcelo Turine. “Toda a instalação fornecerá conhecimentos nas áreas de saúde, engenharia e eficiência energética, elevando ainda mais nossa capacitação acadêmica”.

O HU, por onde circulam cerca de 500 alunos e 200 residentes por dia, possui 1.600 funcionários, dos quais 1.200 diretamente envolvidos no atendimento (médicos, enfermeiros e farmacêuticos, dentre outros). Inicialmente, 400 deles atenderão diretamente os pacientes da Covid-19 que forem encaminhados àquela unidade, todos com complicações devido a comorbidades, conforme definido pelo do plano estadual de atendimento do Governo do Estado.

“Nossa equipe de saúde está sendo treinada para atuar na linha de frente a qualquer momento, se for necessário, incluindo profissionais de outras organizações como o Corpo e Bombeiros e paramédicos, que estão sendo capacitados pelo Humap para adotarem os procedimentos adequados ao atendimento de pessoas contaminadas” explica Cláudio César da Silva, superintendente do hospital.

No HU, a Copagaz instalou um reservatório com 2 toneladas de GLP, suficiente para suprir a demanda por pelo menos 30 dias, montou toda a estrutura com os contêineres em parceria com o Grupo Cavagna, empresa Italiana responsável pela fabricação e comercialização dos produtos Greengear focados na geração de energia limpa, está preparando os geradores e toda estrutura que irá gerar energia limpa e fundamental para o atendimento proposto ao HU. O GLP também será o combustível para uma lavadora de alta pressão que será usada com a finalidade   de higienizar   as áreas externas, na qual circularão os funcionários destacados para trabalhar com os pacientes da Covid-19 e que, portanto, precisam de um cuidado maior.

Outras empresas também estão participando desta iniciativa de solidariedade, como a Transportadora Laurimar e a Rinnai Brasil, fornecedora dos aquecedores de água, ambas doando seus serviços e realizando o empréstimo de seus equipamentos, viabilizando a implantação de todo o complexo. Já a empresa Funcional Containers colaborou na redução do tempo de fabricação, atendendo o cronograma da execução da obra, passando este pedido à frente dos demais incluindo jornada extra para conclusão.

Autorização excepcional

A utilização do GLP como fonte alternativa de energia, que é proibida no Brasil desde a década de 1990, foi autorizada de forma excepcional pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), após um pedido formal da UFMS para a Copagaz e consequentemente, consultas formais ao agente regulador, transformando-se em uma parceira estratégica de todo o projeto.

“A ANP se engajou completamente nesta causa e concedeu a autorização em um tempo recorde, unindo-se a essa grande rede do bem que está se formando em todo o Brasil para enfrentar a pandemia da Covid-19 e seus efeitos na sociedade. E esta atitude vai permitir não apenas ajudarmos as vítimas e profissionais de saúde, mas, gerar conhecimento e inovação para soluções eficientes, em um futuro que vamos precisar nos reinventar”, afirma Agnaldo Inojosa, da Copagaz.

O executivo também explica que a parceria com a UFMS surgiu da necessidade de estruturar um laboratório de inspeção do GLP importado da companhia boliviana YPFB. “Nós contamos com o apoio da equipe da Faculdade de Engenharia Química, em conjunto com a Superinspect, empresa inspetora autorizada pela ANP, para criarmos o 1º laboratório de análises de GLP do Centro-Oeste brasileiro”.

Além dos benefícios diretos e imediatos que a cooperação entre a Copagaz e HU trará para o atendimento das vítimas da pandemia, e da possibilidade de usar a experiência para estudos, toda a operação será acompanhada pelos gestores do hospital, que utilizarão o know-how adquirido para fundamentar um projeto de construção de banheiros e vestiários que já estava nos planos da instituição.

Outras áreas de pesquisa acadêmica também acompanharão o funcionamento dos equipamentos para estudar a eficiência energética do GLP para o uso em novas aplicações para a indústria, elevando a capacidade tecnológica do Brasil ao patamar de outros países que utilizam muito mais esta fonte de energia.

No futuro, após a pandemia, por ocasião da desmobilização da estrutura de suporte ao HU, os equipamentos aplicados serão doados   para a parceria de estudos de desenvolvimentos de outros usos do GLP entre UFMS, Copagaz e Grupo Cavagna, a ser submetido à apreciação pela ANP, possibilitando a inovação e a validação cientifica de outras aplicações do GLP como solução limpa e eficiente de energia para os mais diversos segmentos.

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