MS 42 anos: a identidade cultural do Estado e o mercado de consumo da arte

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A cultura de Mato Grosso do Sul é marcada pelas artes plásticas de Isaac de Oliveira (1953-2019). Um dos criadores da identidade cultural do Estado, o artista foi responsável por abrir um importante espaço de mercado para a temática regional. Com cores exuberantes, flores, pássaros, ipês e índios, os traços de Isaac ganharam vida fora das icônicas telas (expostas também no exterior) e foram parar, inclusive, em objetos como canecas, almofadas, capas de tablets, abajours e até capas de celular. Com esta atitude, ele conseguiu agregar os fãs de arte e alcançar públicos distintos que antes não consumia arte local.

Na opinião da crítica de arte e professora doutora Maria Adélia Menegazzo, a busca por uma identidade cultural sul-mato-grossense persiste desde a criação do Estado.  Por uma questão geográfica, mas também histórica, econômica e linguística, estamos abrigados sob o rótulo de arte regional, o que implica ocupar um lugar periférico e marginal no mapeamento da arte brasileira, geralmente condescendente e pouco esclarecedora de seus valores. Visto de uma outra perspectiva, este dado deveria abrir para uma ideia de lugar especial, cultivado a partir da troca de experiências com outros regionalismos, entre artistas e, até mesmo, instituições. 

Em sua análise, nosso regionalismo se identifica com a natureza e dela retira suas referências. “Não tenho dúvida de que a noção de regionalismo esteja vinculada ao meio, mas o meio não é apenas formado de animais, plantas e águas, há também o homem e sua maneira de viver”, diz. Segundo ela, não podemos esquecer que Mato Grosso do Sul tem vida urbana, rural e cultural, e que sua população é variada, composta por muitos povos.

Elementos da natureza, pintada por Isaac de Oliveira, é referência na arte de MS

“Se voltarmos para alguns dos chamados artista históricos, aqueles que estavam produzindo no momento da divisão, podemos perceber que havia em suas obras uma determinação cultural e coletiva de configurar uma identidade regional”, neste contexto, a professora cita as obras de Humberto Espíndola – que, à época da criação do Estado de Mato Grosso do Sul, fez a obra emblemática “Divisão do Estado”, série de oito quadros que estão expostos no MARCO e dava conta da sociedade do boi; Ilton Silva, das populações marginalizadas; Jorapimo, das águas e dos homens e mulheres dos nossos rios; Mary Slessor, dos indígenas e suas culturas; Conceição dos Bugres, que humanizava a madeira com seus entalhes; Jonir Figueiredo, que denuncia a matança dos jacarés; Neide Ono, que figurava, com suas peças em cerâmica, uma natureza mínima e harmônica; e Therezinha Neder, que trazia o cotidiano na leveza de suas telas.

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