Atendimento a surdos cresce 90% na Rede Municipal de Ensino

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Comemorado nesta quinta-feira (26), o Dia Nacional dos Surdos mobilizou unidades da Rede Municipal de Ensino (Reme), que realizaram diversas atividades pedagógicas e recreativas com o objetivo de promover a inclusão dos 144 alunos surdos atendidos em pelo menos 40 escolas municipais.

Os atendimentos são motivo de comemoração pela Divisão de Educação Especial da Reme, já que o número de alunos surdos que frequentam as escolas e EMEI’s da Reme cresceu 90% nos últimos três anos, saltando de 76 em 2017 para 144 em 2019. De acordo com a professora de Libras e técnica da DED, Gisele Rosa, a estrutura oferecida pela Reme tem incentivado os pais a matricularem os filhos nas unidades do município.

“Muitas famílias se mudam do interior do estado em busca de um atendimento melhor para o filho e decidem matricular a criança na Reme porque temos uma estrutura que possibilita o desenvolvimento desses alunos”, afirmou Gisele.

Uma das novidades este ano foi o atendimento aos alunos surdos da Educação Infantil, que também passaram a contar com intérpretes em sala de aula. As formações continuadas, que oferecem subsídio aos  profissionais que trabalham com estas crianças, também foram ampliadas e atenderam este ano, até o momento, 300 profissionais contra 100 em 2017.

Outro dado expressivo é quanto ao número de pessoas que frequentam o curso de Libras oferecido pela Reme. Em 2017 eram 300 e a partir deste ano, já são 765 pessoas inscritas nas turmas, que também foram ampliadas, inclusive em horários no vespertino e noturno para atender  a demanda. Participam tanto profissionais da Educação quanto o público em geral que deseja facilitar a comunicação com algum familiar ou amigo.

Salas especiais

Entre as escolas que contam com o maior número de alunos surdos estão “Professor Licurgo de Oliveira Bastos”, com 22 alunos e “Professor Plínio Mendes dos Santos”, com 25 crianças. Estas duas unidades contam com salas de recursos específicas para alunos com surdez, que frequentam o espaço no contraturno e desenvolvem as atividades pedagógicas acompanhados por uma professora ouvinte e uma surda.

“É importante ter esses dois profissionais porque com a  ouvinte ele aprende a Língua Portuguesa e com a surda ele aprende a Libras que é a primeira língua da pessoa surda”, explicou Gisele. Na sala, os alunos utilizam material pedagógico adaptado. Os profissionais que atuam com estes alunos também contam com material especial, desenvolvido por técnicos da Reme e que auxilia no ensino do conteúdo pedagógico, como apostilas e DVDs.

Atividades e inclusão

Além da ampliação no atendimento aos alunos e profissionais, a inclusão também é uma das principais bandeiras da Reme, por isso diversas atividades estão sendo desenvolvidas, desde segunda-feira (23), quando teve início a semana em comemoração ao Dia Nacional dos Surdos.

Nesta quinta-feira, as unidades prepararam acolhidas diferenciadas, além de passeios, exibição de filmes e atividades culturais envolvendo todos os alunos. Nas EMEI’s, teve até café da manhã especial. Foi o caso da EMEI “Felipe Sáfadi Alves Nogueira”, onde a diretora Juliana Ribeiro e equipe organizaram apresentação de coral em Libras e diversas atividades pedagógicas alusivas ao Setembro Azul, mês comemorativo da comunidade surda.

A EMEI foi a primeira a receber, em 2017, um bebê surdo. A pequena Eloísa, que ainda continua da unidade e hoje tem a companhia de Kauã, também surdo. Mãe de duas crianças ouvintes que estudam na EMEI, a auxiliar administrativo  Sara  Gonzaga, diz que os filhos Maya, 2, e Miguel, 3, aprenderam rápido a linguagem de sinais e auxiliam os colegas surdos. “A inclusão vai além dos muros da escola. Ela é importante também para as crianças que ouvem porque o que elas aprendem aqui podem repassar para outras crianças e também facilitar a comunicação delas com outras pessoas surdas que elas possam conhecer no futuro”, disse a mãe.

Já na escola “Professor Licurgo de Oliveira Bastos”, a professora intérprete, Juveirice Cristiane Medeiros Ramos Conde, realizou uma programação que incluiu produção de cartazes com frases em libras e um passeio até a UFMS para os alunos assistirem ao curta “Crisálida”, que mostra a vida de um adolescente surdo após ele aprender a Língua Brasileira de Sinais.