O aumento no número de acidentes com escorpiões tem causado preocupação para o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Somente no primeiro semestre desse ano, quase 500 pessoas procuraram atendimento nas unidades de saúde depois de terem sido picadas por esses animais. Entre abril e julho desse ano, o número é quase o dobro do mesmo período do ano passado.
A maior preocupação é o número significativo de atendimentos feitos nos últimos quatro meses, quando os acidentes são mínimos por causa das baixas temperaturas e tempo seco, o que faz com que os escorpiões não saiam de seus esconderijos.
De acordo com a coordenadora do setor de controle de roedores, animais peçonhentos e sinantrópicos do CCZ, Juliana Resende, pode acontecer ainda uma baixa notificação nesses acidentes, já que os números são baseados apenas nos dados oferecidos pelas unidades de saúde.
Ela explica que nos meses em que as temperaturas costumam ficar mais amenas em Campo Grande, é comum que os animais permaneçam escondidos em seus esconderijos. “Além das temperaturas e tempo seco, essa época não é a de reprodução dos insetos que fazem parte da alimentação do escorpião, mas acontece que nesse ano não tivemos uma redução nas notificações”, explica.
O temor é que, com a volta do período de chuvas, quando os escorpiões saem dos locais onde se escondem por estarem inundados ou para se alimentarem, o número de acidentes cresça ainda mais. “Se nessa época já está tendo essa quantidade grande de acidentes escorpiônicos, na época de desenvolvimento deles nós vamos ter um número de registros ainda maior”, alerta.
Somente entre os meses de abril e julho, foram 227 pessoas picadas por escorpiões, mas esse número pode ser ainda maior já que, segundo a coordenadora, há unidades de saúde que mandam seus registros até um mês depois do atendimento. No mesmo período do ano passado, foram 119 casos registrados.
Em caso de acidente, o protocolo padrão a ser tomado é ir até uma unidade de saúde, onde tomará medicação e ficará em observação, para controlar imediatamente uma possível reação alérgica ao veneno do animal. Crianças e idosos são quem mais precisam de atenção quando picados por escorpiões.
Juliana também orienta à família do paciente tentar colocar o escorpião em um recipiente com álcool, evitando o contato e um novo acidente, e levá-lo ao CCZ. Assim, a unidade identificará a espécie do animal e definirá quais medidas devem ser tomadas para a extinção do artrópode na residência.
Como evitar acidentes com escorpiões
Os escorpiões costumam se esconder em locais escuros e úmidos. Por isso, a indicação da coordenadora é manter sempre o quintal limpo. “Na verdade, um quintal limpo é um quintal saudável, evita uma série de problemas como dengue, leishmaniose, escorpião, baratas e outros animais que geram problemas tanto para nós, seres humanos, quanto para nossos animais domésticos”, comenta.
Folhas acumuladas, restos de materiais de construções que estão guardados sem utilidade, garrafas e outros inservíveis – itens que permanecem reservados, mas que não têm mais uso – são abrigos perfeitos para esses animais. Latas de lixos e caixas de gordura mal fechadas também, já que nesses locais existem restos de comidas que atraem insetos que são alimentos aos escorpiões.
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