“O Discreto Charme da Burguesia”, dirigido por Luis Buñuel, é atração do Cine Café desta segunda-feira, 8 de julho. O projeto é realizado no Museu da Imagem e do Som da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e começa às 19 horas. A entrada, como sempre, é franca.
Talentosa combinação de realidade e absurdo, este filme de Luis Buñuel é uma ácida e surrealista crítica à hipocrisia da burguesia, contada por meio da história de seis amigos que se reúnem para um jantar que acaba sendo interrompido por estranhos acontecimentos que misturam realidade com devaneios e sonhos das personagens.
O grupo de amigos da classe média/alta francesa pretende se juntar para um jantar, mas os convivas chegam um dia antes do combinado. Para remediar a situação, decidem-se por um restaurante, mas o corpo estendido na sala ao lado tira-lhes o apetite.
Na segunda tentativa de reunião, os convidados chegam mas os anfitriões não aparecem, estes saíram pela janela do quarto e fugiram apressadamente para fazer sexo nos jardins. Os convivas, ao saberem pela empregada que os patrões fugiram pela janela em direção ao jardim, desconfiam tratar-se de uma armadilha da política devido ao seu envolvimento no tráfico de drogas e correm porta fora.
Na nova tentativa de juntar-se, foram as manobras militares dentro de casa que os impediu de conviver com estilo e requinte.
Antológico é o momento em que o cineasta coloca uma das principais cenas surrealistas: a convite de um general do exército, chegam para o jantar, em que tudo transcorre normalmente. Andam pela sala, bebem seus drinks, conversam e ao sentarem-se em torno de uma elegante mesa a sala transforma-se subitamente em um palco de teatro, as pesadas cortinas vermelhas se abrem e mostram uma plateia que os observa e posteriormente os vaia. Uma crítica feroz as costumes burgueses que validam as relações superficiais e de aparências.
O cineasta Luis Buñuel, é um dos maiores representantes do movimento surrealista no cinema. O termo surrealismo, cunhado pelo poeta André Breton, traz um sentido de afastamento da realidade comum que o movimento surrealista celebra desde o primeiro manifesto, de 1924. Na teoria de Breton, a arte surrealista procura resolver a contradição vigente, até aquele momento, entre sonho e realidade pela criação de uma realidade absoluta – a suprarrealidade, em que os artistas, em contato com a obra de Sigmund Freud e a psicanálise, valorizam o mundo onírico, o irracional e o inconsciente.
Revolucionando não só a linguagem literária e das artes visuais, o surrealismo no cinema deu vazão a novas técnicas e abordagens que o libertaram da narrativa tradicional, transformando o meio em algo que poderia ser explorado de diversas formas, revelando – às vezes até replicando – o impacto dos nossos sonhos. Os filmes surrealistas muitas vezes nos deixam com imagens chocantes que se alojam em nossa psique e nos distanciam de histórias facilmente legíveis, na mesma medida que se mostram convincentes em suas profundas expressões do desejo. A tela de cinema se torna um portal através do qual o espectador pode viajar para onde as construções comuns de realidade não podem chega.,
“O Discreto Charme da Burguesia”, com direção de Luis Buñuel, tem uma hora e 42 minutos de duração e a classificação indicativa é livre. Venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1973, tendo concorrido pela França. O roteiro original é de Jean-Claude Carrière. A exibição acontece na segunda-feira (8 de julho), às 19 horas, com entrada franca.
O projeto Cine Café sempre oferece um cafezinho, chá e leite com chocolate e bolachinhas para os cinéfilos que visitam o museu. Para degustar estas delícias, basta trazer sua canequinha. O MIS fica no Memorial da Cultura e da Cidadania, na avenida Fernando Correa da Costa, 559 Centro, no terceiro andar. Telefone: (67) 3316-9178.
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