Costa Rica se destaca como destino turístico e promete fortes emoções no Cerrado

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A quase 400 km de Campo Grande, a singela Costa Rica oferece o cenário perfeito para quem curte aventuras radicais ou simplesmente contemplar a natureza

Fundada em 1980, em pleno cerrado sul-mato-grossense, a pequena cidade de Costa Rica foi alçada a capital do algodão. Distante da Capital por 386 quilômetros o destaque no agronegócio não é o principal atrativo de Costa Rica. Os vales, montanhas e cachoeiras garantem seu lugar na rota nacional do turismo de aventura. Em 2019, Costa Rica sediará o Mundial de mountain bike modalidade 24 horas solo, realizado pela primeira vez no continente americano.

Aparentemente um passo ousado para a comunidade de pouco mais de 20 mil habitantes, mas quem entende do assunto concorda com a decisão. “As incríveis paisagens e as ótimas condições das trilhas foram fundamentais para a escolha. Impressiona também Costa Rica ser tão nova e já fazer parte da lista das cem cidades brasileiras com melhor desempenho em saúde e educação”, diz o português Mario Roma em entrevista para revista Voe Gol, organizador da competição, citando um levantamento do Conselho Federal de Administração.

Dois anos atrás, a região sediou a Copa América de corrida de aventura. A prova passou por cartões-postais como os 64 metros de altura do Salto Majestoso, no Parque Natural Municipal Salto do Sucuriú, dividida em práticas de rapel, caiaque, bicicleta e trekking. Em frente à cachoeira, o jovem casal Jessica e Warley de Freitas, de 27 anos, se perguntam sobre encarar (ou não) a aventura. “Meu pai veio e recomendou a visita. Vim sozinho no ano passado, fiquei encantado com a natureza e agora trouxe minha mulher”, conta o operador de máquinas de Jataí-GO.

Todo mundo cresce junto

Um dos responsáveis por cravar o município no calendário do turismo de aventura é o auditor de segurança Victor Renato de Freitas, 35 anos, o Vitão, que participou da construção do parque municipal em 2000 e foi um dos pioneiros na prática de rapel e de rafting na região – por isso, insistia para a organização de campeonatos de esportes radicais levar as competições para Costa Rica. “Sou apaixonado pelo que faço”, conta Victor.

O protagonismo da cidade no ecoturismo trouxe também uma melhora na infraestrutura de serviços. Hoje, existem bons restaurantes e ótimas alternativas de hospedagem. Que inclui piscina de borda infinita voltada para o rio Sucuriú e o cardápio especializado em diversos cortes de carnes. Nem sempre foi assim, faltavam opções e Costa Rica só era conhecida por estar próxima (apenas 50 quilômetros) do Portão Bandeira, uma das entradas do Parque Nacional das Emas, símbolo do cerrado brasileiro. O parque nacional de 132 mil hectares fica quase todo no estado de Goiás, mas cerca de 5% estão dentro de Costa Rica.

Um dos passeios mais procurados é o das “luzes dos Chapadões”, fenômeno de bioluminescência de cor azul esverdeada produzido por larvas nos cupinzeiros. A área é reconhecida por sua fauna e abriga diferentes tipos de vegetação do cerrado. Também no Portão Bandeira, uma dupla de amigos tem prazo para se separar. Júlio da Silva, 64, o seu Julião, cuida da entrada e há quatro meses, dedica-se também a um filhote de queixada (porco-do-mato), apelidada de Tchutchuca, que se desgarrou do bando. “Queremos que siga sua vida como animal selvagem. A expectativa é ela sair com algum namorado quando entrar no primeiro cio.”

Herança

Criado para proteger a cabeceira de um dos principais rios da região, outro destaque da região é o Parque Estadual das Nascentes do Taquari, com 30 mil hectares que formam um importante corredor ecológico entre cerrado e Pantanal, a paisagem é impressionante. No Canyon do Engano, um espetacular cenário de montanhas e chapadas, cuja amplitude visual vai longe, dá para ver serras e outras formações rochosas que estão a quase 100 quilômetros de distância. A visitação só pode ser feita com guias e um dos programas mais peculiares é o roteiro do pôr do sol: a trilha fica na borda do desfiladeiro e permite observar o parque estadual de vários mirantes.

Boa parte do parque estadual, no entanto, está localizada em Alcinópolis, município com passeios que vão além do turismo de aventura. A cidade é considerada a capital estadual da arte rupestre – abriga 24 dos 80 sítios arqueológicos catalogados no Mato Grosso do Sul. A maioria deles está localizada em três unidades de conservação municipais: o parque Templo dos Pilares, o monumento Serra do Bom Jardim e o monumento Serra do Bom Sucesso. As pinturas e gravuras foram feitas em um período entre 7 mil e 10 mil anos atrás e começaram a ser estudadas apenas em 2016.

“Os painéis surpreendem os pesquisadores por serem grandes e reunirem representações de pessoas e de animais, além de desenhos abstratos”, explica Bruna Barbosa, bióloga e secretária de Turismo de Alcinópolis. Somadas, as áreas de proteção ultrapassam 8 mil hectares, que resguardam mais do que histórias ancestrais. “Aqui também moram animais selvagens em risco de extinção, como anta e lobo-guará”, completa Bruna. Há muito mais para descobrir ao explorar a região e uma coisa é certa: Costa Rica merece estar no mapa dos mais interessantes roteiros turísticos do Brasil.

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