Em busca de ‘novos horizontes’, alunos do Voucher Desenvolvedor iniciam curso em área onde sobram vagas

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Sala de aula cheia para aproveitar uma qualificação que pode mudar a vida destes alunos em busca de espaço no setor de tecnologia. Começaram nesta semana, nas cinco maiores cidades de Mato Grosso do Sul, as turmas do Programa Voucher Desenvolvedor direcionado à área da computação.

São 540 alunos que passaram por um processo seletivo garantindo assim vagas em Campo Grande, Corumbá, Dourados, Ponta Porã e Três Lagoas. Com uma carga horário de 1.200 horas, os estudantes vão aprender de graça a desenvolver sistemas durante 16 meses. A inciativa é uma parceria do Governo do Estado com a Fecomércio, por meio do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).

Para Isabela de Souza Dantas, de 23 anos, o curso representa um novo rumo na carreira profissional. Formada em análise de sistemas com pós-graduação em gestão de tecnologia da informação, ela vinha atuando na área de redes e agora quer trabalhar com programação.

“A empregabilidade é maior, os salários são mais altos, tem mais oportunidades para as mulheres nessa área. Bem interessante que o governo achou importante qualificar as pessoas de baixa renda que não têm dinheiro para pagar. Já tendo a experiência aqui, a gente busca novos horizontes”, planeja.

Participaram do processo seletivo estudantes que cursam os últimos dois anos do Ensino Médio na Rede Estadual de Ensino, com renda per capita familiar de até dois salários mínimos. Também foram disponibilizadas 140 vagas para pessoas que já concluíram os estudos na rede pública ou privada.

As portas do mercado podem se abrir ainda durante o curso. “Com mais ou menos um terço da carga horária cumprida vamos promover bancas onde os alunos vão se apresentar para empresas que vão oferecer vagas de estágio. Além disso temos nessa parceria com o governo do estado um total de 50 bolsas. Todas fornecidas pelo governo e esses alunos serão candidatos a elas”, conta Gilka Trevisan, gerente do Senac Hub Academy.

A busca por profissionais nesta área de desenvolvimento de soluções é cada vez maior. Relatório divulgado pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) chamou a atenção para uma demanda de 797 mil talentos na área de tecnologia entre 2021 e 2025. No entanto, com o número de formandos abaixo da demanda, a projeção apontou déficit anual de 106 mil talentos – 530 mil em cinco anos. Números que refletem o crescimento acelerado do setor e a necessidade de formação profissional no mesmo ritmo.

“Quando eles se formam no curso, tamanha é a demanda na aérea de tecnologia da informação, de desenvolvimento de soluções que eles têm grandes chances de conseguir uma colocação no mercado. A fila [de empresas] realmente é grande. Temos contato com muitas empresas desse segmento de tecnologia e sempre que temos alunos se formando encaminhamos ao mercado”, explica Gilka.   

Durante o lançamento do programa em 25 de janeiro deste ano, o governador Eduardo Riedel falou sobre a importância de oferecer a qualificação: “Identificamos esta demanda no mercado que precisa de profissionais capacitados neste setor. Eles dispõem de uma renda mais elevada como desenvolvedores, programadores de software em geral, que é uma atividade importante no Estado”.

Os ensinamentos em sala de aula vão além do desenvolvimento de sistemas. “A gente não prepara o aluno só para a parte técnica, mas também a questão emocional, trabalho em equipe, por exemplo. Também temos muitas coisas legais para eles como maratona de programação, games, robótica. Trabalhamos muito isso nas nossas metodologias. O aluno vai aprendendo com a realidade dele”, explica Alexandre de Oliveira, coordenador pedagógico do curso.

Ele ainda conta que ao fim qualificação os alunos podem ser considerados profissionais completos: “Começam aprendendo o que são projetos tecnológicos, algoritmos, para poderem entender o que é a programação propriamente, já cientes de todo o processo de desenvolvimento de software (programa). Aí testam os aplicativos”.

Aos 28 anos, José Júnior buscou o curso para mudar de profissão. Ele vinda atuando com atendimento ao público e percebeu que as oportunidades na área de tecnologia são muitas, inclusive com a possibilidade de atender o mercado sem nem precisar sair casa. “Eu gostaria muito de trabalhar home office, é uma área que consegue me proporcionar isso atendendo até empresas de outros países”, planeja.