Agosto Lilás: campanha contra a violência “coloca o dedo na ferida”

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Com imagem e frase fortes, a campanha do Governo de Mato Grosso do Sul de combate e prevenção à violência contra a mulher, relacionada ao Agosto Lilás, promete dar o que falar. Banners, adesivos, busdoors e cartazes, entre outros, vão trazer um rosto feminino e suas reações diante desse crime e os dizeres: “violência contra a mulher: ignorar faz de você cúmplice”. 

A intenção é exatamente dar visibilidade ao tema. “Precisamos chamar a atenção para esse problema. Usar a palavra ‘cúmplice’ funciona porque coloca o dedo na ferida. Tem que incomodar. Tem que impactar. Tem que sair da zona de conforto”, defende a subsecretária de Políticas Públicas para a Mulher, Cristiane Sant’anna de Oliveira.

Ela explica que a campanha Agosto Lilás está consolidada e hoje é realizada não apenas pelo Governo do Estado, mas por quase todas as prefeituras de Mato Grosso do Sul. Cristiane Sant’anna conta que são inúmeras ações ao longo do ano para educar, conscientizar, prevenir e combater à violência contra mulheres.

Entre elas, o programa “Maria da Penha vai às Escolas”, que vai chegar aos 190 mil alunos da REE (Rede Estadual de Educação) e suas famílias. Os professores serão capacitados para trabalhar o tema de forma permanente, não apenas em agosto.

Cúmplice

Doutor em Letras, na área de Estudos de Literatura, e especialidade em Literatura Comparada, o professor da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) Paulo Henrique Pressotto explica que a frase usada na campanha é impactante e não está imune a críticas.

“A palavra ‘cúmplice’ não foi colocada à toa. Por isso, a frase vai chamar atenção, causar burburinho, pois é impactante! A palavra é um signo e traz consigo seu significado que se torna potencializado/destacado na frase. No dicionário da Língua Portuguesa, a primeira acepção está clara: ser cúmplice é contribuir – de forma secundária – para a realização de um crime. De maneira informal, a palavra aplicada em outros contextos pode apresentar outras nuances”, explicou.

Na avaliação dele, a frase foi construída no intuito de causar impacto ao leitor e chamar a atenção desse sujeito (ou sujeitos) para essa problemática: a violência contra as mulheres. No entanto, a frase poderá sofrer críticas de pessoas ligadas à área jurídica, devido ao seu sentido denotativo e técnico. Para Paulo Pressotto, pessoas “vão implicar”. “Não tem como não fugir das críticas. Vão dizer que a pessoa é omissa, mas não é cúmplice, e aí entra uma questão de interpretação”, finalizou.

Como denunciar

Mato Grosso do Sul conta com uma rede de proteção às mulheres vítimas de violência. Para fazer denúncia anônima, basta ligar para o telefone 180. Para acionar a polícia, tem também o telefone 190. O Disque 100 recebe denúncias relativas a violações de Direitos Humanos, como os relacionados às crianças e adolescentes. O Estado conta ainda com 30 Salas Lilás, dedicadas exclusivamente para atender mulheres, adolescentes e crianças vítimas de violência doméstica ou sexual ou em situação de vulnerabilidade.

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