“Como nós temos tratado as mulheres que amamos? De homem para homem, sejamos sinceros, como nosso coração descansará ao saber que a cada 8 minutos 1 mulher é estuprada no Brasil? Como a nossa mente repousará no paraíso da justiça ao ser confrontada com o fato de que mais de 7 em cada 10 mulheres sofreram violência ou assédio no trabalho. E o mais louco, possivelmente, as mulheres que nós mais amamos poderão estar dentro dessas vítimas, caso não façamos nada”.
De homem para homem, de servidor para servidor, de professor para aluno. A campanha do Agosto Lilás 2023 quer encorajar homens no enfrentamento à violência contra a mulher.
O vídeo que abre a reportagem é resultado da imersão do professor da Rede Estadual de Ensino, Jessé Fragoso da Cruz, na transversalidade do Governo do Estado para unir Educação e Cidadania. “A proposta não foi de eu atuar, eu fiz uma imersão tanto no Ceam como na Subsecretaria das Mulheres para entender, e de certa forma mergulhar nessa temática tão importante para que eu pudesse ser o mais sensível possível”, conta.
Jessé, que é professor e pai, construiu o texto costurando dados com a responsabilidade de chamar atenção para a violência contra a mulher, trazendo o debate para dentro das salas de aula. O vídeo será compartilhado entre os alunos e servirá de base para desenvolver atividades na temática durante o ano todo, não se restringindo apenas ao mês de agosto.
“Acredito que é papel do homem, enquanto essa missão, não só proteger, mas participar desse movimento para prevenir. Quanto mais cedo começar, ou seja, com a vida dos meninos, nas crianças, trazendo para eles a ideia de como é importante se posicionar, não como um coadjuvante ou terceirizar o problema que é nosso. A responsabilidade é nossa, a partir do princípio que nós somos o que somos, porque temos esse processo coletivo”, reflete o professor.
Enfrentamento na Escola
Secretário de Estado de Educação, Hélio Daher explica que a pasta vai trabalhar a questão da violência contra a mulher tanto com as crianças quanto com os jovens. Dentro do programa “Maria da Penha vai à Escola”, instituído em 2016, a campanha deste ano segue na abordagem “homens falando para homens, sobre o combate à violência.” A proposta é inserir o tema durante todo o período letivo para 190 mil alunos da rede pública de 348 escolas estaduais.
“Eles precisam, desde muito cedo, entender a importância do respeito à mulher, não só do respeito como também da valorização. Um dos papéis da educação é justamente fortalecer a identidade, vamos trabalhar no âmbito dos adultos também, no EJA, no ensino médio noturno, nos cursos técnicos, além de atuar em parceria com outras secretarias, para que a gente possa todo mundo junto cuidar melhor das mulheres e fazer com que realmente elas tenham espaço de respeito na sociedade”, ressalta Daher.
Subsecretária de Políticas Públicas para as Mulheres, Cristiane Sant’Anna de Oliveira pontua que esta é a maior campanha de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra as meninas e mulheres em Mato Grosso do Sul, e marca os 17 anos da publicação da Lei Maria da Penha.
“Esta campanha é extremamente importante, e é feita de diálogos com a sociedade, porque nós sabemos que só o poder público não vai dar conta de enfrentar a violência que milhares de mulheres acabam sentindo na sua pele, coração e corpo todos os dias. Nós sabemos que quando o Executivo e o Legislativo trabalham juntos, quem ganha é a população”, frisa.
Para o governador Eduardo Riedel, a violência contra a mulher é um tema transversal.
“Não dá para focar só na área de segurança pública, temos que falar disso em educação, justiça, não dá para discutir sem as diversas áreas do governo presentes no dia a dia. Que este mês seja para nos lembrarmos dessas situações e não descansarmos da necessidade que nós temos por fazer e construir um Estado que não vai deixar ninguém para trás”, enfatizou Riedel.
Agosto Lilás 2023
O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul lançou um conjunto de ações e parcerias com foco na Educação e Cidadania, além de medidas protetivas como a ampliação das salas lilás para o interior do Estado e a aquisição de 600 kits de tornozeleiras eletrônicas para monitorar agressores de mulheres e crianças.
Junto à Defensoria Pública do Estado foi celebrado um termo de cooperação para capacitar a rede de atendimento à mulher vítima de violência doméstica e familiar em todo o Mato Grosso do Sul. Um outro termo de cooperação foi assinado com o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul, para destinar às mulheres em situação de violência 5% das vagas nas empresas terceirizadas que prestam serviço aos órgãos do Poder Judiciário.
Uma parceria com o Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul vai fortalecer ações de combate à violência contra as mulheres, priorizando indígenas, negras e mulheres com deficiência.
Por meio da Funtrab (Fundação do Trabalho) foi estabelecido um convênio para cadastrar e encaminhar ao mercado de trabalho mulheres em situação de violência e vulnerabilidade social.
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