Escritores de Mato Grosso do Sul são convidados para participar da FLIP 2022

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Os escritores sul-mato-grossenses Fabio do Vale e Samuel Medeiros foram convidados para participar da 20ª Festa Literária Internacional de Paraty, que começa nesta quarta-feira (23) e vai até o domingo (27). É a primeira vez que um autor sul-mato-grossense publica uma obra. A Fundação de Cultura está custeando as passagens para a participação dos escritores.

Fabio do Vale participa graças a sua dissertação de mestrado sobre a resistência feminina na guerra do Paraguai, que virou livro. Sua dissertação se baseou, entre outras fontes, na obra de Samuel Medeiros, “Senhorinha Barbosa Lopes: uma história da resistência feminina na guerra do Paraguai”, editada pela primeira vez em 2007 e que já está na terceira edição. Os dois escritores, Fabio do Vale e Samuel Medeiros, vão participar da Flip deste ano contando a história de suas obras.

O livro de Samuel Medeiros fala sobre a voz e a resistência feminina, por meio da história da Senhorinha Lopes, mulher do Guia Lopes da Laguna, que guiou as tropas brasileiras durante a Guerra do Paraguai, trazendo-as para Nioaque. Senhorinha foi presa duas vezes pelos paraguaios, ficou cinco anos presa no Paraguai com os filhos. Seu marido foi morto, ela voltou para o Brasil e, embora fosse analfabeta, construiu um patrimônio enorme de fazendas de gado.

Esta personagem feminina veio de Minas Gerais com o primeiro marido. “Na época as terras aqui não tinham dono, vieram se apossar das terras e construir fazendas no sul de Mato Grosso do Sul. Por isso eram perseguidos, desalojados, sofriam as agruras da guerra. O livro é cheio de aventuras que eu pesquisei da bibliografia e romanceei. A história é verídica, mas o miolo é ficção. O objetivo é enaltecer o papel da mulher. É isso o que eu vou falar na Flip”, diz Samuel Medeiros.

O escritor, professor e pesquisador Fabio do Vale, mestre em Letras pela UEMS e doutor em Estudos de Linguagens pela UFMS, é autor da obra A Voz e a Resistência Feminina na obra Senhorinha Barbosa Lopes, de Samuel Medeiros”, que é fruto de sua pesquisa e dissertação de Mestrado Acadêmico em Letras – pela UEMS – sob a orientação da professora doutora Zélia Nolasco. A referida obra será a primeira publicada por um autor sul-mato-grossense dentro do circuito da Festa Literária Internacional de Paraty. “Sinto-me honrado por representar Mato Grosso do Sul na FLIP e pelo fato de a Fundação de Cultura do Estado estar promovendo um produto sul-mato-grossense”. “Gostaria de agradecer a um dos maiores incentivadores do meu trabalho e meu amigo pessoal, Rubênio Marcelo, que fez com que eu me destacasse e acreditou em mim, e na inspiração do meu trabalho que vai ser lançado na FLIP, a obra do escritor Samuel Medeiros”.

“A gente nunca espera indicação e nunca se preocupa em projetar um material que será aproveitado pelos grandes eixos. Produzi o meu livro durante o mestrado na UEMS, residi parte da minha infância no Paraguai, e no meu trabalho busquei entender o protagonismo da senhoria Lopes. Ela tinha direito de governar a fazenda como viúva e mãe dos seus três filhos. Quando ela consegue a liberdade dela, ela retorna para o Brasil e o exercido brasileiro a outorga como madrinha da bandeira nacional. Na obra eu digo que enquanto a Senhorinha Lopes estava sendo a voz feminina na fronteira do Brasil com o Paraguai, Josefina de Azevedo, irmã do escritor Alvares de Azevedo, considerada a primeira feminista do Brasil, fazia o mesmo papel no eixo Rio – São Paulo”.

Na próxima sexta-feira, dia 25, Fabio do Vale vai apresentar sua obra para toda a América Latina durante a 20ª Festa Literária Internacional de Paraty. É a primeira vez que um autor de MS publica uma obra dentro do circuito da FLIP. “Estar no circuito FLIP 2022, levando a literatura de MS, parte da história da Guerra do Paraguai, com total assistência do Governo do Estado de MS, da Prefeitura Municipal de Campo Grande, instituições privadas e, principalmente, falando sobre literatura, são motivos que não apenas me emocionam, mas que sobremaneira potencializam a cultura latino-americana nessa festa literária internacional de Paraty – FLIP”.

A Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) é um festival literário lançado no ano de 2003 e realizado pela Associação Casa Azul. Acontece anualmente na cidade fluminense de Paraty.

A FLIP é considerada um dos principais festivais literários do Brasil e da América do Sul. O financiamento é assegurado por um sistema hierarquizado de patrocinadores e é conduzido pela organização sem fins lucrativos Associação Casa Azul. Além de palestras, também são realizadas discussões, oficinas literárias e eventos paralelos para crianças (Flipinha) e jovens (Flipzona). O sucesso mundial desde seu ano de fundação se deve, principalmente, ao envolvimento e participação ativa de autores de vários países reconhecidos internacionalmente.

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