Ser mãe de primeira viagem não é tarefa fácil, mas no caso de Nadine Loureiro o amor e as preocupações vieram em dobro. Com 23 anos, em 2011, ela se casou e tinha tudo para começar a vida: casa, moto e carro. Nos planos do casal não havia planejamento para filhos, mas em 2012 ela precisou passar por uma cirurgia e ficou um mês sem tomar anticoncepcional e neste meio tempo vieram Luis Miguel e Lucas Emanuel.
“Eu precisei fazer uma remoção de nódulo no seio e fique sem tomar remédio, neste um mês eu engravidei. Achei que não ia engravidar só neste tempo, mas descobri em meados de outubro de 2012. Fiquei desesperara, não esperava ser mãe”, relatou Nadine.
Com a descoberta da gestação e muita coisa para assimilar, o médico marcou o primeiro ultrassom em dezembro do mesmo ano. “Já apareceram dois embriões. O médico perguntou: quem tem caso de gêmeos na família? – O pai dos meninos respondeu: eu doutor. Quando ele disse que eram dois, eu passei três dias chorando. Não esperava ter filho e vieram dois, foi um baque”.
Nadine buscou continuar com sua rotina durante a gestação, mas pode ser gemelar ela precisou para de trabalhar no sétimo mês para evitar um parto prematuro. Com 36 semana os meninos vieram a este mundo e mudando mais uma vez a vida da mãe, que buscou na internet como cuidar da dupla.
“Quando fomos para casa eu aprendi na marra. Assistia vídeos, buscava na internet como amamentar. Buscava vídeo de mães e quando achava o perfil eu entrava em contato. Eu ficava praticamente sozinha, minha mãe me ajudava, mas não em tempo integral e o pai trabalhava o dia todo”.
Sempre buscando aprender com os filhos, após três anos do nascimento Nadine começou mais uma saga: identificar o que eles tinham de diferente dos demais. “Com três anos começou reclamação do Luiz Miguel na escola, a professora dizia que não sabia como lidar com ele e os amiguinhos também estavam tendo dificuldade. Eu não sabia onde ir, então fui ao postinho perto de casa. Quando relatei ao médico ele me encaminhou para o CAPS infantil, ali eu achei estranho”.
Após conversar com a psicóloga, veio o primeiro diagnóstico: autismo. Um mundo se abriu para a mãe de primeira viagem que ainda estava aprendendo como cuidar dos filhos. “Eu nunca tinha ouvido falar sobre autismo, nunca conheci ninguém que tinha, não sabia o que era. Na hora veio o choro, mas eu fui atrás e fui estudar”.
Além de aprender, Nadine foi ensinar. Ao tempo que estudava passava para família e amigos como conviver com os filhos. “Fui pesquisar, conversar com mães, famílias, comecei a aprender a lidar com eles. Temos que entrar no mundo deles. Eu falei: eu tenho que saber e ensinar as pessoas como lidar com eles. Quando é professora nova eu tenho que auxiliar para não entrar em crise“.
Há dois anos, Nadine é mãe solo. Separou do então marido e cuida sozinha de Luis e Lucas, uma nova escola para ela que não para nos desafios que a vida dá. “Sozinha dentro de uma casa e lidando com duas crianças autistas, mudou tudo. Tenho a responsabilidade de lidar com eles, de 8 anos. Nesses 12 anos, do meu casamento até agora, foram vários aprendizados na minha vida”, ressalta.
Os meninos fazem tratamento com Terapia Ocupacional, fonoaudióloga, psicóloga e esporte. “Tenho que estimular o que eles gostam e tem habilidade. Eles gostam de natação, música, correr e levam uma vida normal de criança: brincar, ir para a escola, brincar com amigos, são poucos, mas têm. Eles moram comigo e duas vezes por mês visitam o pai deles. A maior dificuldade hoje é a comunicação. Eles não contam como foi o dia, não tem o diálogo, só falam o básico: se estão com fome, se querem comer. Estão começando a soltar, mas tem que estar incentivando. Eu digo que mãe de autista não pode morrer, me preocupo com o futuro dos meus filhos”, destaca.
Para Nadine, ser mãe é ser “estabilidade e fortaleza, mesmo na incerteza, mesmo no sofrimento. Ser mãe é ser tudo isso e muito mais, mas acima de tudo é ter a capacidade de amar incondicionalmente seus filhos”.