O município de Campo Grande (MS) é oficialmente a Capital Nacional do Chamamé, título concedido após sanção presidencial ao Projeto de Lei nº 4.528, de 2019. Estilo musical tradicional típico do nordeste da Argentina, mais especificamente na região conhecida por Mesopotâmia Argentina, localizada entre os rios Paraná e Uruguai, o chamamé é também apreciado no Rio Grande do Sul.
Em nota, a Secretária-geral da Presidência da República informa que a sanção presidencial representa uma homenagem à comunidade campo-grandense e um reconhecimento de todos aqueles apreciam essa arte musical. A nota lembra que a expressão artística é também acompanhada por dança, e que seu nome significa improvisação, na língua guarani.
“O estilo musical se consagrou, sobretudo, em Campo Grande, expandindo para algumas outras cidades e, posteriormente, por meio de entusiastas que passaram a se organizar em grupos de intérpretes. Dentre eles, Zé Corrêa, precursor do chamamé, sendo o mais representativo e popular artista do gênero musical no Brasil entre as décadas de 60 e 70, tendo difundido o ritmo na capital sul-mato-grossense, de modo que restou instituído o Dia Estadual do Chamamé”, diz a nota.
De acordo com o presidente do Instituto Cultural Chamamé MS, Orivaldo Mengual, o chamamé é um gênero musical que que nos expressa musicalmente e está enraizado nas nossas tradições. “Ele tem antecedentes históricos que remontam ao intenso processo migratório verificado no século XIX, tendo como epicentro a Guerra do Paraguai e na sequência, e o ciclo da ‘erva mate’, protagonizados por incontáveis caravanas de carretas boiadeiras vindouras do norte da Argentina, especialmente da Província de Corrientes”, explicou.
Ao lado da polca paraguaia, guarânia e do rasqueado sul-mato-grossense, o chamamé é um dos estilos musicais símbolos do Estado, declarou o presidente da Fundação de Cultura do MS, Gustavo Cegonha, lembrando que um dos primeiros músicos locais que popularizaram o chamamé foi o Zé Corrêa, que acompanhava Délio e Delinha nas apresentações de rasqueado. Mas o mérito da introdução do chamamé no Estado, de acordo com Cegonha, é atribuído a Amambai e Amambay. Por toda essa história ligada ao nosso Estado, considero o decreto um justo reconhecimento do papel do chamamé na cultura sul-mato-grossense”, acrescentou.
“É um grande orgulho para nós, enquanto sul-mato-grossenses, abrigarmos em nosso estado a Capital Nacional do Chamamé. Muito mais que um estilo musical, trata-se de uma grande expressão cultural, que reúne tradição e riqueza histórica. Além disso, é um patrimônio cultural já reconhecido pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e integra o nosso calendário oficial”, destaca João César Mattogrosso, secretário de Cidadania e Cultura.
Em 2017, a pedido do Instituto Cultural Chamamé e por decisão do Conselho Estadual de Cultura, o chamamé foi oficialmente declarado pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul “Patrimônio Cultural Imaterial do Estado”, e o Dia Estadual do Chamamé é comemorado em 19 de setembro. No Mercosul ele também já foi declarado “Patrimônio Cultural” e também foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.
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