Jornalista por formação, em 2019, Cibele Sodré Reynolds deixou tudo que tinha em Campo Grande para uma nova vida nos Estados Unidos da América (EUA). Começar do zero não era um sonho, mas largar tudo para viver com quem ama foi o start de uma nova vida para agora coordenadora da equipe de uma franquia norte americana.
Muitos já pensaram em viver o “sonho americano”, mas com Cibele nada foi planejado. Em 2015 conheceu o atual marido, um veterano da força aérea dos EUA e namorou à distância por quatro anos até que não foi mais possível aguentar os quilômetros que separavam os dois, cada um em um hemisfério do continente.
“A ideia era ter uma casa no norte e outra no sul do continente. Foram quase quatro anos de idas e vindas. Choro e saudade. Até que vimos que não se dá para ter vida profissional e emocional saudáveis desse jeito. Foi quando comecei a preparar meu filho, de cinco anos na época, para essa mudança, e adivinha? Ele tirou de letra. Quem passou/passa por processo de adaptação sou eu, a adulta”, relata Cibele.
Mãe coruja, Cibela conta que no primeiro dia de aula, segundo dia em um país diferente, seu filho foi e voltou de schoolbus sozinho. “Foi ali, naquele dia, quando o vi descendo daquele ônibus, todo independente, é que entendi a oportunidade gigantesca que estávamos proporcionando para aquele mocinho que até então não sabia elaborar uma frase inteira em inglês”.
Mas como nem tudo são flores, como dizem: nasce uma mãe, nasce uma culpa. Com Cibele não foi diferente, ela não deixou apenas carreira profissional e sua casa em Mato Grosso do Sul, mas também toda família. Arrumou as coisas dela e do filho e desembarcou em um país, com uma nova cultura e totalmente diferente do Brasil.
“Na sequência, quando tudo parecia começar a se encaixar, veio a pandemia. Na semana em que eu começaria meu primeiro emprego nos Estados Unidos, como professora substituta, o Estado declarou lockdown e assim seguiu, a familia toda em casa por cinco meses. Nesse período, todos os medos caíram em terra mas também pensamos: se queremos mudar de vida, a hora e agora”.
Ela, marido e filho saíram de Cape Coral, no Golfo do México, e mudaram para Winderemere, uma cidade localizada na macrorregião de Orlando. Seu novo vizinho é nada menos que o rato mais conhecido do mundo: o Mickey.
“Escolhemos uma casa pela internet, a mais próxima possível do Castelo da Cinderela, que por sinal, tem uma das melhores escolas da região. Fizemos do limão uma baita limonada com espuma e viemos fazer lockdown mais perto do Mickey. Foi a melhor decisão que fizemos”.
Morar perto dos parques trouxe muito além do que dias de turismo, mas um novo mundo dentro do mesmo país. “Hoje me sinto em casa. Nunca colecionei tantos amigos. Nunca tive uma vida tão família e tão badalada ao mesmo tempo. Sou acolhida por brasileiros, a região de Orlando possui uma das maiores comunidades de brasileiros fora do Brasil”.
Sempre que pode Cibele vai aos parques de Orlando e coleciona amigos. “Morar em uma cidade rodeada de imigrantes e turistas é isso: sempre novidade. Você conhece todos os parentes dos seus vizinhos, que vêm passar férias. Você sabe qual lugar estará lotado dependendo da época. Você pode ir mil vezes à mesma atração na Disney, mas ver a reação de quem está indo pela primeira vez é impagável de tão prazeroso. Você se sente até na obrigação de dar dicas de onde ir. E já fiz muitos amigos sendo guia voluntaria. Mostrando que Orlando não é só Disney!!! Aliás essa controversa é a mesma que Mato Grosso “Do Sul”, pra quem mora aqui. Não ofende, né poxa!”, destacou.
Hoje apaixonada pela vida que tem, ela conta que passou muitos perrengues com a língua, mesmo tendo estudado antes de ir. “Você estuda por três anos, chega aqui e descobre que não sabe nada. Então uma vez me perguntaram onde você mora? E eu disse: em um “condom” ali atrás. Todo mundo me olhou espantado e eu não entendi. Passados dias eu me dei conta que condomínio não é “condom” e sim “condo”. “Condom” é preservativo e ninguém mora em preservativo, né?!”.
Sobre as mudanças que sofreu ao longo destes anos, Cibele finaliza que a mudança do país a tirou a mulher segura de si e a tornou mais insegura, porém ganhou em experiência de vida. “É ter a consciência que rede de apoio em outro país é necessário, mas que leva um caminho longo para estabelecer. Expatriar é se tornar mais humilde, mais grato por cada pequena vitória”, finalizou.