Sem blocos nas ruas, folião sentiu falta de fantasias e da Esplanada Ferroviária

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O primeiro carnaval com festas em Campo Grande, após a vacinação em massa da população contra a Covid-19, trouxe um pouco de alegria para os foliões nas festas privadas, mas quem gosta da folia nas ruas sentiu falta das ruas de paralelepípedo da Esplanada Ferroviária, da família reunida e das fantasias elaboradas. Ainda neste próximo fim de semana teremos mais festas de carnaval.

Acostumada a contar histórias, a jornalista Paula Maciulevicius, a Paulinha, conta o seu amor de Carnaval e também pelos blocos de rua que têm virado tradição em Campo Grande. “Eu sou apaixonada por carnaval. Eu nasci numa sexta-feira de carnaval com marchinha tocando no centro cirúrgico, minha mãe conta. Tanto que eu sempre gostei muito”.

Há mais de 10 anos acompanhando a batalha dos blocos de rua para se consolidar na cultura de Campo Grande, Paulinha conta que a pandemia fez sentir muita falta da concentração na Esplanada, dos cortejos saindo e também dos banhos de mangueira. Ela aproveitou o avanço da imunização contra a Covid-19 para curtir dois dias em festas privadas do bloco Capivara Blasé.

“Ir para o bloquinho e pensar que não era um carnaval, parecia que era um esquenta, uma festa, não tinha um cortejo, não tinha aquelas vias de paralelepípedo. Quem acompanha o carnaval de Campo Grande sabe que os moradores saem e tem aquele banho de mangueira para os foliões que é uma delícia. O fato de não ter sido permitido pela prefeitura tirou a magia do Carnaval como a gente conhece, como a gente gosta, como eu particularmente gosto. Até porque não foi dentro de um lugar que é tão sagrado para Campo Grande que é a Esplanada Ferroviária”, ressalta Paulinha.

Jornalista, ela relata que muitas vezes foi trabalhar com glitter, adereços, fantasia e revezava os dias de plantões com a folia de rua. Antes solteira e agora casada, Paulinha levou o marido e o filho para a Esplanada, em 2018 fez seu ensaio gestante nas ruas de paralelepípedo rodeada de conhecidos e desconhecidos. “Para mim o Carnaval sempre foi de rua e é uma coisa que sempre quis passar para os meus filhos.
O ensaio foi bem no fim da gestação e eu queria muito que fosse no carnaval porque eu sempre gostei, sempre me preparei. Esse ano não levei as crianças porque não foi na rua”.

Assim como a Paulinha, a Tamyres Cuellar, psicóloga e DJ, também sentiu falta de estar no centro de Campo Grande. As recordações da rua e a preocupação com os blocos são sentimentos compartilhados por ambas. “A festa que fui na terça-feira foi de graça e me lembrou muito o Carnaval de rua com muita gente nova e foi bem a cara do que tem na Esplanada. A única diferença com o Carnaval mais fechado é que o pessoal não animou tanto para fantasia”, lamenta.

As carnavalescas pedem que o poder público volte a contribuir mais com a festa no ano que vem, na expectativa que a pandemia já tenha terminado. “Eu espero que em 2023 é que tenha muita participação do poder público, ajuda aos blocos de rua principalmente com questões de segurança, banheiro químico e que a polícia não chegue nos lugares acabando de forma truculenta com o movimento da rua, como de fato aconteceu em uma festa e no domingo a polícia chegou como sempre chega na Esplanada: fortemente armados, truculentos, como se estivessem atrás de inimigos”, relatou Tamy.

Ambas ressaltam que faltam ajuda do poder público para a realização do Carnaval de rua, como segurança, banheiros e incentivo. “Esse ano eu fuii na sexta e segunda de Carnaval como resistência. Os diretores dos blocos falam disso porque dois anos sem carnaval de rua, que levou tanto, tanto, para se consolidar, você está deixando espaço para que ano que vem venha outras questões que impeçam. O carnaval de rua é do povo, ele leva pessoas a ocuparem espaços públicos e esses espaços não são do prefeito, eles são das pessoas. Então você não vê a Esplanada ocupada, com exceção do final do ano que teve o Campão Cultural, ela não é ocupada. A Esplanada tem a feira central, mas as pessoas não ocupam, não vão e o carnaval de rua é isso: todo mundo participar, curtir, é marchinha, alegria, felicidade”, destacou Paulinha.

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