A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul apoia a realização da Mostra “Mote”, que vai apresentar as criações de solos, duos e trios usados como pesquisa de movimento para criação de um futuro espetáculo do Grupo Ginga ainda em construção. Os trabalhos serão apresentados em uma temporada de quatro dias, sendo a estreia neste sábado, dia 26/02, às 19 horas no Centro Cultural José Octávio Guizo. As demais apresentações aconteceram nos dias 02, 12 e 19 de março, no mesmo local e horário.
A Mostra tem como problemática a violência contra a mulher, buscando conhecer suas dimensões, desnaturalizando práticas, enraizadas nas relações pessoais e que contribuem para a perpetuação de mortes anunciadas.
“Com apresentações em modo mais intimista buscamos estabelecer um diálogo mais próximo do público, experienciando um dialogo sobre o tema e a forma como ele foi abordado corporalmente pelos intérpretes”, explica o coreógrafo Chico Neller, diretor do Grupo Ginga.
A Mostra é o começo que antecede o espetáculo da Ginga, o Silêncio Branco 35 anos, e o “Mote”, que é o processo de criação do espetáculo, vem anteceder tudo isso. “Essa Mostra que a gente faz agora no Centro Cultural é criação dos bailarinos, eu só sou um DJ organizando esta cena, logo no início eu tinha uma ideia de mostrar separadamente os solos, duos e trios e no término de cada apresentação a gente comentar sobre. A ideia inicial era isso. Daí foi transformado num espetáculo único de 50 minutos, onde eu consegui unir tudo isso, peguei a criação deles todos, a “fala” deles nesse lugar, e durante esse processo de falar sobre violência eu encontrei muita dificuldade, muita resistência das pessoas quererem falar sobre o assunto”, diz Chico Neller.
O diretor do Grupo Ginga explica também que a Mostra é um processo, uma “fala” dos bailarinos, e que foi muito difícil abordar o assunto da violência contra a mulher: “Foi bem difícil. O que eles resolveram ‘falar’, o pensamento deles, faz parte desta Mostra e eu faço só uma mixagem de tudo isso, uma direção. O espetáculo que vem lá na frente é um espetáculo que tem o meu carimbo, minha assinatura, minha mão, e a partir desse processo deles, da ‘fala’ deles eu dei seguimento ao espetáculo, mas daí eu colocando a mão e não dando completamente autonomia. As falas que me servem, que são importantes eu vou de alguma forma selecionando as partes que me interessam e vou colocando no espetáculo. A ‘fala’ é como o corpo fala desta problemática”.
As músicas da Mostra foram trazidas também pelos intérpretes. “São músicas que evidenciam as questões referentes à violência e tratamento da mulher na sociedade. São trilhas que ouvimos muitas vezes em nosso cotidiano e que não nos damos conta do conteúdo que estamos propagando”, diz Chico.
Serviço:
Mostra “Mote” de solos, duos e trios – Grupo Ginga
Datas: 26 de fevereiro, dias 02, 12 e 19 de março
Horário: 19 horas
Local: Centro Cultural José Octávio Guizzo