A jovem indígena Txai Suruí, uma das representantes do Brasil na COP26, a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, defendeu uma participação maior dos povos indígenas no debate internacional sobre meio ambiente e mudanças climáticas.
“O mundo precisa ouvir o que os povos indígenas têm a dizer; nós precisamos estar no centro da discussão”, disse a ativista em entrevista, de Glasgow, na Escócia.
“É inconcebível hoje ver um espaço como a COP e falar sobre clima e meio ambiente sem a presença de povos indígenas. Eu tive o privilégio de estar lá, mas deveria ter muito mais povos indígenas. E não só na abertura, deveríamos estar nos espaços de decisão da COP. Somos nós que estamos na linha de frente da luta contra as mudanças climáticas.”
A jovem de 24 anos faz parte do povo Paiter Suruí, de Rondônia, e entrou para o mapa global depois de discursar na abertura da COP26, nesta segunda-feira (1º), em que defendeu a relevância de levar os povos indígenas para o centro das discussões e a urgência em ampliar a proteção ao planeta.
“O Brasil assinou o acordo [para redução de desmatamento e de emissões até 2030], mas temos que parar de pensar no futuro, já não temos mais tempo para isso”, disse ela.
“Já estamos sofrendo com as consequências das mudanças climáticas. Há coisas que já são irreversíveis. Em que momento vamos ver que já não temos mais tempo? Que não é em 2030, que é agora que a gente tem que tomar providências?”
Na entrevista, Txai também questionou os compromissos feitos formalmente pelo país durante a cúpula global do clima, e afirmou que a realidade vista no dia a dia de quem vive na floresta é diferente.
“O Brasil, na verdade, está trazendo fake news”, disse. “Diz que não está destruindo a floresta, que está protegendo a Amazônia, o que a gente sabe que não é verdade. Isso eu não falo de coisas que li; falo da minha realidade, que vejo dentro do meu território. Sofremos por invasão, por desmatamento.”