Nas últimas três semanas, foi observada uma tendência de aumento moderado no número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil, cenário oposto ao registrado ao longo das últimas seis semanas, quando a análise apresentava sinal de queda. Os dados são do Boletim Infogripe da Fiocruz, divulgado nesta quarta-feira (4).
O pesquisador Marcelo Gomes afirma que somente nas próximas semanas será possível entender se os casos estão realmente crescendo ou se é uma elevação pontual, que vai levar os casos à estabilidade.
“É importante que a gente fique de olho nas próximas semanas, para saber se essa reversão é um sinal de mudança de tendência, ou seja, um real crescimento dos casos, ou se é uma pequena elevação para ficar estável. Mas, mesmo se os dados levem para uma estabilidade, os valores ainda são muito elevados”, afirma.
Já os números de mortes por SRAG seguem caindo. Segundo Marcelo Gomes, parte desse efeito é causado pela vacinação contra a Covid-19, mas a queda também pode estar atrelada ao tempo entre os primeiros sintomas e o óbito.
“Em geral, entre os primeiros sintomas e a morte, para os que infelizmente acabam falecendo, tem um tempo de aproximadamente três semanas. Ou seja, os óbitos de hoje são sempre um reflexo da situação epidemiológica do passado”, explica.
O estudo alerta também que a população de crianças de 0 a 9 anos encontram-se no pior momento. Aponta ainda que a faixa de 30 a 39 anos, apesar de ter registrado uma melhora, esta em uma situação mais grave do que no pico do final do ano passado. A investigação é do grupo de pesquisa para a Vigilância Epidemiológica da Fiocruz (Mave/Fiocruz) e do Observatório Covid-19. As projeções são realizadas com base no Sistema de Informações de Vigilância Epidemiológica da Fiocruz (Sivep-Gripe), do Ministério da Saúde.
E o que explica o aumento do número de casos entre crianças e jovens? Segundo o pesquisador Leonardo Bastos, do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz), na população infantil, a causa pode ser efeito da chamada “infecção cruzada”. “Ou seja, o motivo da internação não é necessariamente a Covid-19. Pode ser uma complicação respiratória por outro fator, mas com infecção cruzada gerando teste positivo para Sars-CoV-2. Requer um acompanhamento mais de perto, com testagem também dos demais vírus respiratórios para identificação do que possa estar ocorrendo. Por conta da alta demanda nos laboratórios, tem-se testado primeiro para Covid-19 e, dando positivo, não testam para outros vírus”, explica o pesquisador.
Esse procedimento pode ter como consequência o fato de que às internações por outros vírus respiratórios ficam “na sombra da Covid”, ou seja, que as demais doenças que levam a complicações respiratórias não sejam diagnosticadas.
Já é de conhecimento científico, por exemplo, que o Vírus Sincicial (VSR), que pode causar problemas graves (com necessidade de internação) em bebês crianças pequenas, está com circulação relevante em todo o país. “Mas no Rio de Janeiro não sabemos como está a co-detecção por conta dessa logística que privilegia o teste de Covid-19. Esta ocorre por motivos compreensíveis, mas que acabam não testando os demais vírus quando o diagnostico é positivo para Covid-19”, observa Bastos.
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