Padaria da Liberdade representa esperança após cumprimento de pena

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“Com o trabalho eu encontrei a oportunidade certa para mudar o rumo da minha vida”, esse é o relato do interno Erivaldo Barbosa Venâncio (foto principal), de 29 anos, um dos integrantes da equipe de cinco reeducandos do regime semiaberto que atuam na “Padaria da Liberdade”, instalada no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, em Campo Grande.

Preso desde 2013, Erivaldo explica que a rotina no local começa bem cedo, às 6 horas, com a meta inicial de produzir mil pães até às 13h. “Não sabia nada sobre padaria, e aqui aprendi as técnicas necessárias. Vou sair do sistema prisional com várias qualificações profissionais, tanto na área de culinária quanto de construção civil e administração; então, ao mesmo tempo em que trabalho, ocupo minha mente, estou remindo pena e ajudando a sustentar a minha família lá fora”, comemora.

A Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul (Agepen/MS) realizou a inauguração oficial, na tarde dessa quarta-feira (28.7), e contou com a presença de representantes das instituições envolvidas na iniciativa.

A inauguração foi realizada, nessa quarta-feira (28.7), e contou com representantes de instituições parcerias

Idealizada pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, por meio da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, a padaria foi construída como forma de possibilitar reinserção social dos apenados, ao mesmo tempo, que gera renda e realiza ação social por meio de doações a instituições filantrópicas.

Atualmente, estão sendo atendidos o projeto social Mesa Brasil do Sesc/MS e a Central Única de Favelas (CUFA), com entrega de 500 pães diariamente para cada instituição. A previsão é de dobrar a produção, de forma a atender a demanda interna da unidade penal.

Os internos foram capacitados pelo Senar e a Fapec para desenvolver as atividades

Os primeiros testes foram realizados em maio deste ano. Para o desenvolvimento das atividades, os internos passaram por capacitação oferecida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). O projeto também conta com apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), do Conselho da Comunidade de Campo Grande e do Grupo Pereira.

Durante a inauguração, o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, destacou que além do impacto social positivo, a ocupação da mão de obra prisional possibilita capacitação profissional e geração de renda aos apenados, contribuindo na mudança de comportamento e a não reincidência no crime.

Conforme o juiz Albino Coimbra Neto, responsável pelo projeto, ao todo foram investidos em torno de R$ 210 mil na construção e adequação de local e na compra de maquinários de panificação. O investimento foi realizado com o desconto de 10% do salário de cada preso que trabalha via convênio em Campo Grande.

A padaria da Gameleira conta com forno turbo, cilindro profissional, modeladora para pães, amassadeira espiral com capacidade para 25 kg, câmaras para crescimento de pães, assadeiras de alumínio, mesas de inox, balança elétrica, divisora de massa, congelador horizontal, esteiras para pão francês, câmara para 40 assadeiras, bebedouro e câmara climática.

Pelo trabalho, os apenados recebem um salário mínimo vigente e remição de um dia na pena a cada três de serviços prestados, conforme estabelece a Lei de Execução Penal.

Foi formalizado Termo com a Fapec de forma a possibilitar a autossustentabilidade da padaria

De acordo com o pró-reitor de Extensão de Esporte, Cultura e Lazer da UFMS, Marcelo Fernandes Pereira, foi oferecido aos internos da unidade penal curso de Empreendedorismo e Preparação para o Mercado de Trabalho, como parte de um projeto de extensão que conta com dois módulos anuais, ministrados por professores altamente capacitados.

Durante o ato, foi formalizada uma parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura (Fapec) da UFMS, para que se torne viável a autossustentabilidade da padaria. “É fundamental essa parceria com a Fapec para que ela, junto com o pessoal da própria unidade, busque essas parcerias para ganhar escala na produção e a comercialização, para que ela seja autossustentável”, ressaltou o juiz Albino Coimbra Neto, destacando que desta forma será possível atingir a meta principal que é a reinserção dos detentos no mercado de trabalho.

Também participaram do encontro, o reitor da UFMS, Marcelo Augusto Santos Turine, a vice-reitora da UFMS, Camila Celeste Brandão Ferreira Ítavo, a promotora de justiça Jiskia Sandri Trentin e a coordenadora dos Projetos Sociais do Grupo Pereira, Anna Luiza Coberlino.

Na oportunidade, as autoridades também conheceram as instalações de outras oficinas produtivas instaladas dentro da unidade penal, que possibilitam trabalho aos reeducandos.

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