Uma receita diferente! Aprenda como são feitas as vacina aqui no Brasil

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Imagem internet - Algumas gotas, milhões de doses!

No Instituto Butantan, todas as receitas de imunizantes em desenvolvimento saem do mesmo lugar, a Produção de Bancos Influenza. O prédio funciona como uma pequena fábrica e laboratório para preparar matéria-prima para a fábrica que produz a vacina da gripe. Sua estrutura proporciona a realização de testes, como uma planta-piloto para a criação de novos imunobiológicos.

A planta-piloto reproduz, em pequena escala, processos que estabelecem parâmetros para a fabricação de imunizantes, otimizando as operações e reduzindo os custos. No Butantan, as receitas da vacina contra a influenza e da ButanVac, novo imunizante contra a Covid-19 que será produzido no instituto com insumos nacionais, partiram desta estrutura.

É neste prédio que ocorrem simulações da produção das vacinas. “Fazemos testes com diluição e tempo de incubação diferentes para encontrar uma receita que terá o melhor rendimento”, explica a gerente de produção de bancos da influenza, Priscila Comone.

Só depois disso as receitas são repassadas para a fábrica, que utiliza as diretrizes recebidas e compara com testes anteriores. O comportamento apresentado pelo vírus pode mudar um pouco entre os testes realizados na produção de bancos e na fábrica, devido à grande diferença na escala da produção. Por isso, a produção de bancos sempre prepara mais de uma receita para cada imunizante.

Algumas gotas, milhões de doses

No caso da influenza, a Organização Mundial da Saúde (OMS) é quem indica anualmente as cepas circulantes nos hemisférios norte e sul. É assim que são definidos os vírus que farão parte da vacina. O Instituto Butantan importa os vírus de laboratórios credenciados pela OMS e recebe 0,2 ml de cada cepa – o equivalente a apenas uma gota de cada. É tarefa da produção de bancos aumentar este volume até que seja possível produzir doses suficientes para realizar toda uma campanha de imunização. 

O vírus recebido é diluído em uma solução, chamada de tampão de inóculo, que em seguida é inoculada nos ovos. “Esse aumento é o que chamamos de banco. Nós inoculamos os vírus nos ovos e aguardamos o tempo de incubação para que haja replicação dos micro-organismos. Em seguida, colhemos o líquido alantoico, que envolve o embrião, e o processamos para preparar o banco”, diz a gerente de produção. O principal critério para definir se uma receita deu certo é a concentração de vírus presente no líquido alantoico.

Há mais de 20 anos, o Instituto Butantan tem uma parceria com a farmacêutica francesa Sanofi Pasteur para combater a gripe no Brasil. No início, a Sanofi enviava o produto pronto, apenas para ser envasado. Depois, passou a enviar os insumos, para que fossem formulados e envasados no Butantan. Posteriormente, o instituto e a farmacêutica assinaram um contrato de transferência de tecnologia para a fabricação completa, no Butantan, de uma vacina que protege contra três diferentes tipos do vírus influenza.

Em meados de 2007, uma equipe da Sanofi Pasteur veio ao Instituto Butantan trazendo os vírus da influenza para dar início ao piloto da vacina contra a gripe. A equipe ensinou sobre a produção passo a passo e acompanhou todo o processo por um mês, tanto na planta-piloto quanto na fábrica do imunizante. “O primeiro lote de monovalente de vírus influenza em escala piloto rendeu 50 ml. Hoje, um lote de monovalente na fábrica nos dá cerca de 200 litros de produto”, relembra Priscila.

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