Uma das maiores autoridades do Brasil em estudos de mudanças climáticas, referência em bioma do Cerrado, a bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília (UnB), foi eleita no fim de abril para a Academia Nacional de Ciências (NAS, na sigla em inglês) dos EUA.
Membro, também, da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Bustamante atua no Comitê científico do Centro de Sínteses SinBiose e em um dos projetos do Programa Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), ambos do CNPq.
Para a professora, a indicação é um reconhecimento de um trabalho construído a muitas mãos, visto que a ciência é um esforço colaborativo. Ela destaca a atuação de muitos alunos e pesquisadores de várias instituições em todo o país e a importância da indicação para mostrar a qualidade da pesquisa feita no Brasil e reforçar a necessidade de garantir seu fomento. “Boa parte de nossos trabalhos e projetos envolvem a formação de alunos de graduação e pós-graduação, em instituições públicas. Eles são continuidade de nosso trabalho e o potencial de colocar o Brasil na liderança de pesquisa em países tropicais. É a geração de conhecimento sobre os nossos ecossistemas que vai pavimentar um caminho robusto para a sustentabilidade. As agências de fomento públicas como o CNPq, a CAPES e as FAPs são centrais e precisam ter seus orçamentos reconstituídos. A ciência demanda uma visão de longo prazo e estabilidade das instituições”, pontua
A pesquisadora também ressalta a contribuição do CNPq com editais como o Sisbiota e o PELD. “A Ecologia de Ecossistemas, nossa linha de pesquisa, requere estratégias de monitoramento e estudos continuados para entendimento dos padrões e processos de mudanças ambientais. Muito significativos, também, os incentivos para a aproximação da atividade científica do processo de tomada decisão de políticas públicas. É cada dia mais vital estabelecer uma comunicação clara com a sociedade sobre o método científico, seu alcance e as contribuições de pesquisa para a resolução de problemas e conflitos”, concluiu.
A seleção para o NAS é feita em reconhecimento a pesquisas originais, distinguidas e contínuas. A afiliação é uma marca de excelência em ciência amplamente aceita e é considerada uma das maiores honrarias que um cientista pode receber.
Na categoria de membros internacionais, foram apenas 30 eleitos, de diversos países do mundo. Ao todo, hoje a NAS conta com 511 membros internacionais
Antes de Bustamante, a NAS tinha nesta categoria apenas seis brasileiros, sendo cinco bolsistas do CNPq: Aloisio Araujo (ciências econômicas), bolsista PQ Sênior do CNPq, Vanderlei Bagnato (física), bolsista PQ do CNPq, Luiz Davidovich (física), bolsista PQ do CNPq, Ivan Izquierdo (neurociência), Carlos Nobre (ciências ambientais), bolsista PQ do CNPq e Jacob Palis (matemática), bolsista PQ Sênior do CNPq.
A eleição deste ano, inclusive para os membros norte-americanos, contou com o mais expressivo número de mulheres na história da Academia. A presidente da NAS, Marcia McNutt, comentou que este é um reflexo da qualidade das contribuições que as mulheres vêm dando a todas as áreas da ciência, além do empenho da NAS em reconhecer essas contribuições e promover um valor essencial na Academia: a diversidade.
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