Para evitar as catástrofes ocorridas em 2020, projeto de Recuperação amplia ações com foco na prevenção de incêndios no Pantanal

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Com duração de dois anos, estão previstas atividades de recuperação de áreas degradadas, comunicação e educação ambiental para RPPN Sesc Pantanal e seu entorno

Com objetivo de implementar ferramentas de gestão e tecnologias sociais, frente ao cenário das mudanças climáticas no Pantanal e a prevenção aos incêndios na região, o projeto ‘Recuperação de Florestas Ribeirinhas Pantaneiras: beneficiando água solo, peixes e populações do entorno da RPPN Sesc Pantanal – Mupan RPPN Sesc’, entra no seu nono mês de execução e já apresenta bons resultados.

A iniciativa está sendo executada pela Mupan – Mulheres em Ação no Pantanal, Wetlands Internacional, Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP), Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia de Áreas Úmidas (INAU) e Polo Socioambiental Sesc Pantanal; além disso conta com o financiamento do Projeto Estratégias de Conservação, Recuperação e Manejo para a Biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal (GEF Terrestre) que é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Áurea Garcia, Diretora da Mupan e coordenadora do projeto relata que as catástrofes relacionadas ao fogo, que atingiu grande parte da RPPN e entorno, no ano de 2020, foi o que motivou a necessidade da ampliação das ações, com recursos adicionais ao programa GEF terrestre.

“Os incêndios que devastaram a região, foi o nos mobilizou a fortalecer novas ações para a região, bem como a estruturação da cadeia da restauração florestal nas comunidades do entorno”, destaca a coordenadora.

Sobre a iniciativa

O projeto ‘Recuperação de Florestas Ribeirinhas Pantaneiras: beneficiando água solo, peixes e populações do entorno da RPPN Sesc Pantanal – Mupan RPPN Sesc’ tem caráter piloto, e servirá de modelo para a implementação de novos trabalhos de Recuperação de Áreas Degradadas (RAD) no Pantanal.

Dos 56 hectares atendidos dentro do trabalho, 46 ha estão situados nas dependências da RPPN Sesc Pantanal, sendo que os outros 10 ha, localizados na área do entorno da reserva, servirão de modelo para implementações de novos trabalhos de (RAD), considerando a especificidades das áreas úmidas.

A pesquisadora do (CPP), (INAU) e coordenadora científica do projeto, professora Dra. Cátia Nunes da Cunha salienta que a iniciativa é inovadora, pois prevê a realização de um projeto de Restauração em uma área úmida com base na ciência.

“A Unidade de Conservação RPPN Sesc Pantanal, é representativa na proteção do Pantanal, declarado como um Sítio Ramsar. Por isso necessita de ações de planejamento que considera suas particularidades quanto área úmida”, explica Cátia.

A professora, explana ainda, que os ecossistemas possuem características únicas para o seu funcionamento, e que no caso do Pantanal, os estudos de campo devem levar em consideração seu pulso de inundação.

“Isso significa que as análises devem considerar os períodos de fase aquática e terrestre do ambiente, pois estes são pontos relevantes que devem ser considerados ao analisar, planejar ou restaurar esse ambiente”, destaca.

Porque a RPPN Sesc Pantanal?

Maior reserva particular do Brasil, com 108 mil hectares, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal, localiza-se no município de Barão de Melgaço, entre os rios Cuiabá e São Lourenço em Mato Grosso. Tendo o Serviço Social do Comércio (Sesc) como mantenedor, o trabalho que o Sesc Pantanal realiza na região envolve semente, bicho, planta e gente.

A Superintendente do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Christiane Caetano, ressalta que o projeto ‘Recuperação de Florestas Ribeirinhas Pantaneiras: beneficiando água solo, peixes e populações do entorno da RPPN Sesc Pantanal – Mupan RPPN Sesc’ representa a essência da instituição, principalmente neste momento tão importante em que a vida vai ocupando seu espaço novamente, após a passagem do fogo.

“A recuperação da flora passará pelas mãos de pantaneiros que tanto amam esse território. Para nós, isso é um marco e tem grande valor para instituição, pois, ao mesmo tempo em que a vida nativa é retomada na reserva, o mesmo acontece na comunidade, que garante seu sustento sem sair da sua terra. Afinal, tudo está conectado”, ressalta a Superintendente.

Christiane revela ainda que o projeto ‘Redes de Mudas e Sementes Pantaneiras” irá produzir e fornecer a “matéria-prima’ necessária para o andamento do projeto principal, ‘Recuperação de florestas ribeirinhas pantaneiras: beneficiando água, solo, peixes e populações do entorno da RPPN Sesc Pantanal.

“Ele é, portanto, essencial para a concretização desse trabalho de longo prazo, que servirá de modelo para implementações de novos trabalhos de Recuperação de Áreas Degradadas (RAD) em todo o Pantanal, sendo uma referência no bioma”, finaliza.

Diante da necessidade de preparar as populações do entorno da RPPN Sesc Pantanal para atuar na cadeia de restauração e recuperação das áreas degradadas, Cristina Cuiabália, gerente de Pesquisa e Meio Ambiente do Polo Socioambiental Sesc Pantanal revela que a intenção é envolver as famílias no projeto.

“Com objetivo de introduzir conteúdos ligados à importância da atividade de produção das mudas e coletas de sementes no âmbito da restauração dos ecossistemas pantaneiros e do Cerrado, serão abordadas instruções técnicas quanto à produção de mudas de espécies nativas dos dois biomas; manejo de coleta de sementes, com orientações voltadas para o conhecimento da biologia de cada espécie vegetal e procedimentos de coleta; armazenamento e transporte de sementes. Por fim, as famílias terão acesso às informações sobre o fluxo de produção, gestão do viveiro, procedimentos comerciais, prospecção de possíveis compradores, dentre outros fatores ligados à atividade”, conclui Cristina.