O que a ciência diz sobre grávidas em relação ao risco com a covid-19

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Numa coletiva de imprensa realizada na sexta-feira (16/04), o secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Raphael Câmara, recomendou que casais posterguem, se possível, os planos de gravidez em alguns meses em razão do agravamento da pandemia.

Câmara usou as novas variantes do coronavírus para justificar a nova orientação, apesar da falta de pesquisas publicadas a respeito do tema.

“Estudo nacional ou internacional não temos, mas a visão clínica de especialistas mostra que as variantes têm ação mais agressiva nas grávidas. Antes, o risco maior estava ligado ao final da gravidez. Mas, agora, vemos uma evolução mais grave no segundo trimestre e até no primeiro trimestre”, apontou.

O secretário ainda disse que o adiamento da gestação deve ser feito dentro da realidade de cada casal.

“Caso possível, postergar um pouco a gravidez para um melhor momento, para que você tenha uma gravidez mais tranquila. É lógico que a gente não pode falar isso para quem tem 42 ou 43 anos, mas para uma mulher jovem que pode esperar um pouco, é o mais indicado”, explicou.

Mas o que há de evidências sobre o risco de covid-19 para as futuras mães e seus filhos? E quais os cuidados devem ser tomados se você estiver grávida?

O que a ciência já sabe

Os nove meses de gestação são marcados por uma série de mudanças no corpo da mulher.

O sistema imunológico, por exemplo, sofre várias alterações. O objetivo é evitar que as células de defesa ataquem o feto, pois metade das informações genéticas que ele carrega vem do pai e não é familiar ao corpo da mãe.

Seguindo essa lógica, o bebê em desenvolvimento não deixa de ser um “corpo estranho”, que pode gerar uma resposta imune indesejada. E isso exige certas adaptações do organismo feminino.

Outra área afetada ao longo dos nove meses é a respiração. Conforme o útero cresce, ele começa a pressionar os órgãos do abdômen e o diafragma, o músculo envolvido diretamente no processo de inspiração do oxigênio e de expiração do gás carbônico.

Logo, não é de se estranhar que doenças infecciosas que afetam os pulmões sejam particularmente preocupantes nas grávidas: esse mix de comprometimento imunológico e respiratório as coloca numa situação de relativa vulnerabilidade.

É justamente por isso que essas mulheres fazem parte dos grupos prioritários das campanhas de vacinação contra a gripe que acontecem todos os anos no Brasil.

E os bebês?

A boa notícia é que as crianças não são particularmente afetadas pela infecção — nem antes e muito menos depois do parto.

Até o momento, um quadro de covid-19 ao longo da gestação não parece estar envolvido com casos de aborto espontâneo ou problemas no desenvolvimento do bebê.

A transmissão do vírus da mãe para o feto ou para o recém-nascido também é algo raro.

Uma pesquisa conduzida pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, não encontrou indícios do coronavírus em 127 amostras de plasma sanguíneo, cordão umbilical ou placenta.

Os achados foram publicados no Journal of the American Medical Association.

Uma outra investigação, realizada na Universidade da Califórnia em São Francisco (EUA), também observou que os recém-nascidos não apresentam complicações após suas mães serem diagnosticadas com covid-19.

A doença não alterou parâmetros importantes na hora do parto e nas primeiras oito semanas de vida, como peso ao nascer, dificuldades para respirar, quadros de apneia ou o aparecimento de infecções no sistema respiratório.

Com informações da BBC Brasil

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