Uma ação de solidariedade mobilizou servidores e reeducandos do Instituto Penal de Campo Grande (IPCG). A organização de um torneio beneficente de futebol uniu o esporte em prol da reinserção social e da conscientização solidária. Ao todo, 20 equipes disputaram o campeonato e foram arrecadados 710 litros de leite, beneficiando duas instituições sociais.
O sucesso da iniciativa contou, também, com a participação de servidores da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), e de outros internos que não jogaram, mas que doaram caixas de leite, contribuindo no grande número de produtos arrecadados.
Responsável pela organização das equipes, o interno Orivaldo Miguel Rodrigues, de 35 anos, encontrou no evento a oportunidade de distrair a mente e ajudar o próximo, ao mesmo tempo. “Todo mundo abraçou a ideia, me sinto realizado em saber que estamos ajudando quem precisa neste momento tão difícil que o mundo está vivendo”, revela o interno que cumpre pena há 10 anos.
A iniciativa tem como objetivo promover a harmonia no ambiente prisional através de uma prática saudável de lazer, além de contribuir com a sociedade atendendo a uma necessidade social e incentivando a mudança de comportamento dos custodiados.
De acordo com o diretor do presídio, Francisco Sanábria, a ação representou um ato nobre e envolveu a todos. “Todo ser humano tem seu lado bom e solidário, que tem sempre algo a oferecer ao próximo, e esse momento representa exatamente isso: união de esforços mesmo, além de contribuir com a tranquilidade dentro do presídio”, afirma o diretor, destacando que está previsto a realização de outro torneio filantrópico até o final do ano.
As instituições beneficiadas foram a Escolinha da Tia More, no bairro Canguru e Filhos da Misericórdia, da comunidade Cidade de Deus. Apesar de não terem atendimento presencial, os projetos sociais não param e atendem famílias carentes da região.
“Essa parceria com a agência penitenciária é maravilhosa, e nos mostra que o amor entre irmãos e a misericórdia de Deus ultrapassa qualquer muro”, desabafa a vice-presidente da Escolinha da Misericórdia, Delair Urias Coelho.
A instituição existe há oito anos e atende, atualmente, 30 famílias carentes da região. “Somos uma instituição social que depende de doações como essa, muitas crianças atendidas tomam o leite apenas oferecido por nós, então essa doação é realmente fundamental”, complementa Delair.
Atendendo diretamente 55 crianças e suas famílias, a coordenadora do projeto “Escolinha da Tia More”, Edileuza Luiz, comemora a doação. “Estamos há duas semanas com as portas fechadas, por falta de alimentação mesmo, e esses leites vem trazer esperança para essas pessoas e para nós é uma gratificação muito grande poder contar com o sistema penitenciário”, agradece.
Em outras ocasiões, a Agepen já contribuiu com outras doações como bolas esportivas confeccionadas por internos, assim como, alimentos, pães, calcinhas, panetones, máscaras faciais, leites, entre outros.
O diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, parabenizou a iniciativa que contribui na transformação de caráter e mudanças de hábitos dos apenados. “Isso demonstra que mesmo nos momentos mais difíceis que enfrentamos na vida, podemos sim estar ajudando alguém. Pode parecer pouco, mas pode mudar a história de pessoas, e somando o pouco se transforma em muito para o outro”, finaliza o dirigente.
Os jogos foram realizados em fevereiro na quadra do presídio e a doação foi entregue na última semana. A equipe campeã ganhou um troféu simbólico, que fica guardado na administração da unidade penal.
Também estiveram presentes durante a entrega o missionário redentorista, padre Agenor Martins da Silva, que levou uma mensagem de fé e gratidão aos internos; além do chefe da Divisão de Estabelecimentos Penais em substituição legal, Alírio Francisco do Carmo; o diretor-adjunto do IPCG, Wanderlei Cardoso, e servidores penitenciários.
Quem tiver interesse em ajudar as instituições, entrem em contato pelos telefones (67) 99625-1597 (Filhos da Misericórdia) e (67) 99322-0600 (Escolinha da Tia More).
Fonte: Governo do Estado de Mato Grosso do Sul