Quem visita o seu Moacir e a dona Regina em sua propriedade, de apenas um hectare, localizada no perímetro urbano de Campo Grande, não imagina que vai encontrar, literalmente, de tudo um pouco. Com uma alegria que só quem faz o que gosta transmite, eles falam que hoje trabalham e vivem em um verdadeiro paraíso.
Nesta área eles têm a concessão de uso e aproveitaram cada espaço disponível, para viver, trabalhar e cuidar da natureza. Há cerca de 12 anos, eles se dedicam à agricultura familiar e apostaram no cultivo de orgânicos e na área cultivam alface, rúcula, couve, abobrinha, mamão anão, limão, pocã, mandioca, cenoura, cebolinha, repolho, coentro e rabanete. Até mesmo pitaya e acerola. Além disso, no local tem muitas flores e uma agrofloresta cultivada para a preservação ambiental e dos animais silvestres.
Para Regina de Oliveira, de 64 anos, dos quais 40 são dedicados ao trabalho com a terra, o amor pela produção é um dos fatores que aumenta a produtividade, o segundo é a assistência técnica que recebem da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural). “Criamos uma área chamada agrofloresta, onde plantamos árvores frutíferas para preservação e para alimentar os animais”. Nesse local tem de coco a amora, pitanga, manga, abacate e por lá, consumindo os frutos, ela já viu cutia, tiu, quati, entre outros animais silvestres.
Com o conhecimento adquirido por meio dos técnicos que visitam a propriedade, Regina relata que conseguiu produzir todo o hortifrúti, de modo orgânico, ou seja, sem o uso de defensivos agrícolas. “Não foi fácil sair do convencional para o orgânico, foi difícil, mas não foi impossível, qualquer bichinho que eu via na terra já queria por veneno. Além da assistência técnica, a Agraer me ajudou com toda a documentação, com uma certificação que sem ela não poderíamos negociar. A pandemia não atrapalhou nada, afinal todo mundo come e a gente levanta cedo, todos os dias, para produzir”.
Com poucas palavras de quem prefere mesmo é o trabalho no campo, o senhor Moacir Santos Rodrigues é otimista e mostra com orgulho a sua produção. “Não tem dificuldade nenhuma, aqui não vai nada químico. A terra, o solo já tá preparado”.
Para o técnico de Desenvolvimento Agrário da Agraer/MS, Marcos de Oliveira Pereira, o projeto Hortas Urbanas, após as dificuldades de 2020, deverá ser ampliado ao longo deste ano. “Hoje atendemos cerca de 40 famílias e neste momento estamos ampliando para beneficiar mais 13. Fazemos o cadastro físico e no sistema, das informações do produtor, a nossa coordenação passa os dados para a Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia)”.
Após a Sedesc receber as informações dos produtores cadastrados, segundo Pereira, é realizado um check list de toda a documentação que os interessados vão ter que providenciar. “A Agraer fornece o acompanhamento técnico e a adubação orgânica, e também as orientações necessárias para aquela área”
Para o técnico da Agraer, projetos como o Horta Urbana são importantes porque geram renda para o produtor familiar. “A gente sempre procura trazer um entendimento ao produtor que a agricultura, ou qualquer atividade que exerça no campo e agora nesse incremento da cidade, é para gerar renda porque é através da renda que ele vai ter um bem-estar social, vai ter mais dignidade. Tem que ser encarado de uma maneira profissional”.
Responsável pelo atendimento nessa propriedade familiar, o gestor de desenvolvimento da Agraer, Martin Lopez dos Santos, ressalta que o trabalho desenvolvido pelo casal, com o apoio da Agraer e diversas instituições públicas e privadas, entre elas o Sistema S, é fundamental para o desenvolvimento local. “Essa propriedade é um grupo agroecológico, com agricultura orgânica e certificado, a família aqui selecionada, tem a permissão de cultivo. O produtor pequeno precisa desse suporte. Aqui no seu Moacir a área já tem a DAP – Declaração de Aptidão ao Pronaf, emitida pela Agraer com autorização do Governo Federal”.
Hortas Urbanas
O Hortas Urbanas, fruto de parceria entre o Governo do Estado e Prefeitura de Campo Grande, visa fomentar a agricultura familiar, gerar renda e melhorar os hábitos de consumo nas comunidades. O suporte se dá por meio da da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) e Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia de Campo Grande (Sedesc) no fornecimento de insumo inicial, como o adubo, matéria orgânica e material para construção; suporte para manutenção, com mudas e sementes de hortaliças; além de acompanhamento técnico periódico.
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