Projeto Quilombo em Atividade inicia segunda etapa com capoeira e cursos

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Em março, inicia a segunda fase do projeto “Quilombo em Atividade” com foco na capoeira e cursos para elaboração de projetos e inclusão étnico-racial.

Com a proposta de salvaguardar o patrimônio imaterial, memória e cultura, do quilombo São João Batista, o projeto “Quilombo em Atividade” dará início a sua segunda fase, com: vivência em Capoeira Angola, curso para elaboração de projetos culturais e capacitação de professores para inserção da temática étnico-racial, afro-brasileira, no currículo escolar.

Os cursos estão previstos para iniciarem a partir do dia 1º de março. “Serão três atividades nesta segunda fase do projeto e, em seguida, o lançamento do site com as audiografias [fotos e áudios]: entrevistas, com narrativas de moradores do quilombo”, explicou a artista visual e uma das idealizadoras do projeto, Vanessa Bohn.

A construção do projeto “Quilombo em Atividade” também contou com a colaboração dos capoeiristas Rafael de Sá e Marcos Vinicius Campello Jr. Este último que é proponente do trabalho que foi contemplado com recursos do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura (FMIC/2019), da Sectur – Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campo Grande.

Programação

Os interessados em participar dos cursos deverão preencher um formulário que será disponibilizado no Instagram (@quilomboematividade), por meio de um link na bio – com todas as informações e passo a passo necessário. “Após as inscrições, faremos grupos no whatsapp com as coordenadas necessárias para darmos início as atividades. O formato online foi a escolha necessária neste processo de pandemia que estamos vivendo”, justifica Vanessa.

A vivência em capoeira angola está programada para 1º de março a 21 de abril (segundas e quartas-feiras),  das 20h às 21h30, com o capoeirista Rafael de Sá, do Grupo Anunciando a Consciência Negra com os Meninos de Angola.

Já o curso de formação de professores “Cultura Afro-brasileira”, ficará a cargo do geógrafo e capoeirista, Marcos Vinicius Campello Jr, e será realizado de 6 a 27 de março, aos sábados, a partir das 9h. Enquanto o “Laboratório de Projetos” será executado pela produtora e artista visual, Vanessa Bohn, de 30 de março a 13 de abril (terças e quintas-feiras), das 20h às 22h.

 “O curso de formação para professores tem o intuito de contribuir para a inserção da história e cultura afro-brasileiro na sala de aula, destinado à educadores da rede pública e privada, com foco nas leis n.º 11.645/2008 e 10.639/2003. Algo que na prática a gente sabe que não é efetivo no ambiente escolar, salvo algumas exceções. O que se vê, nos colégios, é o desenvolvimento da temática apenas no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. “É URGENTE entendermos que a população afro-brasileira tem uma história traçada neste país, que precisa constar nos livros e no imaginário brasileiro. Esse é um passo fundamental no combate ao racismo e na luta pelos direitos humanos”, argumenta ela.

A vivência em capoeira angola e o laboratório de projetos serão estendidos a outros Quilombos do Mato grosso do Sul que queiram participar desse fortalecimento de cultura. “O Quilombo São João Batista foi generoso conosco ao abrir às portas da comunidade para o projeto. Agora, queremos contribuir com a comunidade que é engajada pela igualdade de direitos, através de atividades que atendam demandas da comunidade “.

Inicialmente, a proposta era que todo o projeto fosse realizado de forma presencial. “A pandemia pegou todos de surpresa e com a gente não foi diferente. Tivemos alguns desafios, contudo, agora, pensamos em abrir as atividades para um público maior. A capacitação de professores, por exemplo, será ampliado também a mais profissionais da educação [educadores] e pessoas interessadas no assunto”.


A segunda fase do Quilombo em Atividade promete muito mais. “Entre o final de março e começo de abril, lançaremos o site com as audiografias da Comunidade São João Batista. A sobreposição poética de fotos e áudio resultarão em um resgate das narrativas, memórias e saberes deste povo que faz parte da história de Campo Grande, e valorizando o conhecimento através da história oral e do lugar de fala da comunidade. O projeto tem como foco documentar visando a preservação cultural e a democratização da história brasileira”, finaliza Vanessa Bohn.

São João Batista

O quilombo é situado no bairro Pioneiros, região sul de Campo Grande. A história dessa comunidade passa a ser contada a partir da matriarca da família Anunciação e Bispo, Srª Maria Rosa Anunciação, mãe de 9 filhos, filha de negros escravizados originários da Bahia e Minas Gerais.

Ela que fez uma promessa  ao santo, São João Batista, por conta de uma gestação complicada e, que após a graça concedida, passou a realizar a festa que virou tradição familiar. Celebração iniciada, em 1922, em Coxim e que passou a ser realizada em Campo Grande a partir de 1945. Ano que Maria Rosa veio com a família para a cidade em busca de uma vida melhor.

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