Durante pandemia, jovens dão exemplo e evitam aglomerações para evitar contaminação

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Dados do Painel Mais Saúde do Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Estado de Saúde, mostram que os jovens são os que mais têm sido infectados pelo coronavírus em Mato Grosso do Sul, porém são os que menos vem a óbito, portanto os que mais conseguem recuperar-se da doença.

Atualmente, dos 114.631 casos confirmados (informação do dia 15/12), 20%, ou seja, 23.468 pessoas têm entre 20 e 29 anos, além disso, 24% possuem entre 30 e 39 anos, o equivalente a 27.956 pessoas.

Mas se por um lado, são os jovens que mais contraem a doença, são eles os que mais se recuperam, principalmente, porque são do grupo que geralmente apresentam menor índice de comorbidade. Somando as duas faixas etárias (20 a 39 anos), as mortes atingem 4% do total, enquanto que a recuperação é de 46%.

Os números mostram o que a secretária-adjunta, Christine Maymone, tem reafirmado constantemente, nas transmissões ao vivo, de que ao participar de eventos com aglomerações, os jovens podem ser os transmissores dos vírus aos grupos de risco. “Se for necessário sair, para trabalhar ou outros motivos importantes, evitem aglomerações, usem máscaras, mantenham o distanciamento e higienizem as mãos”.

A afirmação da secretária adjunta é explicada justamente porque do lado oposto, os mais idosos, os de grupo de risco que estão acima dos 60 anos, alcançam os 76% dos óbitos pelo vírus e apenas 11% dos recuperados.

Para a psicóloga, especializada em stress e mestre em psicologia, Raquel Icassati Almirão, um agente complicador é que o jovem, entre 20 e 39 anos, é o que está na fase mais ativa, inclusive em relação à profissão e, por isso, há uma maior dificuldade com isolamento. “Eles estão buscando ocupar seu lugar, desenvolver profissionalmente, para poder construir sua independência de uma maneira satisfatória e estável”.

Segundo a especialista, a pandemia aumentou o nível de stress de uma forma geral. “É difícil relacionar comportamento e sanidade mental, nesse cenário. É preciso adotar comportamentos de autocuidado e de cuidado com o próximo.

Para a especialista, há os dois perfis, os jovens mesmo sabendo as medidas de segurança, tem um comportamento exagerado para mais. “A pessoa que julga ou que oprime as pessoas que estão fazendo o adequado, e o razoável, dentro da avaliação da consequência dos seus atos. Sai para trabalhar, assim sendo necessário, com as medidas de autocuidado”. Por outro lado, tem os jovens que ignoram, que desprezam, resistem às determinações, ao mínimo uso e adequado das medidas de segurança. “Alguns usam explicações variáveis, que precisam sair porque estão estressados, porque precisam voltar à vida, cada um tem uma justificativa”.

Bons exemplos

Há quem saiba e reconheça a importância do autocuidado e do cuidado ao próximo em tempos de pandemia e tem seguido à risca as orientações das autoridades. Como é o caso do jovem cabeleireiro e barbeiro, de 27 anos, Jonathas Lima Nunes da Cunha. “Eu me vejo com um cara consciente. Desde o começo da pandemia, há mais ou menos 10 meses, eu procuro ficar em casa, saindo apenas para trabalhar”, afirma o jovem.

Ele explica que se preocupa em se manter saudável porque não quer parar de trabalhar e essa balança, saúde x sustento, depende de cautela e atenção com as medidas de biossegurança. “Eu sou autônomo, trabalho por rendimento, então se eu tiver qualquer tipo de sintoma ou, infelizmente, pegar a doença, são duas semanas que eu não vou receber, então, eu coloco na balança: um final de semana de diversão ou o trabalho”.

Para fugir da ansiedade de ser jovem e não poder curtir uma ‘balada’, Cunha foca em seus objetivos. “Estudo para aprimorar minha profissão, descanso”.

Se por um lado é o trabalho que influencia Cunha a se privar das festas e evitar aglomeração, este é o mesmo fator que permite o estagiário de jornalismo, Wesley Alexandre Oliveira de Souza, de 27 anos, a ficar em casa por mais tempo e cuidar da saúde.

Isso porque onde ele atua, em uma agência de comunicação, é possível fazer home office e para passar por esses momentos em que é importante permanecer em casa, ele precisa procurar alternativas manter o equilíbrio emocional. “Eu nunca me preocupei com a minha saúde mental, mas eu vi com a pandemia que isso também é importante. Chegou um momento da quarentena que eu me senti muito sozinho, então eu criei uma espécie de bolha, onde cultivei coisas boas, mentalmente falando, porque até então era trabalhar e ler notícias ruins. Então eu pego o violão e toco para esfrio a cabeça, comecei a fazer coisas que não tinha tempo, assistir filmes e séries. Outra coisa importante é fazer a videochamada com meus familiares e amigos”.

O jovem tenta traduzir o que todos, independentemente da idade, têm sentido durante esse período. “É uma mistura de sentimentos: de desespero, de medo, raiva, é esperança que vem e que vai, e assim a gente vai tentando sobreviver nesse mar de emoções, tentando se adaptar à nova rotina”.

Não sair de casa é muito complicado para quem é jovem, avalia o acadêmico, que ressalta ainda: “é necessário e importante. São processos que ficam travados e projetos de vida que ficam em segundo plano, sem uma perspectiva ainda de quando vamos poder retomar”.

Wesley relata que traz um sentimento de revolta ao ver, em redes sociais, vizinhos, amigos e conhecidos que provocam aglomerações. “A impressão é que só você está vivendo este momento”.

“Com mais de 181 mil óbitos no Brasil e hospitais lotados, isso é motivo mais do que necessário para que a gente respeite os protocolos e fique em casa o máximo possível, que a gente se cuide e se eu não me cuidar eu vou contribuir para a propagação do vírus. A empatia é o que me motiva para ficar em casa. Devemos deixar de lado o egoísmo e pensar na coletividade ”, resume.

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