Sem restrição de mobilidade, casos de Covid disparam. Autoridades pedem consciência coletiva

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As taxas de isolamento social mapeadas pela In Loco desde o início da pandemia da Covid-19 mostram que apenas nos primeiros dias da doença no Estado a média de pessoas que procuraram manter o distanciamento atingiu patamares favoráveis ao controle da doença pela Organização Mundial de Saúde, em torno de 60% a 70%.

O registro que utiliza dados anonimizados de geolocalizadores de celular é apenas uma das diversas ferramentas desenvolvidas para nortear as ações dos gestores de todo o Brasil. Os registros apontam que 22 de março (domingo) foi a única vez que o indicador mapeou 63% de isolamento social no Estado.

O segundo melhor índice de MS é do domingo subsequente, 29 de março, com média de 59%. Depois disso, as médias mapeadas variam entre 55% (5.4) a 31,4% (3.11). Vale reforçar que os primeiros casos confirmados da doença em Mato Grosso do Sul datam 14 de março. Na Capital, Campo Grande, o melhor índice registrado também é do dia 22 de março, com índice de 64%. A menor já registrada na Capital foi de 30 de outubro, com 30,6%.

Embora nunca tenha existido de fato um isolamento da população, os cuidados essenciais para prevenção da doença parecem ter sido deixados de lado por uma grande parcela da população. Os frutos desse comportamento têm refletido diretamente no número de pessoas diagnosticadas com a Covid-19 e consequentemente na taxa de ocupação de leitos hospitalares. A situação vem preocupando autoridades, entidades médicas e órgãos de saúde pública.

“Nós não podemos deixar que o sistema de saúde não atenda um sul-mato-grossense sequer. Essa é nossa angustia ao pedir que cada um tenha consciência, mais do que uma discussão judicial ou uma lei ou um decreto, que se for necessário nós faremos, essa é a nossa responsabilidade, mas acima disso está a consciência de cada um de vocês, esse é o principal”, enfatiza o secretário de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel.

Desde janeiro a administração estadual vem atuando na estruturação da saúde no Estado, e cabe aos municípios, por meio das recomendações do Programa Prosseguir, adotarem ou não medidas restritivas para conter o avanço dos casos de Covid. “Algumas unidades hospitalares, privadas, já anunciaram que estão com 100% de ocupação. Temos acompanhado isso e damos total suporte a ação da SES no que diz respeito a essa estruturação do sistema de saúde. E essa é nossa grande angústia, aumentamos leitos, discutimos com as prefeituras em conversa permanente sobre a preocupação em relação a essa evolução”, pontua.

“Nesse momento a gente pede a consciência de cada cidadão, é muito importante não sair desnecessariamente, não aglomerar. E de novo, não é só o cuidado com a sua própria saúde. Que a gente pense no coletivo, que a gente proteja o sistema de saúde”, finaliza.

Em uma publicação em suas redes sociais o infectologista referência no País e pesquisador da Fiocruz, Julio Croda, falou sobre essa corresponsabilidade. “Quando o adoecimento por Covid-19 impacta na vida do outro, não é só questão de escolha. Alguém que ficar doente vai utilizar o leito de UTI e vai ocupar a vaga de outro que precisa. Não existe livre arbítrio quando o número de leitos de UTI é limitado tanto no setor privado quanto no público”.

Nesta terça-feira (1) Mato Grosso do Sul registrou mais de mil novos casos de Covid, atingindo a marca de 100.151 casos da doença no Estado.