Filosofia sobrevive a diversos períodos da história

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Hoje, dia 16 de agosto, é comemorado o Dia do Filósofo. Mas você sabe por que a Filosofia é tão importante para a nossa vida e como podemos inseri-la no nosso dia a dia? Conversamos exatamente sobre isso com o professor de Filosofia da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul, Cesar Augusto Floriano dos Santos.

De acordo com o docente, a Filosofia, como uma das Ciências Humanas, é a área do conhecimento que trata do aspecto do homem e pode servir desde o autoconhecimento até as tomadas de decisões ao longo da vida, como também ajudar no convívio social e o simples fato de desenvolver em nós a capacidade de raciocínio e questionamentos sobre a existência e sobre o mundo. As grandes áreas da Filosofia abordam, por exemplo, a Ciência, a Estética, a Ética, a Linguagem e a Política.

“Podemos usar a Filosofia como ferramenta para compreender temas como imediatismo, angústia, comparações e amor-próprio. Ela aborda questões cotidianas como o mundo político, as redes sociais entre outros assuntos por meio de pensadores clássicos. Pensar a Filosofia na prática é pensar sobre o que estamos fazendo e como estamos vivendo”, analisou.

Cesar sempre teve o sonho de ser jornalista e em 2005 concluiu o curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo, mas ele conta que a Filosofia aconteceu na sua vida e que seu interesse pela disciplina surgiu durante estágio em 2009 na Escola Estadual Joaquim Murtinho, onde hoje é professor.

“A Filosofia é uma disciplina do ensino médio na Rede Estadual de Ensino em Mato Grosso do Sul. Eu leciono no 1° ano na Escola Estadual Professora Fausta Garcia Bueno e no 2° e 3° ano na Escola Estadual 26 de Agosto. Além de Filosofia eu sou professor das disciplinas de Projeto de Vida, Pós-Médio e Pesquisa e Autoria na Escola Estadual Joaquim Murtinho. Este ano tem sido um grande aprendizado trabalhar pela primeira vez no ensino fundamental.”

Em 2020 a pandemia de coronavírus chegou ao Brasil e alterou a rotina da maioria das pessoas. Com Cesar não foi diferente. Ele começou a lecionar através de aulas gravadas para televisão e no Google Sala de Aula, mas como não atuou em frente às câmeras após a conclusão da sua faculdade de jornalismo, as aulas na TV aberta tem sido a realização de um sonho.

“A pandemia alterou a rotina da maioria das pessoas, inclusive a minha. Hoje o estúdio de televisão virou a minha sala de aula e quando eu olho para as câmeras é diferente de estar à frente da minha turma e ensinar, em média, 40 estudantes. Pelo sinal de transmissão, além de Campo Grande, a aula chega em Paranaíba, Cassilândia, Aparecida do Taboado, Chapadão do Sul, Costa Rica, Três Lagoas, Corumbá, Bonito, Dourados e Ponta Porã. Mais de 360 mil estudantes de todas as redes (pública e privada) estão sendo beneficiados com a veiculação das aulas e claro que eu sinto um frio na barriga e ao mesmo tempo uma realização profissional e pessoal. É uma rotina completamente diferente, exaustiva, mas gratificante”, afirmou Cesar.

Com o dia a dia diferente do habitual, Cesar considera que esse momento pode ser analisado com um olhar filosófico, seja do próprio questionamento, de indagarmos sobre nossos hábitos, responsabilidade, autocuidado e do cuidado com o outro. De ainda nos perguntarmos o porquê de tudo isso estar acontecendo.

Ele destaca ainda que a dialética de Sócrates pode ser evidenciada nos diálogos entre os diversos setores para minimizar os impactos da pandemia de coronavírus e trazer a luz respostas que não sejam vagas e imprecisas.

“Quando fomos surpreendidos pela pandemia, o primeiro olhar filosófico para este período que eu tive foi a Caverna de Platão. O mito da caverna é uma metáfora criada pelo filósofo grego Platão, discípulo de Sócrates, presente na obra A República, que consiste na tentativa de explicar a condição de ignorância em que vivem os seres humanos e o que seria necessário para atingir o verdadeiro mundo real. A busca pelo conhecimento verdadeiro é se libertar das correntes que aprisionaram os homens da caverna.”

E neste período em que vivemos o servidor acredita que “ficar na caverna” representa a atitude mais sábia. Como a Filosofia nos leva a reflexão, esta foi a primeira atividade proposta por ele logo que as aulas presenciais foram suspensas.

“A Atividade Pedagógica Complementar sugerida aos estudantes do 1° ano do ensino médio da Escola Estadual Profª Fausta Garcia Bueno foi leitura do fragmento deste diálogo e a associação com a crescente pandemia do coronavírus, trazendo a luz do conhecimento deste pensamento para os dias atuais e levando em consideração qual seria a atitude racional mais sábia hoje. Diante das notícias falsas, também solicitei pesquisas na internet sobre os mitos e verdades da doença, tendo em vista que o sentido filosófico da caverna é a falta de conhecimento ou o conhecimento distorcido e o mito faz referência à ignorância do ser humano”, relembrou.

Outra atividade proposta por Cesar foi o estudo sobre os principais filósofos da Idade Moderna, como René Descartes, Francis Bacon e John Locke, onde os estudantes foram convidados a produzir histórias em quadrinhos afim de analisar os pensadores para uma compressão fundamentada em suas teorias, relacionando e compreendendo a sua utilização em nosso meio social.

“Parte-se do pressuposto para que uma determinada disciplina faça sentido ao estudante contemporâneo é preciso considerar as multiplicidades linguísticas a que este está conectado, tais como, memes, tirinhas e charges, ou seja, textos que garantem a informação com uma maior rapidez”, disse o professor.

Atividade desenvolvida por João Guilherme Alves da Silva, estudante do 2° ano do ensino médio da Escola Estadual 26 de Agosto

Ao refletir sobre a pandemia de coronavírus, Cesar acredita que um grande aprendizado será sobre a descoberta de que precisamos desenvolver competências socioemocionais, que são habilidades humanas, para nos equilibrar e fortalecer as relações entre as pessoas.

“Muitas são as lições que a pandemia tem nos ensinado, mas a amabilidade, a resiliência emocional e a abertura ao novo são macrocompetências que envolvem a empatia, a responsabilidade, a tolerância ao estresse, a tolerância a frustração e a curiosidade para aprender”, destacou.

E contextualizando com os dias atuais, onde muitas pessoas estão desesperançosas, Cesar recorda que no decorrer da História da Filosofia também nos deparamos com o ceticismo, que é a falta de crença.

“Ao invés de se opor aos eventos naturais, o sábio é aquele que conduz a própria vida e encontra a felicidade nas coisas que podemos controlar, como por exemplo, manter o protocolo das medidas de biossegurança: usar máscaras, lavar as mãos com água e sabão, manter o distanciamento social e demais medidas apontadas pela Organização Mundial da Saúde para evitar a contaminação e uma possível perda pelo coronavírus, doença que já soma mais de 105 mil mortes no Brasil”, finaliza.

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