Estado anuncia ações para minimizar impactos do coronavirus no turismo

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A atividade do turismo em Mato Grosso do Sul deve voltar à sua normalidade somente no segundo semestre deste ano, em razão da pandemia causada pelo coronavirus, mas o Estado se beneficiará com um novo cenário que se desenha: a mudança de hábitos do turista, que vai retomar suas viagens buscando destinos com baixa densidade demográfica. Um diferencial que vai tornar o turismo regional mais competitivo.

Dentro dessa perspectiva, a Fundação de Turismo do Estado (Fundtur/MS) prepara três fortes campanhas promocionais, para lançamento em momento oportuno, e ainda esta semana publica editais de promoção de eventos para 2021, com o apoio do Ministério do Turismo e do Sebrae. Outra medida visando fortalecer o setor é o alinhamento com o Procon/MS em relação a negociação dos operadores e clientes com viagens agendadas.

“Temos dialogando constantemente com o trade turístico visando mensurar os impactos e entender o comportamento dos clientes e a porcentagem de pacotes cancelados”, afirma o diretor-presidente da Fundação, Bruno Wendling. “Com o Procon definimos um acordo, semelhante ao obtido pelas aéreas, onde as agências, hotéis e barcos-hotéis poderão dar um crédito ao cliente ou ressarcir as reservas pagas um ano após a pandemia”, explica.

Novo perfil do turista

Não havendo essa flexibilização na remarcação ou garantia de pagamento posterior das viagens agendadas, segundo Wendling, as empresas de turismo e a rede hoteleira vão quebrar, gerando desemprego e crise no setor. Ele projeta, num cenário otimista, que a atividade volte a operar no segundo semestre de 2020, mas dentro da normalidade somente em 2021, “por mais que tenhamos entrado mais na prateleira de consumo dos brasileiros”.

Na retomada dos deslocamentos dos turistas, a Fundtur/MS aposta em mudanças no perfil desse segmento, com os brasileiros buscando passeios em família e destinos próximos e pouco densos, optando por contemplação da natureza às praias lotadas. “Nosso Estado se beneficiará por conta da mudança no mercado pelo seu diferencial, se tornando mais competitivo no nosso principal atrativo, que é o ecoturismo”, observa Bruno Wendling.

As campanhas de promoção do destino, em desenvolvimento, vão focar o turista interno e o nacional, estimulando o sul-mato-grossense a conhecer as belezas naturais do Estado e as viagens domésticas. “Temos que pensar em novas formas de fazer turismo. Os hábitos irão se modificar, vejo que a busca por destinos com baixa densidade se intensificará, aumentando o regional e o rodoviário, e temos que estar preparados para atuar em cenários futuros”, disse.

Medidas de socorro

Bruno Wendling adiantou que além das ações de suporte ao trade turístico, o Governo do Estado, por meio da Fundtur, encaminhou ao Ministério do Turismo o pedido de medidas emergenciais para minimizar os efeitos da crise nas empresas do setor. A iniciativa está alinhada às reivindicações apresentadas pelo Fornatur (Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes do Turismo), do qual é presidente, ao governo federal.

Em reuniões virtuais, inclusive com o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, o Fornatur elencou quais são as ações prioritárias neste momento. “Queremos novas facilidades de crédito e não as que estão em vigor agora. Também sobre taxas e impostos, tarifa mínima de energia e inclusão do BNDES no Fungetur de modo que os recursos disponíveis aumentem, pois acreditamos que R$ 300 milhões é muito pouco para o turismo no Brasil”, afirma Wendling.

Entre as medidas, cita a necessidade de auxílio no pagamento da folha durante pelo menos quatro meses e que o crédito seja também acessível a quem está negativado. Lembrou que algumas das medidas de crédito já anunciadas não chegam a ser novas e reitera que é consenso entre os secretários que os bancos precisam ir além. “Sabemos que o Ministério do Turismo e o governo federal estão imbuídos disso, mas precisamos de uma resposta rápida”, disse.

Outra ação considerada primordial pelo Fornatur é uma campanha de estímulo às viagens domésticas encabeçada pelo ministério, em um momento oportuno pós-crise, quando seja realmente seguro se deslocar. “Isso deve ocorrer em um ou dois meses. Pedimos que a estratégia seja conjunta com os estados e que a gente participe do processo de construção para que, no segundo semestre, o turismo possa seguir a sua vida”, finaliza.