Rede Cegonha no HRMS salva vidas e é referência nacional

227
Foto: Saul Schramm

Proporcionar às mulheres saúde, qualidade de vida e bem-estar durante a gestação, o parto, pós-parto, e o desenvolvimento da criança até os dois primeiros anos de vida. Este é o objetivo da Rede Cegonha, implantado no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) desde 2011 nas unidades de Campo Grande e de Dourados, através do programa do Ministério da Saúde, que escolheu MS como um dos 17 Estados participantes. 

Um dos objetivos da Rede é reduzir a mortalidade materna e infantil e garantir o acolhimento da mãe e do bebê, institucionalizando um modelo de atenção ao parto e ao nascimento. Médicos, equipe de enfermagem, técnicos e profissionais de saúde, são qualificados para sistematizar as técnicas em todas as fases: pré-natal, parto, puerpério, planejamento familiar e atendimento específico à mulher vítima de violência. Todos os serviços oferecidos pelo SUS. 

Na prática a Rede Cegonha é um conjunto de ações que se inicia logo na primeira visita da gestante ao HRMS, durante a triagem que avalia o risco obstetrício. Caso haja algum problema, seja no início ou final da gestação, a internação é imediata. O médico pediatra e Coordenador da Linha Materno Infantil, Dr. Alberto Cubel Junior, ressalta que nenhuma paciente sai do hospital sem o atendimento adequado. “Somos referência de hospital Cegonha no Brasil”, destaca.

Coordenador da Linha Materno Infantil do HRNS, Dr. Cubel aponta gráficos do atendimento mensal

A importância do pré-natal

Vai longe o tempo em que a gestante ou parturiente ficava sozinha no hospital. Com o atendimento humanizado, ela tem direito a uma acompanhante 24horas por dia, inclusive com direito a entrar na sala de parto. “Ter acompanhante durante o processo é algo muito importante para a mulher”, diz Dr. Cubel.

O hospital faz uma média de 180 partos por mês. Desses, cerca de 90 são partos normais. O médico explica que após a 37ª de gravidez, a gestante tem o direito de escolher o método do parto. “Infelizmente muitas ainda optam pela cesárea, por medo do parto normal”, lamenta, explicando que este receio, muitas vezes é fruto de desinformação. Por isto os exames e o acompanhamento no pré-natal são tão importantes, inclusive para dissipar as dúvidas da gestante. 

Apesar do pleno acesso – inclusive através das 11unidades de Saúde de atendimento do município que fazem parte do Cegonha -, nem todas se preocupam com esta fase da gravidez. No HRMS o pré-natal é feito apenas em gestante de risco. E por ser um hospital público, recebe um grande número de mulheres que fazem uso de substâncias químicas ou são portadoras de doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis. “É uma grande preocupação o número de pacientes portadoras de DST”, revela. A falta do histórico médico da paciente, como a caderneta da gestante com informações das consultas, pode dificultar o processo do parto.

Caderneta da gestante é instrumento importante na avaliação de riscos

A Rede Cegonha abrange crianças de 0 a 24 meses de idade e tem cuidados especiais no tratamento intensivo. Para isto o Hospital conta com três setores: a UTI Neo Natal, a Unidade Intermediária (Unem) e a Uncinca, intitulada Canguru, destinada aos bebês que precisam ganhar peso antes de irem para casa. “Se necessário, eles podem ficar até três meses na unidade”, sempre junto com suas mamães que têm um setor exclusivo para acomodá-las. “A presença da mãe faz toda a diferença na recuperação do bebê”, diz Dr. Cubel, explicando inclusive que o Oxímetro (aparelho que mede a saturação do oxigênio no sangue arterial e a pulsação) acusa mudança na frequência cardíaca quando a mãe está perto. A visita dos irmãos menores aos pacientes, também é uma dos procedimentos adotados na Rede Cegonha. Elas acontecem toda quarta-feira, no horário da tarde, sempre com supervisão de uma psicóloga e os devidos cuidados de higiene. 

Qualificação e aprimoramento

 Com a qualificação de Hospital de Ensino desde 2010, vinculado ao curso de Medicina da UEMS, o HRMS também recebe alunos da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), inclusive para residências médicas. O título é concedido, sobretudo pelas inovações e projetos do quadro clínico. Desde 2017, por exemplo, o hospital adota o   Projeto Ápice On, para aprimorar a Rede Cegonha.

Médicos, enfermeiros (as) e todos os profissionais de saúde, passam por treinamentos e cursos onde aprendem, além de técnicas de atendimento, a trabalhar como equipe multidisciplinar. Tudo com supervisão do Ministério da Saúde.  E foi exatamente esta sintonia de trabalho que possibilitou a recente cirurgia do recém-nascido, que envolveu 50 profissionais de diversas áreas. “Tenho muito orgulho deste hospital”, atesta o pediatra que trabalha na instituição desde 1997.