A partir da próxima segunda-feira (27), cerca de 500 profissionais de saúde vão começar a receber capacitação sobre a implementação do Método Wolbachia que ocorrerá este ano aqui na Capital.
O Método Wolbachia consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais e gerar uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia.
A Wolbachia é um microrganismo intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti. Quando presente nestes mosquitos, ela impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do mosquito, contribuindo para redução destas doenças.
Uma vez que os mosquitos com Wolbachia são liberados no ambiente, eles se reproduzem com mosquitos de campo e ajudam a criar uma nova geração de mosquitos com Wolbachia.
Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça alta sem a necessidade de novas liberações.
Este método de controle das arboviroses foi desenvolvido na Austrália pelo World Mosquito Program e atualmente opera em 12 países e mais de 20 cidades. Campo Grande será o próximo município brasileiro a receber a iniciativa. No Rio de Janeiro/RJ e Niterói/RJ, o Método Wolbachia é implementado desde 2014 e já existem dados preliminares que apontam a redução das doenças.
“Antes das liberações, fazemos o engajamento da população, que é uma fase em que dialogamos com os moradores para apresentar como o Método Wolbachia funciona e tirar as dúvidas”, explica o entomologista e gerente de projetos do WMP Brasil, Gabriel Sylvestre.
As capacitações dos agentes de saúde ocorrerão até o dia 03 de fevereiro. Depois, os profissionais começarão a realizar as atividades junto à comunidade.
De acordo com o gerente do WMP Brasil/Fiocruz, as liberações de mosquitos ocorrerão em fases e deverão ocorrer até 2023 para cobrir todo o município. “Cada rodada de liberação dura cerca de 16 a 20 semanas. Todos os mosquitos soltos têm Wolbachia que é uma bactéria que só vive dentro da células dos mosquitos, ou seja não pode ser transmitidas para seres humanos e animais.”
Sylvestre ainda enfatiza que o Método Wolbachia não envolve modificação genética e é uma medida complementar. A população e o governo devem continuar a fazer todas as ações para o controle da dengue, zika e chikungunya.
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