O agronegócio começou a se estabelecer definitivamente em Mato Grosso do Sul nos anos 1970, provocando transformações significativas em algumas regiões do Estado. A soja já estava implantada no Sul do País, mas com o preço da terra se elevando, houve um êxodo de pequenos agricultores para Mato Grosso do Sul (onde as terras eram bem mais baratas). São eles que dão início ao plantio da oleaginosas. A partir desta época a força dos dois setores (pecuária e agricultura) se une no termo agronegócio.
Pecuarista e empresário, Leonardo de Barros lembra que a pecuária antes era feita em áreas onde antes existiam pastagem nativas. A primeira estrutura começou há três séculos com os Campos de Vacaria, Maracaju Ponta Porá (áreas nativas) e Pantanal. A grande virada (meados dos anos 70) acontece com a introdução da braquiária, oriunda da África, que mudou todo o cenário. Antes dela, existia dois tipos de capim nativos, colonião e Jaraguá, as áreas de pecuária eram restritas, porque havia necessidade de desmatar. As terras, segundo ele, tinham que ser férteis e a agropecuária era restrita. Mas a braquiária se adaptou e se expandiu por todo o Brasil central como uma praga. “Uma boa praga”, corrige.
Entre os anos 1980 e 1990 temos uma década de acomodação de implantação desta nova agricultura. É quando começa um boom de tecnologia no agronegócio. Em apenas 15 anos Mato Grosso do Sul passa do quarto lugar para o primeiro no ranking de produtor mundial. “Na área da pecuária a gente abatia um animal com cinco anos e depois passou a abater com dois anos”, conta Barros, explicando que o motivo foi a intensificação da genética, pastagem de melhor qualidade e a sanidade. Tudo isto criou um ambiente para o animal desenvolver mais rápido. Ao mesmo tempo o produtor, que antes precisava de dois hectares para um animal, passa a ter dois animais em apenas um hectare.
Boom de tecnologia no agronegócio aconteceu entre 1980 e 1990
A agricultura avançou ainda mais, de acordo com Barros. “Somos o único País do mundo que consegue fazer duas safras – duas e meia – no mesmo ano agrícola”, e isto, segundo ele, graças ao plantio direto, agricultura de alta precisão. Com a introdução da tecnologia, o brasileiro finalmente descobriu que nos Trópicos não tinha impedimento climático. “Hoje não precisamos mais mexer na terra e usamos muito menos defensivos agrícolas que antes”, atesta. Mato Grosso do Sul só perde em produtividade para os EUA (agricultura) na questão do milho, mas ano a ano está diminuindo a diferença. “Estamos chegando lá”, entusiasma-se.
A estrutura que transformou o agronegócio, de acordo com análise de Barros, também transformou a sociedade. “Essas pessoas que fizeram a revolução tecnológica não tinham muito estudo, eram simples, mas eram pessoas abertas a ciência e inovação e queriam melhorar de vida”, narra. A transformação, que segundo Barros, aconteceu de forma silenciosa e rápida, é uma verdadeira revolução. “A história dessas pessoas precisa ser contada de forma verdadeira. São pessoas que vieram de outros estados, mas agora são sul-mato-grossenses”, avalia.