A reação do paciente Jair Xavier da Silva, 69 anos, ao receber a visita do seu cachorrinho de estimação no Proncor, emocionou toda a equipe de enfermagem presente no quarto. Internado há mais de duas semanas por conta de gastroenterite, o paciente estava agitado, com quadro de demência, quando a filha, que mora na Inglaterra, foi autorizada a levar o cãozinho ao hospital. A visita, de meia hora, teve direito a abraços demorados, muitas lágrimas e uma alegria tão grande que o senhor Jair queria passar a noite acordado conversando. No dia seguinte, ele concordou, pela primeira vez, em fazer os exercícios de fisioterapia que ajudaram bastante na sua recuperação. E ele já está em casa.
O paciente foi um dos primeiros a se beneficiar do programa implantado há três meses pelo hospital, cuja intenção é humanizar o tratamento e dar mais conforto aos que ficam mais tempo internados. A liberação dos pets nos hospitais já virou lei e acabou de ser sancionado pelo Governo do Estado. Por enquanto, diz a responsável pelo setor de relacionamento do hospital, Natália Alcântara, os pedidos para levar bichinhos de estimação às visitas ainda são tímidos. “Acho que vai demorar um pouco para as pessoas assimilarem a novidade”. Mas a equipe do Proncor, segundo ela, está incentivando os pacientes. Por enquanto, apenas quem está internado em apartamentos podem usufruir da visita que requer alguns cuidados antecipados.
Antes de chegar aos braços do seu dono, é preciso ter autorização do médico, além de apresentar laudo veterinário, carteira de vacinação atualizada e nenhuma lesão na pele. A higiene deve estar em dia: banho tomado e escovação, no caso dos cachorros, tem que ser feita nas últimas seis horas antes da visita. É permitida a entrada de cachorros e gatos, que são transportados dentro de suas respectivas caixas. Para facilitar a vida dos pacientes e acompanhantes, o hospital conseguiu uma loja parceira que realiza o trabalho totalmente grátis. Como a visita é diária, o pet também precisa tomar banho todos os dias.
A veterinária Rommy Schneider Nasser é uma entusiasta do projeto. Segundo ela, os animais podem ajudar muito na recuperação dos doentes, porque eles desencadeiam no ser humano um imediato sentimento de compaixão, a certeza de um amor incondicional que os animais têm pela gente. “Os animais conseguem interagir com seu dono na dor, seja ela física ou psíquica”, diz. A importância deste contato, de acordo com Rommy, se deve ao fato de que os animais desencadeiam uma série de emoções nos pacientes para que eles consigam sublimar a dor.
No entanto, de acordo com a veterinária é preciso notar que alguns pets que são mais suscetíveis à modificação de humor, da própria energia do lugar e não ficam muito seguros em outros ambientes com outras pessoas. Mas aqueles que se sentem tranquilos, vão ajudar muito a recuperação do paciente.
O vínculo entre o dono e o animal é importante e benéfico, atesta Rommy. “Quando seu dono se ausenta, principalmente por motivo de doença, isto afeta o bichinho”, destaca a veterinária, ressaltando que devido ao vínculo afetivo que já existe entre eles, a visita proporciona segurança e uma vontade de melhorar, de voltar para a casa e a convivência com aquele ser afetivo que espera por ele.