Rede Solidária muda cenário de vulnerabilidade na periferia da Capital e o roteiro de vida dos assistidos

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A pequena Lara Beatriz, de 10 anos, moradora do Bairro Dom Antônio, disse que aconteceu “um relâmpago” na vida dela em 2016, ano em que passou a frequentar o Rede Solidária, programa do Governo Estadual que atende crianças a partir de 5 anos no chamado “contra turno”, ou seja, depois do horário escolar. O relâmpago (ou insight) na vida de Lara é resultado da inserção e meninas que, como ela, viviam na rua o dia todo, muitas vezes oriundas de famílias com sérios problemas de drogas, além da pobreza explícita. Além do bairro Dom Antônio, o Rede também está instalado no Jardim Noroeste. O programa deu chance a Lara praticar atividades como balé, tocar violão e bateria, e praticar capoeira. Todos os dias ela sai da escola e vai direto para o Rede, onde além de toda a programação, também interage com amigos e instrutores que a acolheram.

Lara Beatriz participa de diversas atividades

Letícia dança Hip Hop e faz capoeira

Assim como Lara, outras 380 crianças estão sendo atendidas neste programa que oferece a prática de atividades esportivas como futebol, karatê, oficinas de percussão, canto e coral,  aulas de informática e ainda faz o maior sucesso com o grupo de dança contemporânea. Composto de 30 dançarinos, o grupo se apresentou recentemente no Festival de Inverno de Bonito e está preparando para se apresentar na Argentina em Setembro. “Imagine o que é uma viagem para uma criança que, na maioria das vezes, nunca saiu do bairro”, explica a coordenadora do Rede Dom Antônio, Maria Cristina Meza de Queiróz.

Maria Cristina conta que projeto mudou vidas

Segundo ela, a chegada do programa no bairro mudou completamente a vida dos moradores. “O programa dá certo porque nós inserimos toda a família”, explica a coordenadora, contando que o Centro trouxe segurança à comunidade. ”Foi um processo de mudança de comportamento”. Afinal, tirar as crianças das ruas e dar oportunidade de aprender e valorizar talentos é algo transformador.

A região onde está instalado o primeiro Rede Solidária Ruth Cardoso, nome que homenageia a ex-primeira dama do País, que inspirou o projeto, era conhecida como lixão, ou “Favela Cidade de Deus”. Moradores viviam do que coletavam na montanha de detritos recolhidos em toda a cidade. Fossem alimentos ou objetivos descartados. A deterioração do lugar e vulnerabilidade das famílias possibilitaram a entrada de drogas, usuários e traficantes, transformando o bairro numa das áreas mais perigosas da cidade. O lixão tomou outro destino, muitos migraram para outras periferias, mas o local não seria o mesmo não fosse as ações assistenciais existentes e o trabalho incansável das equipes. “Trabalhamos com crianças que, muitas vezes, a única refeição do dia é a que oferecemos no Centro”, conta o coordenador adjunto, Rodrigo Barion.

O primeiro Rede Solidária Ruth Cardoso, nome que homenageia a ex-primeira dama do País, foi inaugurado na área conhecida como lixão ou “Favela Cidade de Deus”

A pequena Letícia Ribeiro, de nove anos, conta sem cerimônia que antes de frequentar o Rede Solidária, ficava em casa chorando sem fazer nada. Agora ela pratica violão, capoeira, balé, futebol e hip hop e tem verdadeira paixão pela coordenadora, a quem chama de Cris. Além da diversão, Letícia também gosta muito do lanche que é servido na sede. O cardápio é variado e ainda conta com verduras fresquinhas plantadas – e cuidados – pelos meninos e meninas da Rede, numa linda horta nos fundos da sede.

A salada da criançada atendida no projeto vem da horta cultivada pelos próprios assistidos; muitos tem ali a refeição do dia 

Mas nem só de movimentos e exercícios vive a rotina do lugar. Recém implantado no Dom Barbosa, o projeto “Bombeiros do Amanhã” faz a alegria da meninada que sonha um dia se tornar um profissional. Em parceria com o Corpo de Bombeiros, 40 crianças e adolescentes recebem treinamento físico e aulas de primeiros socorros em oficinas semanais. “Estamos formando novos bombeiros”, diz Rodrigo.

Antes nas ruas, as “peladas” agora são no Rede

Treinamento do “Bombeiros do Amanhã”

Transparência no sistema de repasses

Além do bairro Dom Antônio, o Rede Solidária também está instalado no Jardim Noroeste e atende um total de 850 famílias.  Ambos são locais de vulnerabilidade econômica e social. O Noroeste, por exemplo, é região próxima ao presídio e vários membros da comunidade estão encarcerados. Muitas mães e filhos destes detentos são assistidos pelo programa. “Nosso trabalho é essencial, mas aparece pouco”, reconhece a Secretária de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho, Eliza Cleia. Um dos destaques desta gestão, segundo a secretária foi o aprimoramento da gestão com o cruzamento e aprimoramento dos cadastros. Segundo ela foram criados vários filtros para dar mais transparência. Antes o cadastro era totalmente auto declaratório, agora é feito com o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) que é a porta de entrada para a Rede Socioassistencial, responsável por executar os serviços, programas e projetos sociais desenvolvidos pelos Governos Federal, Estadual e Municipal.

 O chamado cadastro único, serve para apurar a veracidade das informações. “Agora os dados se conversam”, explica, Cleia. Esta medida, segundo ela, evita que o cidadão recebe mais que um benefício – Vale renda (programa estadual) e Bolsa Família (programa federal). “Havia inúmeras duplicidade de programas, por isto fizemos 18 mil desligamentos”, explica, chamando atenção para a economia feita pelo Estado. “O objetivo não é apenas desligar quem tem duplicidade, mas atender as pessoas que não tem programa nenhum”.

Trabalho de coração e referência no País

Secretaria ressalta a oportunidade do aluno vivenciar profissão

Outra grande iniciativa do Governo é o “Vale Universidade” para atender estudantes que passaram no vestibular, fizeram a matrícula, mas não conseguem arcar com os custos da faculdade. Para fazer parte deste projeto é preciso passar pelo processo seletivo anual e pelo critério de renda – tem que estar inscrito no cadastro único. O estudante aprovado recebe ajuda de 70%, do Estado, 20% da Universidade e paga somente 10% do valor do curso. A única contrapartida é estagiar nas entidades que são parcerias do programa. E, claro, não pode reprovar nem ficar de dependência de matéria para continuar recebendo a bolsa. Muitas vezes eles são aproveitados dentro das próprias empresas onde fazem o estágio, conta a Secretária. “Além do benefício, o estudante tem oportunidade de ter vivência do curso que ele escolheu”, diz Cleia, acrescentando que o impacto para o acadêmico e a família é imenso. “Estamos ajudando a desenvolver talentos e criando mão de obra para o Estado”, conclui.

Além destes programas, o Governo do Estado também atua com transferência de recursos via FEAS – Financiamento para assistência social que consta no orçamento anual. O dinheiro é repassado para as prefeituras – com alguns critérios, como número de CRAS existentes – para atender a política de assistência social.  O governo, de acordo com a Secretária, prima pela inclusão das pessoas. Foi isto, segundo ela, que o governador Reinaldo lhe pediu no dia da sua posse. “Ele me disse que queria um olhar diferenciado para o atendimento das famílias, que eu colocasse o coração neste trabalho, porque trata-se de pessoas”, e emenda: o governador deixou claro que não quer que este trabalho seja feito apenas porque está na lei. E o Estado realmente necessita deste trabalho, complexo, cansativo, mas cujo resultado final dá enorme alegria.

Acadêmicos que conquistaram a chance de estudo superior por meio do Vale Universidade

O Governo através da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho atende todos os 79 municípios com repasse de recursos  direto para os Fundos do município para organizações da sociedade civil e entidades que trabalham com abrigamento de idosos, atendimento de criança e adolescente, portadores de necessidades especiais, comunidades terapêuticas. De acordo com a Secretaria, apenas cinco Estados da Federal co-financiam  100% dos programas assistenciais. E Mato Grosso do Sul está entre eles. Em meio a cortes de recursos do governo federal e redução drástica dos repasses para o setor, o governo tem conseguido manter seus programas e ajudando na inclusão de milhares de pessoas. MS é considerado referência em assistência social no Brasil.

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