Marcos perpetuam o que o foi escrito no passado, nos lembram o enredo no presente e garantem que a história ainda viva no futuro
Campo Grande (MS) – Monumentos são criados mundo afora para preservar memórias e marcar acontecimentos. As histórias que eles contam vão desde as civilizações antigas, a exemplo das pirâmides do Egito, até as contemporâneas, como o Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Em Campo Grande, além de indicar aspectos históricos, as construções revelam a cultura, a tradição e a identidade do povo campo-grandense – formadas pelos povos originários do Brasil, os indígenas, e os imigrantes paraguaios, bolivianos, japoneses, sírio-libaneses e europeus.
Arquiteta da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Cláudia la Picirelli de Arruda explica, em linhas gerais, que os monumentos são construídos para “homenagear pessoas importantes e fatos extraordinários”. “Cria-se monumentos para guardar lembranças. Eles têm referência simbólica e importância histórica em nossa sociedade. E fazem uma relação entre espaço e tempo”, ensina.
Na avaliação do governador Reinaldo Azambuja, Campo Grande, que completa 120 anos no próximo dia 26 de agosto, tem esculturas que estão diretamente ligadas a diversidade popular. “Terra de Almir Sater, Aracy Balabanian, Geraldo Espíndola, Glauce Rocha, Lídia Baís, Luan Santana, Munhoz e Mariano, Tetê Espíndola, Ique e tantos outros, Campo Grande tem monumentos e marcos culturais que refletem o talento e a pluralidade da nossa gente”, define o gestor.
“É difícil não se encantar com as esculturas que homenageiam a nossa natureza, os povos indígenas, nossos artistas e nossa identidade. Muita gente não sabe, mas eu nasci em Campo Grande e me emociono toda vez que vejo algumas dessas obras, que têm um inestimável valor artístico e de valorização e preservação da nossa história”, completa.
A história em construções
Obelisco (1933)
Foto: Edemir Rodrigues
Projetado pelo Engenheiro Newton Cavalcante, o Obelisco de Campo Grande foi erguido em homenagem aos fundadores da cidade. A construção possui um medalhão com a efígie do fundador José Antônio Pereira. É tombado como patrimônio histórico do município. Localização: Avenida Afonso Pena com a Rua José Antônio.
Monumento das Araras (1964)
Foto: Edemir Rodrigues
Criado pelo artista plástico Cleir Ávila, o Monumento das Araras fica na Praça União, mais conhecida como Praça das Araras. A obra de arte objetiva despertar o interesse da sociedade para a preservação das espécies e da natureza. Localização: entre as ruas João Rosa Pires e Terenos.
Busto José Antônio Pereira (1972)
Foto: Saul Schramm
Encomendado pela colônia libanesa, o busto é homenagem ao fundador de Campo Grande, José Antônio Pereira. Localização: cruzamento das avenidas Afonso Pena e Calógeras.
Monumento da Imigração Japonesa (1979)
Foto: Saul Schramm
A obra de Choji Oykawa reproduz a maquete de uma típica casa japonesa. Foi construída em homenagem aos 70 anos da imigração dos japoneses em Campo Grande. Localização: o Monumento da Imigração Japonesa está fixado na Praça da República, popularmente conhecida como Praça do Rádio Clube.
Zarabatana (1993)
Foto: Edemir Rodrigues
Com aproximadamente 12 metros de altura, o Monumento à Zarabatana (lança dardos) possui formato de tubo e homenageia as culturas indígenas de Mato Grosso do Sul. A construção foi feita em forma tridimensional, com tijolos com características medievais. Também é conhecido como Monumento ao Índio. O autor do projeto é o arquiteto Roberto Montezuma. Localização: Parque das Nações Indígenas, nos altos da Avenida Afonso Pena.
Cabeça de Boi (1995)
Foto: Saul Schramm
O Monumento da Cabeça de Boi foi idealizado em ferro e aço inoxidável pelo artista plástico Humberto Espíndola e no bairro Amambai – o mais antigo da cidade. A obra faz referência à história antiga, já que no local um açougueiro fixou a ossada do crânio de um boi para orientar trabalhadores e viajantes que passam pela região. Localização: Praça Cuiabá, Avenida Duque de Caxias.
Estátua do Preto Velho (1995)
Foto: Saul Schramm
Monumento religioso, a Estátua do Preto Velho faz homenagem a cultura ameríndia, mais conhecida como umbandista – formada por religião, danças e folclore. Localização: Praça do Preto Velho, no entroncamento da Avenida Noroeste (também conhecida como Avenida Fábio Zahran) com a Rua Senador Ponce, na Vila Progresso.
Carro de Boi (1996)
Foto: Saul Schramm
O ponto onde a cidade surgiu, na confluência dos córregos Prosa e Segrego, abriga o Monumento aos Pioneiros. Popularmente conhecimento como Carro de Boi, o painel que registra o início da ocupação urbana de Campo Grande, foi projetado pelas artistas plásticas Neide Ono e Marisa Oshiro Tibana. Localização: cruzamento das avenidas Fernando Corrêa da Costa e Ernesto Geisel.
Relógio Central (2000)
Foto: Edemir Rodrigues
Conhecido como Relógio da 14, o monumento do Relógio Central Renato Barbosa Rezende foi construído pelo Rotary Clube no cruzamento das avenidas Afonso Pena e Calógeras e é uma réplica do antigo relógio da Rua 14 de Julho – inaugurado em 1933, na esquina da Avenida Afonso Pena com a Rua 14 de Julho. O antigo monumento, demolido em nome do progresso em 1970, era ponto de referência de encontros políticos, desfiles cívicos, passeatas e manifestações culturais.
O atual Relógio é uma cópia idêntica do original, em alvenaria e com cinco metros de altura.
Tuiuiús do Aeroporto (2000)
Foto: Saul Schramm
Popularmente conhecido como Tuiuiús do Aeroporto, o Monumento Pantanal Sul é de autoria do artista plástico Cleir Ávila. A obra revela três aves da espécie típica do Pantanal em referência à aviação. Os animais estão em posição de pouso, decolagem e abastecimento. Localização: Aeroporto Internacional de Campo Grande.
Monumento aos Cavaleiros Guaicurus (2004)
Foto: Edemir Rodrigues
A obra que homenageia os índios guerreiros da etnia Guaicurus. A construção de sete metros de altura 900 quilos mostra um indígena montado a cavalo. Os nativos foram os primeiros da América do Sul a domarem os cavalos, trazidos pelos espanhóis. Em Mato Grosso do Sul, os remanescentes mais próximos dos Guaicurus são os índios Kadiwéus. A estátua foi construída em armação de ferro e é revestida com uma mistura de resina e pó de mármore. A autoria é do escultor Anor Pereira Mendes. Localização: Parque das Nações Indígenas, nos altos da Avenida Afonso Pena.
Monumento do Sobá (2009)
Foto: Saul Schramm
Mais uma obra de arte concebida pelo artista plástico Cleir Ávila. Popularmente conhecido como Sobá Gigante, o Monumento do Sobá tem quatro metros e meio de altura e homenageia a colônia japonesa e a sua culinária, que virou marca registrada em Campo Grande. Hoje, o prato de macarrão que mistura a tradição japonesa com a criatividade do povo campo-grandense é comida típica da cidade e se tornou patrimônio cultural imaterial. Localização: Feira Central, nos altos da Rua 14 de Julho.
Índia Terena (2012)
Foto: Saul Schramm
A escultura da Índia Terena homenageia a mulher indígena, o trabalho do cultivo e a produção artesanal. Foi construída pelo artista plástico Anor Pereira Mendes e possui três metros de altura. Localização: Mercadão Municipal de Campo Grande, na Rua Sete de Setembro, Centro.
Guampa de Tereré (2014)
Foto: Saul Schramm
Feita em armação de ferro, com resina de poliéster e areia, o Monumento Guampa de Tereré possui 300 quilos e seis metros de altura. Foi confeccionado pelo artista plástico Anor Pereira Mendes em homenagem as tradições sul-mato-grossenses. Localização: Orla do Aeroporto Internacional de Campo Grande, na Avenida Duque de Caxias.
Estátua Manoel de Barros (2017)
Foto: Saul Schramm
Com 1,38 metro de altura por 1,60 metro de largura, a escultura de bronze do poeta Manoel de Barros permite a interação com o público. Concebida pelo artista plástico Ique Woitschach, a estátua fica embaixo de uma figueira centenária e faz alusão ao desejo do artista, que queria virar árvore depois que morresse. Localização: Avenida Afonso Pena, entre as ruas Rua Barbosa e Pedro Celestino.
Maria Fumaça (2018)
Foto: Saul Schramm
Em homenagem a antiga estrada de ferro Noroeste do Brasil (NOB), o Monumento da Maria Fumaça possui cinco metros de altura por 20 de comprimento – pensando 20 toneladas. A obra fica suspensa em um balanço, com impressão de levantar voo. Inaugurada na era da tecnologia, a Maria Fumaça possui um QRCode com um texto informativo, produzido pelo professor Paulo Cabral, do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul. Localização: cruzamento das avenidas Mato Grosso e Calógeras.
Novo Relógio (2019)
Foto: Edemir Rodrigues
Segundo monumento que relembra o antigo Relógio da Rua 14 de Julho – inaugurado em 1933 e demolido em 1970. A escultura do Novo Relógio da 14 é feita em perfis metálicos, sendo totalmente vazada. O projeto é dos arquitetos César da Silva Fernandes e Inácio Salvador, responsáveis pela remodelação da Rua 14 de Julho.
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