A finalização da operação de compra da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 (UFN3) da Petrobrás, localizada no município de Três Lagoas, pela companhia russa Acron abre novas perspectivas de investimento e diversificação econômica para Mato Grosso do Sul.
Essa é a avaliação do secretário Jaime Verruck, da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), após acompanhar o governador Reinaldo Azambuja na reunião com representantes da Acron e da Petrobras, realizada na última quinta-feira (18), na qual foi apresentado o cronograma para a conclusão da negociação entre as duas empresas, bem como as condições necessárias para a retomada das obras e a previsão de início das operações da fábrica de fertilizantes. O conglomerado russo vai investir U$ 1 bilhão na aquisição da UFN-3 em Três Lagoas.
“Até o final de agosto deve ser assinado um pré-contrato de compra da UFN3 pela Acron. O processo de negociação entre a companhia russa e a Petrobras, no entanto, só deve ser finalizado em setembro. Após a conclusão dessa etapa, as obras serão retomadas em 2020. De acordo com o cronograma da Acron, a fábrica entra em operação em 2023. Para que tudo isso aconteça de fato, tivemos de readequar e redimensionar os benefícios fiscais e demais autorizações que haviam sido concedidos à Petrobras, no âmbito do Governo do Estado e também da prefeitura de Três Lagoas, para concedê-los à Acron, atendendo as solicitações e cronogramas apresentados pela empresa russa”, lembrou o secretário Jaime Verruck.
De acordo com o titular da Semagro, “além das questões de negociação com a Petrobras, também já nos foram dadas informações relevantes que nos apontam novas perspectivas de investimento e diversificação econômica para Mato Grosso do Sul. A Acron já selou um pré-acordo de fornecimento de gás natural com YPFB, da Bolívia, o que é fundamental para a economia do Estado, em termos de arrecadação. A estatal boliviana deverá ter participação acionária na UFN3 e os russos já anunciaram a instalação de uma comercializadora de ureia, em Campo Grande”.
Ambiente favorável para investimento
Mesmo sem a conclusão da compra da UFN3, a fluidez nas negociações entre a Acron e a Petrobras, juntamente com as ações do Governo do Estado para a viabilização do empreendimento, tem chamado a atenção de investidores interessados em Mato Grosso do Sul. “Já existe uma indústria em contato com o governo, em função da instalação da Acron no Estado. É algo em estágio embrionário ainda, mas cujo interesse decorre do ambiente favorável de investimento que temos trabalhado para oferecer e cuja viabilidade está condicionada à conclusão da UFN3”, finalizou Jaime Verruck.
Na sexta-feira (19), a equipe da Semagro participou de nova reunião na Sefaz (Secretaria de Fazenda) com os executivos da Acron para apresentar as linhas de financiamento voltadas a investimentos no Estado, como o FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste) e FDCO (Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste), juntamente com representantes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
Participaram a coordenadora de Incentivos Fiscais e Financiamentos da Semagro, Eli Sandra Francisco; os representantes da Acron, Igor Kuznets, Alexander Dynkin e Evgenia Teterina; Pedro Pena, do Banco Crédit Agricole Brasil; Renato Antunes Estrada, do Banco do Brasil e os representantes do escritório Pinheiro Neto Advogados, Felipe Bernadelli e Raphael Paciello.
Sobre a UFN3 e a Acron
A planta de fertilizantes nitrogenados tem capacidade de produção de 70 mil toneladas/ano de amônia e 1.223 mil toneladas/ano de ureia granulada. O complexo é composto por unidade de geração de hidrogênio, unidade de produção de amônia, unidade de produção de areia, de granulação, utilidades, áreas de estocagem e expedição. A gestão estadual estima que o complexo vai gerar mil empregos diretos e aproximadamente 10 mil postos de trabalho indiretos.
A Acron é uma das principais produtoras russas e mundiais de fertilizantes minerais, com um portfólio diversificado de produtos composto por fertilizantes com múltiplos nutrientes, como NPK e misturas a granel, bem como produtos diretos à base de nitrogênio, como uréia, nitrato de amônio e UAN. O Grupo também produz produtos de síntese orgânica, incluindo metanol, formaldeído e UFR, e produtos de síntese inorgânicos, como nitrato de amônia de baixa densidade, dióxido de carbono e carbonato de cálcio.
O NPK, uma mistura de três nutrientes primários – nitrogênio, fósforo e potássio – foi responsável por aproximadamente 50% das vendas de fertilizantes da empresa em 2007 em volume. O grupo é o terceiro maior produtor de fertilizantes com foco em nitrogênio na Rússia e o quarto maior da Europa. Além disso, a Companhia produz aproximadamente 1% da produção total de fertilizantes de nitrogênio e fosfato no mundo e 13% dessa produção na Rússia.
Atualmente o Acron Group opera em seis países. Em 2017, vendeu seus produtos para 65 países. Os principais mercados de vendas do Grupo são Rússia, Brasil, Europa e Estados Unidos. A empresa é membro da Associação Internacional da Indústria de Fertilizantes, reunindo mais de 450 produtores de 80 países.