“Ensaio Sobre a Lua” encerra curta temporada na Capital com sucesso de público

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Em cartaz por quatro noites, 240 pessoas passaram pela sede do Circo do Mato, para prestigiar o espetáculo, dirigido por Jair Damasceno

Em mais uma noite de casa lotada, o espetáculo “Ensaio Sobre a Lua” foi sucesso, arrancando aplausos de pé do público que, no domingo (21), esteve na sede do Circo do Mato, em Campo Grande, para conferir a última apresentação do mais recente trabalho em teatro do Núcleo Artístico Jair Damasceno.

De curtíssima temporada, com quatro noites em cartaz, a arquibanca esteve sempre no limite máximo de sua capacidade, 60 pessoas. “Foi fantástico é uma linha diferente da linha do que eu faço. Aqui, fizemos o uso do metateatro, quebramos a quarta parede o que nos permitiu uma interação com o público. Muita gente que veio aqui já acompanha meu trabalho e busquei fazer um trabalho muito diferente do que eu estou acostumado a fazer. Busquei fazer uma desconstrução, trazer algo que pudesse até tirar da ótica que muito chamam isso é ‘Damascênico’[nomenclatura para definir sua arte] que eles já falam hoje”, disse o diretor Jair Damasceno.

Nos 60 minutos de espetáculo, o ator e diretor Jair Damasceno, ao lado dos atores Yan Gabriel e Nathália Andrade, e do músico Ewerton Goulart, quebraram a “quarta parede”, mesmo com uma parede artificial criada com a instalação de uma tela separando completamente público/atores. A peça contou com o recurso do Fomteatro 2018 – Programa de Fomento ao Teatro, oriundo da Prefeitura de Campo Grande por meio da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo).

Na cena, a Lua como protagonista, o metateatro como linguagem principal e o resultado, um público sentindo as mais diferentes reações como foi o caso do ator Samir Henrique. “As primeiras impressões que tive do espetáculo foram de repulsa. Alguns elementos incomodam a princípio. Obviamente, entendemos o sentido posteriormente. Algo que me impressionou bastante é a forma como o ‘ensaio’ vai sendo apresentado. Envolvendo o espectador a ponto de acreditar, em alguns momentos, que os atores não estavam apresentando e sim ensaiando”.

Outro ponto alto da peça ficou por conta da música ao vivo com saxofone e hang drum aliada a pouca iluminação, com uso de lanternas de LED, causando um efeito quase que “às cegas” em que o público teve que se valer muito da sensibilidade para perceber nuances da trama dentro do jogo de luzes, sombras. “Saio daqui sem ter uma concepção exata, nem queria falar sobre, mas, posso dizer que estou impactada. Já estive nos palcos dirigida pelo Jair, reviver tudo isso foi emocionante, preciso processar ainda”, afirmou a atriz, Aline Calixto, com os olhos marejados. Ela que no ano de 2008, foi protagonista do espetáculo “Calaboca! e grita”.

Tantos elementos cênicos diante dos olhos da escritora de literatura infantil, Sandra Andrade, aguçaram a sua necessidade criatividade. “Vou fazer um poema inspirado no ‘Ensaio Sobre a Lua’, imaginei que veria um espetáculo com muita luz e me deparei exatamente com o oposto. Porém, mesmo assim vi uma imensidão de luz naquele escuro todo, algo além das LEDs. Você sente que de um assunto, noite e lua, que poderia ser tão sombrio, em um primeiro momento, há tanta poesia”, afirmou a poetisa que ainda confidenciou “Não consegui tirar foto, de tanto que gostei, fiquei presa ali no momento, agora, a peça vai render um poema”, confidenciou sorrindo.

“Jair consegue retratar o teatro como ninguém. Vou para casa com a vontade de pesquisar todas as obras. A peça pra mim funcionou como um leque que abre de obras, muitas das quais não conhecia. É um trabalho que sem pedantismo consegue ser didático e teatral ao mesmo tempo. Já tinha visto ‘Calaboca e grita’, do Jair, e com isso eu vejo a riqueza de diferenças entre as peças e a pensar sobre o teatro de um outro viés”, avaliou o professor de História, Luís Felipe Granja.

Ao final, Jair Damasceno declarou a sensação de dever cumprido e, em forma, de reverenciamento ao seu ofício, teatro, dedicou o espetáculo a todos os atores e profissionais com quem ele teve a honra de trabalhar. “Reverencio todos os atores aqui. Na peça, há compilações de textos meus, de autores de renome e dos atores em cena [Yan e Nathália]. Não tenho humildade de ousar e sou grato a todos que contribuíram com a minha trajetória artística”, finalizou Jair que, no Mato Grosso do Sul, já tem mais de quatro décadas dedicada à arte.

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