Relógio histórico volta para 14 de julho

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Monumento resgata história econômica e social de Campo Grande

A Rua 14 de Julho recebeu nessa segunda-feira (10) o monumento em alusão  ao relógio que marcou a vida cultural e a história econômica e social de Campo Grande. Ele foi instalado justamente onde o original ficou por muitos anos, no coração de Campo Grande, no cruzamento da Rua 14 de Julho e Afonso Pena. Isso foi possível porque durante as escavações das obras de requalificação da Rua 14 de Julho, operários encontraram a base original do relógio, um marco do desenvolvimento da capital de Mato Grosso do Sul.

Na análise do historiador Eronildo Barbosa, o antigo relógio da Rua 14 de Julho tem uma importância imensa para a história econômica e social de Campo Grande. Desde a sua instalação, no ano de 1933, se transformou em um símbolo do progresso e do processo de urbanização que Campo Grande vivenciava.

“Ele foi testemunho por quase três décadas de muitos carnavais, comícios políticos, footings, shows e namoros. A vida cultural da Cidade Morena circulava em torno do relógio. Era um ponto de encontro importante e sagrado. Tanto que, em outro formato, está voltando para o lugar que não deveria ter saído”, avaliou.

Em 1970, o relógio foi demolido. Em junho do ano 2000, foi inaugurada uma cópia em alvenaria, entre a Avenida Afonso Pena e a Calógeras. Setores organizados da sociedade tomaram a iniciativa de reconstruir o relógio e, visando a perpetuação do mesmo, ele foi totalmente construído em concreto armado, sendo concluído poucos dias antes da celebração dos 100 anos da cidade.

O monumento

A dupla de arquitetos e urbanistas César da Silva Fernandes, o Caju, e Inácio Salvador, da CIA (Conceitos Inteligentes em Arquitetura), responsável pelo projeto de requalificação da Rua 14 de Julho, fez questão de inserir o monumento ao relógio na composição da obra e apresentou a proposta de projetar uma escultura alusiva.

“Quando estávamos projetando a nova 14 de julho, com as mudanças estruturais no sistema viário, pensamos na possibilidade de marcar o local de onde o relógio nunca deveria ter saído. Mas não se justificaria propor uma nova réplica, visto que o mesma já se encontrava reconstruída a uma quadra dali. Foi então que nos veio a ideia de projetar esta escultura, reproduzida em tamanho real, evidentemente sem o maquinário, e o mostrador propriamente dito”, conta Caju.

Projetada com perfis metálicos que reproduzem todos os detalhes do relógio original, a escultura é totalmente vazada, visualmente leve, mas ao mesmo tempo forte em seu simbolismo. “Agora ainda mais, depois da descoberta nas escavações de um verdadeiro tesouro, as fundações do relógio original. Estas fundações foram utilizadas para a sustentação desta nova estrutura, criando um vínculo definitivo com passado e com a história de nossa cidade”, finaliza o arquiteto e urbanista.

Eronildo avalia que a instalação de uma escultura lembrando o antigo relógio, exatamente no ponto em que ele foi construído, representa, sem dúvida, o resgate de parte importante da história do Centro Antigo de Campo Grande.

“Essa obra tem um peso relevante para que as novas gerações conheçam o papel cultural que cumpriu esse relógio. Campo Grande é uma cidade nova e tem todas as condições de manter parte da sua arquitetura preservada. Que outros edifícios, logradouros e obras de arte na cidade recebam o carinho e o cuidado por parte da sociedade civil e da sociedade política de Campo Grande”, finalizou.

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