No mês comemorativo à imigração japonesa no Brasil, o Museu da Imagem e do Som realiza, no período de 4 a 7 de junho, uma mostra de filmes japoneses, contemplando os gêneros drama, guerra e épico. As exibições acontecem sempre às 19 horas, com entrada franca. A curadoria é do engenheiro, cinéfilo e pesquisador do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul (IHGMS), Celso Higa.
Celso Higa explica que o cinema japonês é bem diferente do ocidental, embora alguns diretores tenham influência de Hollywood. Ele cita Kenji Mizoguchi, Yasujiro Ozu e Akira Kurosawa como os três diretores mais conhecidos. “O Mizoguchi gostava do Murnau e do John Ford. Ele utilizava planos longos e tomadas de cena acompanhando os atores. Todas essas cenas misturadas também com o lado oriental. Esta forma de fazer cinema começou a influenciar outros diretores e cineastas japoneses. O Ozu, por exemplo, ensaiava os atores para ver como eles se enquadravam na câmera, que era fixa. Os filmes de samurai eram os faroestes japoneses”.
Celso diz que o cinema japonês começou a fazer sucesso na década de 1950 graças ao filme Rashomon, de 1951, do Kurosawa. Depois, outros cineastas japoneses começaram a ganhar espaço no ocidente. Sobre sua paixão pelo cinema japonês e pelo cinema em geral, ele diz que surgiu ainda na infância. “Eu tinha um tio que tinha um bazar perto do Colégio Dom Bosco. Ele vendia revistas japonesas. Eu ia muito nessa loja para folhear as revistas, ver os mangás, fotos de filmes. Eu não sabia ler os candis, mas via as figuras. Tinha gibis, revistas sobre cinema. Fui juntando essas experiências que fazem você gostar de filmes. E com o advento da internet, ficou mais fácil buscar informações. Os meus preferidos são os filmes antigos de faroeste porque trazem a nostalgia, que traz o passado que perdemos”.
Para a Mostra, Celso selecionou filmes premiados no exterior, contemplando vários gêneros cinematográficos. “Harakiri” (Sepukku), dirigido por Masaki Kobayashi, foi premiado pelo júri no Festival de Cannes em 1963, e é considerado por muitos críticos como um dos melhores filmes japoneses. Mais moderno, “Explendor” (Hikari), de 2017, aborda a temática da inclusão social para deficientes visuais. “A harpa da Birmânia” (Biruma no tategoto), de 1956, todo em preto e branco, é uma história sobre soldados no fim da Segunda Guerra Mundial. Encerra a mostra o filme representante do Japão ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2018, “Amor que aquece” (Yu wo wakasu hodo no atsui ai), drama comovente de uma mulher com uma doença terminal que organiza suas pendências para um descanso em paz.
Confira abaixo as sinopses dos filmes:
Dia 04, terça-feira, às 19 horas
Harakiri (Seppuku) – 1962 – 133 min. – P/B – Direção: Masaki Kobayashi
Sinopse: No século XVII, o Japão não está mais em guerra. Hanshiro Tsugumo, um samurai sem senhor (ronin), bate à porta do poderoso Clã Iyi. Recebido pelo conselheiro Kageyu Saito, Tsugumo, pede-lhe permissão para cometer um suicídio (seppuku), com o ritual no átrio, pátio central da mansão. É o começo de uma história surpreendente narrada por meio de flashbacks. Considerado por muitos críticos de cinema como um dos maiores filmes japoneses. Premiação: Premio Especial do Júri no Festival de Cannes – 1963
Produção: Shochiku; roteiro: Shinobu Hashimoto; no elenco: Tatsuya Nakadai, Rentaro Mikuni e Tetsuro Tamba
Dia 05, quarta-feira, às 19 horas
Esplendor (Hikari) – 2017– 101 min. – Direção: Naomi Kawase
Sinopse: A produção de um filme sobre um casal de idosos, específico para deficientes visuais, conta com apoio de um grupo de cegos e outros profissionais, como a jovem escritora Misako, responsável pelo áudio descrição e Nakamori, fotógrafo veterano que está perdendo a visão por doença degenerativa. As reuniões do grupo apresentam propostas aproveitadas nas imagens cinematográficas criadas, proporcionando aos deficientes visualizarem um mundo radiante, antes inacessível a eles. Premiação: Vencedor do Prêmio Ecumênico no Festival de Cannes – 2018
Produção: Kino Filmes e Comme des Cinema; rRoteiro: Naomi Kawase; no elenco: Masatoshi Nagase, Ayame Misaki, Tatsuya Fuji e Kasuko Shirakawa
Dia 06, quinta-feira, às 19 horas
A harpa da Birmânia (Biruma no tategoto) – 1956 – 116 min. P/B – Direção: Kon Ichikawa
Sinopse: Com o fim da Segunda Guerra Mundial, alguns japoneses não acreditaram que o país deles perdeu e continuaram a lutar mesmo depois do cessar-fogo. Assim, uma tropa, liderada por um capitão apaixonado por música que ensinou seus comandados a cantar, entrega as armas para os ingleses já quase na fronteira com a Tailândia, depois de terem notícias do fim da guerra. A um dos soldados, o harpista, é delegado uma tarefa inglória – subir até uma montanha nas redondezas e convencer os demais soldados a abandonarem os postos e se entregarem. Premiação: Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro – 1957
Produção: Nikkatsu Corp; roteiro: Natto Wada; no elenco: Rentaro Mikuni, Shoji Yasui, Jun Hamamura e Taketoshi Naito
Dia 07, sexta-feira, às 19 horas
Amor que aquece (Yu wo wakasu hodo no atsui ai) – 2017 – 125 min. – Direção: Ryota Nakano
Sinopse: Futaba Sachino, proprietária de uma casa de banhos, é diagnosticada com um câncer terminal restando-lhe pouco tempo de vida. Para um descanso em paz, organiza suas pendências, que envolvem etapas difíceis, como garantir a independência da filha pressionada por bullying e encontrar o marido desaparecido para continuidade dos negócios na casa de banho. Drama comovente, que merecia melhor sorte na sua trajetória cinematográfica comercial. Premiação: Representante do Japão ao Oscar de melhor filme estrangeiro – 2018
Produção: Toei; roteiro: Ryota Nakano; no elenco: Rie Miyazawa, Hana Sugisaki, Tori Matsuzaka e Joe Odagiri
Serviço: O Museu da Imagem e do Som fica no 3º andar do Memorial da Cultura, na avenida Fernando Correa da Costa, 559. Telefone: (67) 3316-9178.
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