Performances sobre ditadura e feminino marcam fim de semana do IPêrformático

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Após 11 dias, festival será encerrado hoje com a performance “Por Quê Ele Vive Posso Crer no Amanhã?”, no Sarau de segunda

Desde o dia 5 de abril Campo Grande recebe o festival “IPêrformático – Capítulo II – E Se Não Houver Luz no Fim do Túnel?”. Neste fim de semana teve performances na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), com o artista Thiago Silva Moraes, na Galeria de Vidro, com a artista Estela Lapponi e no Marco, com a artista Patricia Saravy. Hoje (15) é o último dia do evento que encerra com a performance “Por Quê Ele Vive Posso Crer no Amanhã?”, no Sarau de Segunda, a partir das 20h.

Toda a programação é gratuita e o festival conta com recurso do FMIC (Fundo Municipal de Investimentos Culturais), oriundo da Prefeitura Municipal de Campo Grande, através da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo).

Na sexta-feira (12), o artista Thiago Silva Moraes apresentou a aula-performance “Bem-Vindo à Aula Vlad”, na UEMS. Durante a performance o artista, que estava vestido de militar drag queen, falou de forma didática sobre os motivos que levaram o país a viver uma ditadura militar, além de falar sobre métodos de tortura e assassinato que os militares utilizavam contra quem eram contra seus ideais. Cerca de 20 pessoas assistiram a aula-performance.

Na tarde de sábado (13), foi exibido no MIS (Museu da Imagem e do Som) o curta-metragem Profanação, da artista Estela Lapponi. O filme mostra cinco artistas, uma pessoa surda, duas pessoas com baixa visão, uma pessoa cadeirante e outra claudicante, se deparando com uma série de perguntas envolta em diversos potes vazios. Essas perguntas foram enviadas pelo público, revelando todo um imaginário em torno de seus corpos.

Após o filme, começou o debate “Acessibilidade E O Corpo Intruso”, em que estavam a diretora do filme, a educadora física Bruna Saravy e a professora Nelly Stéfani. Elas falaram sobre a inserção dos recursos de acessibilidade do corpo com deficiência. “Este é um debate muito amplo, devemos fazer com que ele sempre esteja presente na sociedade”, afirmou Estela Lapponi.

“Eu gostei muito, tanto do filme, quanto do debate. Temos que dar mais espaço de fala e ação para pessoas que possuem algum tipo de deficiência no corpo, seja na arte, no mercado de trabalho e na sociedade como um todo”, frisou Myla Barbosa, que trabalhou durante alguns anos com teatro para pessoas cegas.

No mesmo dia, à noite, Estela se apresentou com a performance B.U.N.I.T.A., na Galeria de Vidro. Um vídeo passava ao fundo, somente com bocas de mulheres falando o que achavam de sua genitália. Enquanto o vídeo rolava, a artista, vestida com um jaleco branco, touca e máscara, ia picando uma peça inteira de carne que estava pendurada em um gancho de açougue.

“Foi algo bastante intenso. Acho que ela quis mostrar sobre a violência doméstica sofrida pelas mulheres”, refletiu o estudante Lucas Rosso. Já a engenheira eletricista Lenise de Arruda acredita que a performance falava também sobre a violência que as mulheres sofrem durante o parto. “Remeti a isso, porque muitas de nós acaba sendo violentada quando damos a luz, acabam mutilando o nosso corpo”, pontuou.

No domingo (14), foi a vez da artista Patricia Saravy iniciar a noite com a performance Exodus Perto da Flor. Durante a apresentação a artista conta três histórias, cada uma sobre uma mulher e fala sobre violências sofridas por elas. “Fiquei muito tocada com o que ela foi falando, com as personagens, que muitas vezes pode ser algo real”, enumera a estudante Pamela Rani.

Depois, a artista, a professora Mara Rojas e as atrizes Ariela Barreto, Estefânia Martins e Fran Corona participaram do debate “Meu Corpo Não é Público”, onde elas contaram um pouco de sua história e falaram sobre o assédio que sofrem diariamente com homens que não respeitam sua autonomia. “Me identifiquei muito com o que elas disseram, passamos por isso diariamente e por isso temos que discutir este assunto. É algo muito atual”, afirmou a atriz Amanda Dim.

Hoje (15), a partir das 20h será o encerramento do festival com a performance “Por Quê Ele Vive Posso Crer no Amanhã?”, no Sarau de Segunda, que acontece na Praça dos Imigrantes, localizada na rua 26 de Agosto, esquina com a rua Rui Barbosa. A apresentação é gratuita.