Projeto de escola usa esportes radicais para inclusão social

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Praticar trilhas em morros, fazer escaladas ou até mesmo rapel são atividades que podem parecer impraticáveis para alunos com algum tipo de deficiência física ou intelectual, mas não para os professores de Educação Física Whasington Pagane e Gilberto Gomes, que apostaram na capacidade de superar limites desses alunos e criaram o projeto Inclusão Radical. A iniciativa busca fomentar o esporte de aventura e as práticas corporais não convencionais previstas na base nacional curricular comum, como mecanismo de inclusão social no ambiente escolar.

Inclusão Fauze_1

Os dois profissionais da Rede Municipal de Ensino (Reme) atuam na escola municipal Fauzze Scaf Gattass Filho e organizaram, no último sábado (16), uma ação onde os alunos puderam explorar o slackline, esporte de equilíbrio (praticado sobre uma fita elástica esticada entre dois pontos fixos), que permite ao praticante andar por cima da fita. A atividade contou com a participação de pelo menos 30 alunos da escola, mas também atraiu irmãos, primos, amigos e a comunidade  vizinha à escola.

Além do slackline, os professores montaram uma pista sensorial com diversos tipos de elementos táteis. A maioria dos alunos presentes na ação tem autismo ou algum tipo de deficiência física. Mesmo sem expressarem verbalmente a emoção de sentirem-se incluídos, a felicidade no rosto de cada um dele mostrava a importância do momento para toda a família.

Era o que demonstrava Margarida Ocampos, avó do pequeno Luan Vitor, de cinco anos, estudante do 1º ano do ensino fundamental da escola. Ela conta que as atividades propostas pela escola têm contribuído com a socialização do neto. “Nós sempre estimulamos a participação dele e é uma satisfação vê-lo interagindo com as demais crianças. Antes a família nem sabia como lidar com o Luan e agora tudo ficou mais fácil”, disse.

Inclusão Fauze_2

Feliz também estava o casal Joana Paula de Araújo Calcanhoto e Diego de Freitas Almeida, que acompanhavam a filha Ana Lívia, que nasceu com má formação nas mãos. “Ela nem estava querendo vir porque é muito tímida, mas nós incentivamos porque a participação das famílias e comunidade é fundamental nesse desenvolvimento. As crianças ficam à vontade e veem que também são importantes”, afirmou a mãe da aluna.

Benefícios

Além de construir uma cultura de inclusão social, favorecendo uma educação igualitária e promover a autoestima do aluno, o projeto Inclusão Radical  estimula habilidades inerentes das práticas dos esportes de aventura; aprendizagens motoras, cognitivas e sociais. Emocionado, o professor Washington Pagane não escondia a alegria de ver a superação dos alunos participando do slackline. “Queremos ressignificar o espaço escolar, com as adequações necessárias para que o aluno com deficiência possa vivenciar experiências diversas nos esportes de aventura e esportes radicais, favorecendo a aprendizagem”, explicou.

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O equilíbrio e a autoconfiança proporcionados pelo esporte estão mudando a vida também do aluno Matheus Duarte Lopes, de 14 anos, que após se envolver em um acidente com caminhão, perdeu o movimento das pernas e a fala, mas não a capacidade de fantasiar. E foi usando a imaginação que ele percorreu toda a extensão da fita, sentado em uma cadeira de rapel e com o auxílio dos professores, que narravam para Matheus, um cenário de aventura, onde ele era um explorador de cavernas. A emoção de Matheus era evidente quando ele fechava os olhos e sorria enquanto os professores estimulavam sua imaginação com a narrativa.

O projeto prevê, ao longo do ano, outras ações como trilhas de aventura, semelhante à realizada ano passado no Morro do Ernesto e o rapel . Para estruturar essas ações, os professores preparam cadeiras adaptadas para os alunos com maior comprometimento físico, o que os ajuda a transpor as barreiras físicas.

O coordenador da Coordenadoria de Apoio à Pessoa com Deficiência, David Marques ressaltou o empenho da gestão municipal em estimular a inclusão social através de diversos tipos de ações. “É uma das principais preocupações do prefeito Marquinhos Trad, por isso estamos aqui para contribuir com a expansão de projetos dessa natureza”, pontuou.

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A diretora da escola, Tânia Vital, disse que a ideia do projeto partiu do fato de a unidade contar com um número expressivo de alunos com deficiência. “Temos espaço e uma boa estrutura, por isso queremos que aqui seja um polo onde alunos de outras unidades também venham participar das ações”, concluiu.

O evento ainda contou com a presença do presidente da Federação de Slackline do Estado, Juliano Maggio, que fez uma demonstração do esporte, técnicos da Semed (Secrearia Municipal de Educação) e da presidente nacional do Pro d Tea (Associação de Pais e Responsáveis Organizados pelos direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista), Carol Espínola.

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